DESAFIOS OU FRAGILIDADES? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DE UMA ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAL NA GARANTIA DE DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Publicado em 09/03/2023 - ISBN: 978-65-85308-00-7

Título do Trabalho
DESAFIOS OU FRAGILIDADES? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DE UMA ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAL NA GARANTIA DE DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autores
  • Hellen Bessa de Oliveira
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Violação dos direitos de crianças e adolescentes
Data de Publicação
09/03/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/prodeca2022/580805-desafios-ou-fragilidades-um-relato-de-experiencia-do-trabalho-do-servico-social-no-ambito-de-uma-organizacoes-in
ISBN
978-65-85308-00-7
Palavras-Chave
Serviço Social; Criança e Adolescente; Migrante, organizações humanitárias internacionais.
Resumo
Apresentação O resumo tem como proposta relatar a experiência de uma assistente social no âmbito da Organização Internacional Médicos Sem Fronteiras, durante o período de agosto de 2018 à janeiro de 2021, enfatizando as funções laborais do Serviço Social, no enfrentamento de violações de direitos da criança e o adolescente. Desenvolvimento O Serviço Social no projeto da Organização Internacional Médicos Sem Fronteiras -MSF, iniciou suas atividades em agosto de 2018 contando apenas com 01 assistente social, 04 psicólogos e 04 promotores de saúde. A proposta inicial do projeto Roraima, teve como pretensão o desenvolvimento de um trabalho de acolhimento emergencial na área psicológica e assistência social, que seria experimentada pelo período de 3 meses, com possibilidade de prorrogação caso fosse percebida a necessidade, contando com o apoio dos promotores de saúde para a promoção de ações de prevenção as questões que afetam a saúde da população migrante. O projeto não estava submetido a operação Acolhida, pois a Organização MSF tem como característica a neutralidade, sem ligação política, que visa atendimento as pessoas afetadas por graves crises humanitárias em mais de 70 países. Durante os 3 primeiros meses de projeto o Assistente Social se deparou com duas questões bastante expressiva: a primeira era a submissão a uma chefia imediata de origem estrangeira (de Portugal), formação médica. O desconhecimento do Serviço Social brasileiro, a existência de um fluxo de trabalho desenvolvido em outros projetos fora do Brasil de cunho assistencialista e pouco relacionado a garantia dos direitos, a inexistência do cargo e ou função do assistente social no organograma da organização eram questões presentes. Logo o serviço social não tinha histórico, não tinha instrumentos de trabalho e muito menos um espaço privativo para o início das atividades. Sem a estrutura mínima de trabalho, o profissional de Serviço social apresentou a profissão para a equipe, onde foi elencados, os aspectos das Leis, Código de Ética, Diretrizes que norteiam as atribuições do Assistente Social, e os instrumentos e instrumentalidades essenciais para o desenvolvimento do trabalho desta profissão, no intuito de esclarecer as demandas específicas que exigiam o sigilo profissional. Essa compreensão era fundamental, para que o Serviço Social justificasse a necessidade de um armário com chave para guardar as fichas de atendimentos com dados e informações de cada atendimento, um computador e ou notebook como ferramenta de trabalho não compartilhado que pudesse armazenar informações sigilosas, carro e ou meio de locomoção disponível para visitas institucionais e ou domiciliares ou busca ativa para atendimentos agendados ou necessários, sempre que fossem identificadas ameaças de violação de direitos, ou para atividades de atendimento e acompanhamento social. Após 3 meses essa estrutura mínima na organização foi conquistada, para que fosse iniciado um mapeamento das organizações governamentais e não governamentais no âmbito da saúde, saúde mental, educação e assistência social disponíveis na cidade de Boa Vista-RR. Neste mapeamento foi levantado a demanda de atendimento, quais documentos obrigatórios, horário e dia de funcionamento do serviço, como também, foi estabelecida uma articulação, junto a direção geral e os profissionais de serviço social, com identificação de pontos focais na instituição, como apoio para dá seguimento nos encaminhamentos sociais emergidos durante a operação no projeto, caso fosse identificada a necessidade. Assim, no final do trimestre, a equipe foi comunicada que a operação permaneceria atuando em Boa Vista-RR por tempo indeterminado. Com 6 meses de trabalho, toda a equipe do projeto tomou ciência que toda chefia que estava atuando no projeto local, seria substituída, seguindo um protocolo da organização internacional, que