Título do Trabalho
DESATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: DO NOSOGRÁFICO À ESTRUTURA
Autores
  • Reginaldo João Vieira
Modalidade
Comunicação Oral
Área temática
GT 16 – PSICANÁLISE E LINGUAGEM
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ixsimfop/125758-desatencao-e-hiperatividade--do-nosografico-a-estrutura
ISSN
2175-9162
Palavras-Chave
Desatenção, hiperatividade, psicanálise, educação.
Resumo
Reginaldo João Vieira? INTRODUÇÃO O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma forma de classificar uma série de comportamentos descritos pelo Manual de Estatísticas e Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM V) como sendo “um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 32). O DSM V descreve fenômenos que se mostram semelhantes em uma determinada amostra populacional, a fim de categorizar e assim poder direcionar o tratamento. Porém, nem todas as abordagens psicológicas abordarão os fenômenos da desatenção e hiperatividade a partir do diagnóstico do DSM V. A psicanálise, por sua vez, considera o sujeito atravessado pela linguagem (JORGE, 2008) e por consequência, esta é que viabilizará a estruturação inconsciente do sujeito. Nesse sentido o TDAH pode ser entendido segundo Zimmermann (2007, p. 62) da seguinte forma: “uma hiperatividade e/ou desorganização de funções corporais podem indicar a existência de uma energia não ligada a ser sustentada por uma significação. Falhas no recalcamento originário dificultam a separação da carga da representação, o que leva ao ato, em vez da separação entre ato e discurso”, ou seja, uma incapacidade de dar nome àquela pulsão, esta ainda não está ligada a uma significação. Quanto à atenção, Zimmermann (2007, p. 65) afirmará que: “O sujeito neurótico pode apresentar repressão de significantes, cujo aparecimento na consciência desencadearia angústia”, sendo assim o sujeito inibe determinada função egóica que remeteria aos significantes que lhe rementem à angústia. Fernández (2012), considera que neste sujeito atravessado pela linguagem, o brincar aparece como um potencial à metaforização e desenvolvedor da capacidade atencional. No brincar a criança estende a sua relação objetal, que até então caracterizava-se pela simbiose com sua figura materna; este brincar como metáfora surge a partir da castração da criança, que, na impossibilidade de gozar com a relação incestuosa, desliza seu desejo para outras áreas, metaforizando esta relação impossível. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de campo realizada como requisito para a conclusão de curso, sob a orientação da professora drª. Jane Martins. A pesquisa intitulada “um diálogo entre a psicanálise e a teoria dos grupos operativos: o olhar sobre o processo grupal em crianças com desatenção e hiperatividade atendidas no ambulatório materno infantil” contou com dois momentos, um primeiro onde foi feito um resgate bibliográfico, e um segundo onde procurou-se aplicar a teoria psicanalítica em um grupo de crianças. O que me proponho expor aqui, é a construção teórica referente a esse primeiro momento. RESULTADOS Será no espaço oriundo das relações objetais estabelecidas pela criança que emerge a capacidade atencional, este terceiro, ou produto que surge do vínculo é que permitirá que a criança preste atenção, no sentido de compreender que entre o seio e o sugar há o leite, entre o sujeito e o objeto há uma produção. Vale ressaltar que a criança deve perceber-se como autora, o que proporcionará à criança a alegria da autoria. Ao estender para o âmbito escolar tal compreensão é possível observar a relação da criança com seu professor, onde em certos momentos como sujeito do enunciado e em outros como sujeito da enunciação, ambos constroem este terceiro, que acima chamamos de produto, e aqui, de conteúdo do conhecimento. Percebe-se que não é aquilo que o professor passa no quadro, mas sim um produto subjetivo, fruto dessa relação (FERNÁNDEZ, 2012). Do ponto de vista psicanalítico, as manifestações características do TDAH são entendidas como sintomas ou inibições, resultantes de processos inconscientes e, mais precisamente ligadas às funções do eu (MATOS, 2013). O eu com seu aparato defensivo, respondendo uma demanda do supereu, age no intuito de censurar àquelas pulsões que de alguma forma são desprazerosas, faz com que estas sejam recalcadas e retornem travestidas, para que assim, assumam o caráter de aceitável; portanto, cabe à inibição criar um “compromisso entre as representações recalcadas e as instâncias recalcadoras” (ROUDINESCO; PLON, 1998, p.382). Segundo Freud (1926, p. 21) “a inibição tem uma relação especial com a função e não significa necessariamente algo patológico, pode-se também chamar de inibição a restrição normal de uma função”. É neste sentido que a inibição pode ser também um sintoma, caracterizando-a assim quando esta apresenta-se de forma a fugir da normalidade – como nos casos de hipoprosexia, seja por uma diminuição de uma das funções do eu, seja por uma nova formação sintomática como nas fobias. O autor destaca que várias inibições atuam como abdicações à função, pois o exercício desta produziria angústia. CONCLUSÕES Ao analisar a bibliografia disponível sobre o fenômeno observa-se que embora haja um padrão no comportamento que define o diagnóstico nosográfico, os sintomas são de cunho subjetivo, concernente à relação inconsciente do sujeito. Neste sentido que a psicanálise desloca um fenômeno que na maioria das vezes ocupa um lugar nosográfico com tratamento apenas medicamentoso, para um outro lugar, subjetivo e singular para os sujeitos. REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. FERNÁNDEZ, Alícia. A atenção aprisionada: psicopedagogia da capacidade atencional. Porto Alegre: Editora Penso, 2012. FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. In: Obras completas de Sigmund Freud; trad. Dr. I. Izecksohn. Rio de Janeiro: Delta, s.d. v.9. 1999. JORGE, Marco Antônio Coutinho. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008. ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. ZIMMERMANN, Vera Blondina. O “transtorno” na constituição psíquica e suas implicações na clínica com crianças. Boletim de formação em psicanálise. Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo V. 15, ano XV, p. 57-70, mai./jun. 2007.
Título do Evento
IX SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA ATUAL CONJUNTURA NACIONAL e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas
Cidade do Evento
Tubarão
Título dos Anais do Evento
Anais do IX SIMFOP - Simpósio Nacional sobre Formação de Professores: a Educação Brasileira na atual conjuntura Nacional e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

VIEIRA, Reginaldo João. DESATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: DO NOSOGRÁFICO À ESTRUTURA.. In: Anais do IX SIMFOP - Simpósio Nacional sobre Formação de Professores: a Educação Brasileira na atual conjuntura Nacional e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas. Anais...Tubarão(SC) UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ixsimfop/125758-DESATENCAO-E-HIPERATIVIDADE--DO-NOSOGRAFICO-A-ESTRUTURA. Acesso em: 08/08/2025

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