A PANDEMIA E OS NEXOS ENTRE MEDO E PODER

Publicado em 22/03/2021 - ISBN: 978-65-5941-128-3

Título do Trabalho
A PANDEMIA E OS NEXOS ENTRE MEDO E PODER
Autores
  • Gabriel Cabral Gonçalves Gomes
  • Luisa Maria Machado Porto
  • Nicole Sanchotene
  • Amanda Santos
  • PAULO ROBERTO GIBALDI VAZ
Modalidade
Resumo apresentação oral curta
Área temática
Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH)/Comunicação
Data de Publicação
22/03/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/jgmictac/316252-a-pandemia-e-os-nexos-entre-medo-e-poder
ISBN
978-65-5941-128-3
Palavras-Chave
Pandemia, medo, poder, discurso
Resumo
Este trabalho intui analisar possíveis transformações do exercício do poder no contemporâneo: quem percebe e difunde o medo talvez não seja mais aquele que exerce o poder. Novas configurações do biopoder são suscitadas principalmente pela gestão da crise do coronavírus. Partimos da premissa foucaultiana de que a difusão do medo serve como justificativa para o exercício do poder (FOUCAULT, 2010) para analisar a recusa de determinados governos em assumir essa estratégia quando se trata da pandemia de COVID-19. A difusão do medo do coronavírus não é vista de modo positivo para populistas conservadores. Eles preferem e apostam em outros tipos de medos: medos os quais podem escolher e manejar livremente, como discursos que ameaçam a hegemonia masculina branca (BROWN, 2019) ou o discurso da desordem econômica e do crime. Quando se trata da pandemia, esses governos apostaram no negacionismo do objeto causador do medo em vez da difusão do medo para exercer o poder. Ou seja, se para Foucault existia um nexo preliminar entre quem percebe/difunde o medo e quem age com relação ao medo, hoje, em certos temas existe uma reatualização da forma de agir dos atores do poder. No caso da pandemia, assim como é também com a ecologia, o medo é percebido e difundido pela ciência e pela mídia, enquanto quem é responsável pela ação é o Estado. Por outro lado, a estratégia de negacionismo e fuga da responsabilidade de gestão da crise sanitária remete ao argumento neoliberal de descoletivização dos riscos, que compreende a saúde e o futuro como méritos individuais, calculados a partir de um horizonte de ação circunscrito na noção de fator de risco, seja no crime ou na saúde (VAZ, 2019). A pandemia coloca uma questão crucial: a objetivação do risco é muito difícil, ou seja, qualquer um é um transmissor em potencial. Nesse sentido, a pandemia quebra o raciocínio neoliberal de gestão sanitária pelo qual a doença é interpretada como falha do indivíduo na atenuação dos riscos causadores da tal doença. A pandemia suscita o acaso, a vulnerabilidade e o destino coletivo, enquanto determinados governos apostam na pretensão de onipotência – e por isso gostam dos medos que eles podem se oferecer como protetores. Assim, esse tipo de racionalidade governamental fará uma construção discursiva neste sentido: redirecionamento do medo para os objetos que lhes são caros e a aposta na liberdade individual - que inclui o direito do indivíduo de não seguir as diretrizes impostas pelos estados (uso de máscara, isolamento social), além de optar por outras medidas não legitimadas pelo discurso científico (cloroquina, isolamento vertical). Para perceber a construção discursiva em torno desses temas, foram analisadas lives de Jair Bolsonaro entre 05/03/2020 e 23/04/2020. Além disso, pronunciamentos de 06/03/2020 a 08/04/2020. Pretende-se, com isso, perceber quais medos são interessantes ao discurso bolsonarista e quais não são, entendendo-os dentro de uma história das relações entre medo e poder. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente. São Paulo: Editora Filosófica Politeia, 2019. FOUCAULT, M. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. VAZ, Paulo. O risco e a construção de subjetividades crônicas e punitivas na contemporaneidade. RECIIS - Rev. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.13, n.1, p. 87-99, 2019.
Título do Evento
XLII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC 2020 - Edição Especial) - Evento UFRJ
Título dos Anais do Evento
Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, Gabriel Cabral Gonçalves et al.. A PANDEMIA E OS NEXOS ENTRE MEDO E PODER.. In: Anais da Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UFRJ, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/jgmictac/316252-A-PANDEMIA-E-OS-NEXOS-ENTRE-MEDO-E-PODER. Acesso em: 07/07/2025

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