MEMÓRIA E IDENTIDADE CULTURAL NA HISTORIOGRAFIA CATARINENSE: CADÊ O BARRIGA-VERDE?

Publicado em 05/12/2018 - ISSN: 2175-9162

Título do Trabalho
MEMÓRIA E IDENTIDADE CULTURAL NA HISTORIOGRAFIA CATARINENSE: CADÊ O BARRIGA-VERDE?
Autores
  • Elton Luiz Gonçalves
Modalidade
Comunicação Oral
Área temática
GT 10 – IMAGINÁRIO, MEMÓRIA E RELAÇÕES DE AFETO
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ixsimfop/124295-memoria-e-identidade-cultural-na-historiografia-catarinense--cade-o-barriga-verde
ISSN
2175-9162
Palavras-Chave
Imaginário; Identidade Cultural; Estado de Santa Catarina; Memória; Barriga-Verde.
Resumo
A cultura, num enfoque histórico, é responsável pela identificação e diferenciação dos diversos indivíduos em sua sociedade, sendo esta, intimamente ligada à memória e ao conjunto de valores que define a coletividade do grupo. Hall (2015) nos coloca que a cultura em que nascemos é a que constitui nossa principal característica de identidade cultural, quando nos identificamos simbolicamente com as pessoas do mesmo grupo e local de nascimento, numa condição de pertencimento. Para ele, esse sentido de pertencimento se dá na construção de um sistema simbólico comum, reconhecido por todos, decorrente das narrativas das manifestações culturais, saberes, práticas ou tradições, bem como das materializações, um legado consciente e significativo herdado do passado sendo transmitido às gerações futuras. Nesse ponto de vista, as narrativas, imagens, cenários, eventos históricos e símbolos de uma dada identidade cultural são as características-chave da representação e o sentido da sua alteridade, “[...], mas ela nunca é a “mesma” por muito tempo, ela permanece pela mudança” (BAUMAN, 2012, p. 30). O ambiente cultural social traz representações, narrativas simbólicas do passado que se articulam com as convenções contemporâneas e influenciam expectativas sobre práxis futuras. A partir dessa premissa, o recorte que aqui apresentamos trata de uma experimentação dedicada ao desenvolvimento da tese para o doutoramento em Ciências da Linguagem que, em sua completude, objetiva em demonstrar, fundamentada pela Teoria do Imaginário, as manifestações e relações simbólicas de representação estética que remetem à percepção da identidade sociocultural catarinense. Corrobora Wunenburger (2007) que o imaginário serve para dotar os homens de memória fornecendo relatos que sintetizam o passado e justificam o presente. Por ora, nos empenhamos em investigar, por fontes esclarecedoras na historiografia catarinense, pelas particularidades de como se constituiu a(s) narrativa(s) simbólica(s) do gentilício ‘barriga-verde’ de quem nasce no estado de Santa Catarina. Neste sentido, para o estabelecer da pesquisa, estamos percebendo e nos concentrando em analisar uma transformação fundamental no imaginário do catarinense, enquanto comunidade imaginada – conceito atribuído por Anderson (1989) – uma parte da nossa identidade cultural sendo esquecida e abandonada na história, desprezada e relegada a não mais que poucos livros didáticos e históricos. Assim, podem as narrativas da identidade dos catarinenses, simbolicamente representados com o gentilício ‘barriga-verde’, esquecer-se no tempo e perder sua concepção histórica original? Para tal tarefa, nossa busca se deu em dois momentos. No primeiro, atuamos num olhar pela historiografia tradicional, como destaca Wolff (2009), aquela pensada como uma narrativa dos acontecimentos, mas vista de cima, e que privilegia a utilização de registros oficiais. Aqui nos dedicamos aos livros históricos e didáticos que narram diferentes origens para o simbolismo ‘barriga-verde’, entre estes, Brancher (2004); Jamundá (1989) e Cabral (1994). No segundo momento, seguimos pelo que Wolff (2009, p. 53) denomina de nova história, onde “[...] muitos dos novos historiadores, entretanto, têm se preocupado com a história vista de baixo, privilegiando a experiência das pessoas comuns. Nesta etapa, nossa busca se deu em encontrar, na contemporaneidade, pelo remanescente, não mais que migalhas, restos, fragmentos e resíduos dos simbolismos desse nosso gentílico. Para esta metodologia apoiamo-nos em Turchi (2003, p. 157), ao colocar que “a história que forja a união de um grupo nem sempre se constitui de fatos comprovados”, muitas vezes abastecem-se de narrativas metafóricas que possam servir de exemplo, e que, sem desfigurar a verdade, pode-se dar aos fatos selecionados uma identificação diferente, “enredo pré-genérico”. Assim, nosso procedimento metodológico foi bibliográfico, elaborado a partir de material já publicado, livros – primeiro momento, e internet – segundo momento, no levantamento de determinadas hashtags, para ser usada como fonte de observação e informação aos objetivos da pesquisa. Para entender quais os efeitos que esta narrativa tem – ou ainda terá – relação com a memória e a afetividade de nosso povo, e compreender se essa específica adesividade ainda nos liga enquanto catarinenses, voltamos nossos olhos para o espelho do passado e contrapomos com os sentimentos e as experiências partilhadas do nosso quadro social no cotidiano contemporâneo, no qual, pouco partilhamos dessa forma estética – sensação comum que se experimenta num quadro social (MAFFESOLI, 2010) e que, com muita dificuldade, alguém ainda nos identificaria como ‘barrigas-verdes’. Referências: ANDERSON, B. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989. BAUMAN, Z. Ensaio sobre o conceito de cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. BRANCHER, A. (Org.). História de Santa Catarina: estudos contemporâneos. 2. ed. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004. CABRAL, O. R. História de Santa Catarina. 4. ed. Editora Lunardelli: Florianópolis, 1994. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 12. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015. JAMUNDÁ. T. O Barriga-Verde: Versões e Versões. Florianópolis, IOESC, 1989. MAFFESOLI, M. O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2010. TURCHI, M. Z. Literatura e antropologia do imaginário. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2003. WOLFF, C. S. Historiografia catarinense: uma introdução ao debate. Revista Santa Catarina em História - Florianópolis - UFSC – Brasil ISSN 1984- 3968, v.1, n. 1, 2009. p. 52-61. WUNEMBURGER, J. O Imaginário. São Paulo-SP: Edições Loyola, 2007.
Título do Evento
IX SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NA ATUAL CONJUNTURA NACIONAL e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas
Cidade do Evento
Tubarão
Título dos Anais do Evento
Anais do IX SIMFOP - Simpósio Nacional sobre Formação de Professores: a Educação Brasileira na atual conjuntura Nacional e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONÇALVES, Elton Luiz. MEMÓRIA E IDENTIDADE CULTURAL NA HISTORIOGRAFIA CATARINENSE: CADÊ O BARRIGA-VERDE?.. In: Anais do IX SIMFOP - Simpósio Nacional sobre Formação de Professores: a Educação Brasileira na atual conjuntura Nacional e VII Seminário Regional do Proesde Licenciaturas. Anais...Tubarão(SC) UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ixsimfop/124295-MEMORIA-E-IDENTIDADE-CULTURAL-NA-HISTORIOGRAFIA-CATARINENSE--CADE-O-BARRIGA-VERDE. Acesso em: 18/07/2025

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