BIPEDIA COMPULSÓRIA NA DANÇA

Publicado em 03/03/2021 - ISBN: 978-65-5941-102-3

Título do Trabalho
BIPEDIA COMPULSÓRIA NA DANÇA
Autores
  • Carlos Eduardo Oliveira do Carmo
Modalidade
Resumo
Área temática
Linha 03 – Cultura e Conhecimento: Transversalidade, Interseccionalidade e (in)formação
Data de Publicação
03/03/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ppgdc2020/288426-bipedia-compulsoria-na-danca
ISBN
978-65-5941-102-3
Palavras-Chave
Deficiência, Dança, Bipedia Compulsória, Conhecimento, Teoria Crip
Resumo
Essa pesquisa visa identificar a bipedia compulsória como a estrutura socio-politico-cultural que determina o pensamento hegemônico de um corpo normativo, excluindo e invisibilizando os corpos que fogem a um determinado padrão e são considerados deficientes, doentes, incapazes, feios, indesejáveis e inaptos. O que compreendemos, hoje, como a categoria identificada como “deficiência” sofreu muitas transformações ao longo da história da humanidade. A partir de uma análise histórica, conseguimos compreender como foram tratadas a surdez, a cegueira, os transtornos mentais, as deficiências físicas (os aleijões). A maneira de lidar com as pessoas com deficiência variou ao longo do tempo de acordo com interesses políticos, sociais e culturais de cada época. Lilia Ferreira Lobo (2008) explica que não se trata de negar as marcas corporais deixadas pela deficiência, mas que é necessário desnaturalizá-las em seu caráter apenas biológico, considerando também a história e a cultura. O modelo social defendido pelos movimentos sociais das pessoas com deficiência, por volta da década de 1970, já compreendia que a deficiência não se tratava apenas de questões físicas e biológicas como afirma o modelo biomédico, mas que se dava na relação com as barreiras impostas socialmente na arquitetura, comunicação, atitudes, entre outras. Mais recentemente, a Teoria Crip, ou Teoria Aleijada, apresentada por Robert McRouer (2006), problematiza ainda mais essa noção de deficiência e afirma que esta é uma construção histórico-cultural dada para legitimar, validar e afirmar a normalidade, também compreendida como uma criação do sistema hegemônico para satisfazer a interesses do capital e da produtividade. Então, esse autor identifica a compulsoriedade pela capacidade do corpo que estabelece dicotomias entre capaz-incapaz, belo-feio, normal-anormal. O “corpo capaz” corresponde ao que McRouer classifica de “relação normal” ligada ao sistema de trabalho, definida por pessoas saudáveis, capazes por seus esforços físicos. A partir disso estabeleço relações com a Dança, identificando na bipedia compulsória as hierarquias que estabelecem quem é apto ou não para dançar e desconsidera as possibilidades de diversos corpos na produção de conhecimento na área. Assim, aponto as limitações (palavra sempre associada às pessoas com deficiência) da própria bipedia que ao longo do tempo repete clichês redutores sobre o que é dança e corpo. Então, começo a analisar os espaços de invisibilidade e não reconhecimento da produção de artistas com deficiência, em toda a cadeia de trabalho ligada ao fazer da Dança, como: as escolhas artísticas que negam a presença das pessoas com deficiência; as metodologias e práticas educacionais pautadas numa verticalidade e virtuose, herança de uma dança tecnicista; as curadorias que mantêm e reforçam em suas programações o tema secular da Dança que é o corpo branco-cisgênero-bípede; a produção cultural que negligencia a acessibilidade; e, também, as abordagens midiáticas que insistem no tom sensacionalista nos tratando como nos antigos freak shows. Apesar da bipedia compulsória ser parte da nossa estrutura social, destaco a contribuição que estudos da deficiência tem trazido para diversas áreas do conhecimento como a medicina, tecnologia, comunicação e artes, e proponho novas narrativas para pensarmos dialogicamente, desconstruindo a perspectiva histórica de subalternidade da deficiência.
Título do Evento
Congresso de Difusão do Conhecimento
Título dos Anais do Evento
Congresso de Difusão do Conhecimento - ANAIS
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CARMO, Carlos Eduardo Oliveira do. BIPEDIA COMPULSÓRIA NA DANÇA.. In: Congresso de Difusão do Conhecimento - ANAIS. Anais...Salvador(BA) PPGDC, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ppgdc2020/288426-BIPEDIA-COMPULSORIA-NA-DANCA. Acesso em: 19/05/2025

Trabalho

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