realizava a troca de equipe a cada semestre concluído de atuação nos projetos. Isso significava que o trabalho que justificava o uso de algumas estruturas mínimas no Serviço Social, voltaria à estaca zero, devido a chegada de novas pessoas que assumiriam os seus cargos de chefias, demandando ao único profissional do Serviço Social estratégias que pudessem manter as estruturas necessárias para o seu trabalho na organização. Essa relação demandou um desgaste exorbitante compreendendo o período de 2018 à 2020, para que o Serviço Social permanecesse no projeto, porque cada chefia, além de ser de outras áreas do conhecimento, possuíam pouca noção do trabalho do profissional no Brasil e principalmente sobre a questão norteadora do fluxo de atendimento voltada para a questão social emergida do fluxo migratório. Assim, o Serviço Social apresentou um plano de ação, no qual este profissional seria a linha de ponta na escuta qualificada e identificação dos casos de violação de direitos de crianças e adolescentes que necessitariam de acompanhamento psicológico e intervenções para acesso aos serviços de saúde, educação e assistência social disponível na cidade de Boa Vista-RR. Resultados Levando em consideração a delimitação do trabalho do assistente social, justificado no plano de ação do mesmo, estava a proposta da contratação de outro profissional que pudesse dá seguimento ao trabalho ou contribuísse para a qualidade no atendimento a criança e adolescente. Esta proposta de contratação não foi autorizada e o serviço de atendimento social seguiu com apenas um profissional, que atendia aos encaminhamentos de psicólogos, promotores de saúde e enfermeiros. Contudo, durante a missão foi possível implantar e implementar um plano de ação que esclarecia cada atividade cito: escuta qualificada; orientação social; acompanhamento e estudo de casos; formação de multiplicadores de informações sobre os meios de acesso aos serviços públicos; encaminhamentos, articulações; palestras; relatórios mensais; visitas institucionais; visitas domiciliares; reuniões e capacitações. Considerações Finais A organização internacional Médicos Sem Fronteiras insistia em atribuir funções ao Serviço Social tais como, de acompanhamento de paciente para unidades de saúde com a função de intérprete de idioma, submissão ao fluxo de encaminhamentos de psicólogos que desenvolviam atendimento psicossocial sem o acompanhamento do profissional de Serviço Social; de solução de problemas relacionados a falta de cota para atendimento nas unidades de atendimento à saúde, educação e assistência social. O Serviço Social, conseguiu resistir embasada em sua teoria e técnica operativa, por 2 anos e 3 meses. Foram desafios constantes diante da fragilidade da falta de compreensão das chefias imediatas sobre as atribuições do serviço social, pois os seus relatórios eram fundamentais para que a diretoria principal compreendesse sobre o que era a profissão no contexto brasileiro no atendimento a crianças e adolescentes, que passaram a chegar desacompanhadas no Brasil com maior intensidade nos anos de 2019 à 2020 (Dados da plataforma R4V). Em janeiro de 2021, na mudança para a nova chefia, o Serviço Social foi retirado das ações do projeto, e atualmente segue somente com atendimento médico e psicológico como linha de frente no enfrentamento do impacto do fluxo migratório, apoiado pelos enfermeiros e promotores de saúde que atuam através de ações de prevenções. Diante do exposto, este relato convida para uma análise sobre essa estrutura organizacional, expressiva em desafios ou fragilidades, que a própria história da profissão trouxe, e que contribuiu de certa forma, para o marco do desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, perpassando os modelos europeus e norte-americanos assim como, estruturas conservadoras que marcaram a imagem de um serviço assistencialista ainda presente nesta organização internacional.
Título do Evento
IV SIMPÓSIO PRODECA: adoção o caminho do acesso ao direito para a criança e o adolescente
Cidade do Evento
Parintins
Título dos Anais do Evento
Anais do Simpósio: Adoção o Caminho do Acesso ao Direito para a Criança e Adolescente
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

OLIVEIRA, Hellen Bessa de. DESAFIOS OU FRAGILIDADES? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DE UMA ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAL NA GARANTIA DE DIREITOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.. In: Anais do Simpósio: Adoção o Caminho do Acesso ao Direito para a Criança e Adolescente. Anais...Manaus(AM) Parintins, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/prodeca2022/580805-DESAFIOS-OU-FRAGILIDADES-UM-RELATO-DE-EXPERIENCIA-DO-TRABALHO-DO-SERVICO-SOCIAL-NO-AMBITO-DE-UMA-ORGANIZACOES-IN. Acesso em: 01/05/2025

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