A DOCE SOCIEDADE PERNAMBUCANA – UMA RÁPIDA ANÁLISE DO LIVRO AÇÚCAR DE GILBERTO FREYRE

Publicado em 04/07/2017

DOI
10.29327/13461.8-1  
Campus
Centro Universitário do Vale do Ipojuca - DeVry | UNIFAVIP
Título do Trabalho
A DOCE SOCIEDADE PERNAMBUCANA – UMA RÁPIDA ANÁLISE DO LIVRO AÇÚCAR DE GILBERTO FREYRE
Autores
  • Jonas Alves Cavalcanti
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Gastronomia
Data de Publicação
04/07/2017
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/mpct2017/46956-a-doce-sociedade-pernambucana--uma-rapida-analise-do-livro-acucar-de-gilberto-freyre
ISSN
Palavras-Chave
Açúcar; Gastronomia; Pernambuco; História; Cultura.
Resumo
“Sem açúcar não se compreende o homem do Nordeste”. A celebre frase de Gilberto Freyre resume a importância que a monocultura da cana-de-açúcar teve na formação sociocultural do estado de Pernambuco. As plantações de cana, os engenhos, os escravos, o cheiro doce que incensava as casas-grandes e as senzalas, os bolos que figuraram como brasões de famílias importantes, o doce, e para alguns até amargo, dos nossos doces, são oriundos do elemento que deu renome ao Brasil no exterior: “deixo de ser Brasil da madeira de tinta vermelha e passo a ser Brasil do açúcar, elemento este de riqueza igualada ao ouro, um ouro branco”. Em seu livro, o autor traz o açúcar como fator extremamente importante na formação gastronômica de Pernambuco, possibilitando o surgimento e aperfeiçoamento de muitos elementos. O açúcar e as frutas do mato tropical, o açúcar e a mandioca, o açúcar e os tachos. O doce era tão bom que só poderia ser um pecado. De qualquer maneira, pode-se dizer que o doce representa não uma classe, não um único fator condicionante. O doce representa a identidade. Recife e o Nordeste, uma cidade e uma região como dispõe Freyre, marcados pela doçura do ouro branco: “dou-lhe um doce se descobrires o que tenho aqui” – a doce recompensa; “você é meu doce de coco” – o doce amado; “com bananas e bolos se enganam os tolos” – o poder de ludibriar o próximo. Por trás de toda essa doçura está a sociedade patriarcal, as donas de casa, as negras da cozinha. Freyre diz que a origem de todos esses doces está fundamentada em um dos rituais mais sérios da antiga vida das famílias das casas-grandes e dos sobrados. Houve, no Brasil, uma maçonaria do doce comandada pelas mulheres dos engenhos, responsáveis pela criação de bolos que representaram suas famílias – Cavalcanti, Constâncio, tia Sinhá, Souza Leão – e por guardar o segredo das receitas. Há uma magia em preparar um doce, um bolo, pego de uma receita antiga de vó e saber que esta mesma gostosura que adoça os meninos de hoje já adoçou tantos outros em décadas atrás. A culinária pernambucana é equilibrada, diferente do indianismo do norte e do africanismo baiano. Esta culinária equilibra a fineza europeia, os elementos indígenas e o tempero africano, traduzindo tudo isso em harmonia dentro da cozinha dos engenhos, expressa também na sociedade. Freyre explica esse equilíbrio trazendo o fato da mulher estar presente na culinária lusitana. As mães que vieram para cá conservaram o estilo português de cozinha e atrelaram, a este, elementos nativos e situacionais: as negras estavam na cozinha, mas não dominaram os fornos como na Bahia. A cozinha pernambucana nasceu debaixo dos cajuzeiros, à sombra dos coqueiros com os canaviais sempre de companhia. Os cajueiros forneceram a castanha, caramelizadas, dentro dos bolos, da cocada; o caju em seus doces, o licor e o vinho, simbólicos, nas palavras de Freyre, da hospitalidade patriarcal do Nordeste. Os coqueiros deram base a criação do peixe de coco, feijão de coco, tapioca, cocadas diversas, o leite do coco. A participação do açúcar, não só na criação da identidade gastronômica de Pernambuco como também na constituição da sociedade e desenvolvimento do estado e região, se faz marcada de lutas, revoluções, hábitos e criações nas cozinhas dos engenhos. O consumo da iguaria, difundida e entranhada hoje em dia, se deu graças às manifestações ocorridas lá, nos engenhos, pela força dos negros, soberba dos brancos e as mãos doces e caprichosas das boleiras do Nordeste.
Título do Evento
Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia 2017
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais da Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia 2017
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

CAVALCANTI, Jonas Alves. A DOCE SOCIEDADE PERNAMBUCANA – UMA RÁPIDA ANÁLISE DO LIVRO AÇÚCAR DE GILBERTO FREYRE.. In: Anais da Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia 2017. Anais...Fortaleza(CE) DeVry Brasil - Damásio - Ibmec, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/mpct2017/46956-A-DOCE-SOCIEDADE-PERNAMBUCANA--UMA-RAPIDA-ANALISE-DO-LIVRO-ACUCAR-DE-GILBERTO-FREYRE. Acesso em: 06/05/2025

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