UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DA PLATAFORMA QUEERING THE MAP: COM ENFOQUE NO BRASIL

Publicado em - ISBN: 978-65-272-1352-9

Título do Trabalho
UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DA PLATAFORMA QUEERING THE MAP: COM ENFOQUE NO BRASIL
Autores
  • Charlley Freitas Campos
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Corpo, gênero e sexualidades
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ix_neer/899866-uma-analise-de-conteudo-da-plataforma-queering-the-map--com-enfoque-no-brasil
ISBN
978-65-272-1352-9
Palavras-Chave
Cartografia Queer; Vivencia LGBTQIAPN+; sexualidade.
Resumo
O “Queering the Map” é uma plataforma online criada no ano de 2017 pelo Designer Canadense Lucas LaRochelle, a plataforma tem interface S.I.G ( Sistema de Informação Geográfica) e permite que os usuários marquem pontos no mapa e escrevam suas experiências LGBTQIAPN+ anonimamente a partir do espaço físico que vivenciam. Desde o ano de sua criação vem se desenvolvendo estudos sobre a importância e o impacto que a plataforma promove para a chamada cartografia da vida queer. Kirby, et al (2021) e Lin (2021) são exemplos de pesquisas que abordam o tema, contudo a maioria das pesquisas sobre a temática se concentram nos países anglófonos. Logo, esse trabalho almeja trazer esse debate para o Brasil, a fim de preservar as histórias e realidades da nossa comunidade que está inserida no website Queering the Map(QTM). Como metodologia foi usada a revisão bibliográfica e a análise de conteúdo próstata por Bardin (1979). Para a análise de conteúdo estabeleceu-se os seguintes critérios: foram analisados somente pontos marcados no território brasileiro; foi feita uma divisão entre os pontos que tinham histórias escritas em inglês e pontos escritos em português; e por fim, a análise de conteúdo foi realizada a partir dos pontos marcados em língua portuguesa. A partir da contagem dos pontos por estados e da separação entre o inglês e o português foi gerada uma tabela: Contagem dos pontos por Estados: Estados: Português Inglês Total Acre 3 - 3 Alagoas 5 9 14 Amapá - 1 1 Amazonas 3 9 12 Bahia 5 17 22 Ceará 4 14 18 Distrito Federal 8 21 29 Espírito Santo 3 6 9 Goiás 5 9 14 Maranhão 2 4 6 Mato Grosso 2 1 3 Mato Grosso do Sul - 9 9 Minas Gerais 20 80 100 Pará 2 12 14 Paraíba 4 14 18 Paraná 6 61 67 Pernambuco 2 33 35 Piauí - 6 6 Rio Grande do Norte 4 8 12 Rio Grande do Sul 5 63 68 Rio de Janeiro 10 145 155 Rondônia 1 3 4 Roraima - 2 2 Santa Catarina 6 40 46 São Paulo 20 180 200 Sergipe 4 2 6 Tocantins - 1 1 Total de Pontos Marcados no Brasil: 874 Com a análise da tabela podemos observar que os estados do Sudeste e Sul do país apresentam a maior quantidade de pontos marcados, e São Paulo lidera com um total de 200 pontos, sendo 20 deles escritos em língua portuguesa, Rio de Janeiro e Minas Gerais ficam em segundo e terceiro lugar respectivamente. No entanto, Minas Gerais apresenta um número maior de mensagens escritas em português comparadas com os números do Rio de Janeiro e empata com São Paulo. Um outro fator a se ponderar é que estados como Tocantins, Roraima, Piauí, Mato Grosso do Sul e Amapá não apresentam pontos com mensagens escritas em Português, o contrário também acontece com o Acre que não apresenta mensagens em Inglês. Ainda é válido expressar que Tocantins e Amapá tem apenas um ponto marcado em seus territórios, tornando-se assim os estados com menor número de pontos no QTM. No que tange aos conteúdos das mensagens nos pontos marcados, esses variam entre às histórias de assumir-se para a família e amigos, dos encontros com a violência e homofobia/transfobia, momentos de amor, desabafos de sofrimento e registros de memórias boas da infância, logo, o Queering the Map funciona como um arquivo vivo da vida queer. As mensagens estão diretamente ligadas com a materialidade do espaço, exemplos: “O lugar onde me assumi”; “Dei meu primeiro beijo aqui”; “A cidade em que eu me entendi como gay” entre outros. Isso se deve pelo fato dos pontos serem georreferenciados, não obstante, a relação simbólica que o espaço gera para essas pessoas torna-se tão marcante ao ponto do indivíduo registrar esse momento em um ponto no QTM. Tuan (2013) pontua esses espaços como topofílicos quando trata-se de uma relação positiva (memórias boas) e topofóbicos quando a relação com espaço é negativa (memórias ruins, histórias de violências), mostrando assim a importância da dimensão simbólica do lugar para os indivíduos. Não obstante, Kirby, et al (2021), expressa em seu texto algumas medidas de segurança que alguns usuários utilizam tais como: marcar pontos no meio do oceano ou na antártida, isso acontece pelo fato dos pontos serem geolocalizados, ou seja, se o indivíduo marcar no mapa a sua casa todas as outra pessoas que tiverem acesso a plataforma saberão onde ela está localizada. Para tanto, alguns pontos são marcados em rios, florestas e/ou lugares isolados. Corroborando com Kirby, et al, Benedict (2022) expõe que ainda existem muitos lugares que não são seguros ou acessíveis para as pessoas LGBTQIAPN+ e à medida que as histórias e espaços continuam a ser contestados e apagados, o QTM faz o trabalho de sobrepor, sintetizar e colapsar realidades digitais e físicas. Mostrando, “para a criança queer que cresce num país onde a homossexualidade é ilegal, a leitura dos pontos espalhados pela sua região revela as muitas pessoas que existem ao seu lado” (Benedict, 2022). Ou seja, o Queering the Map mostra-se de extrema relevância ao dar voz, ou melhor, dar escrita, a indivíduos da comunidade LGBTQIAPN+ que por vezes são inviabilizados e silenciados pela sociedade. Também, temos que destacar que a maioria dos pontos estão localizados nas grandes cidades brasileiras, uma possível hipótese para essa questão é que nas grandes metrópoles brasileiras existe um melhor acesso a internet e a informação da existência da plataforma. Portanto, é interessante refletirmos sobre como a tecnologia de mapeamento digital, fornecida pelo QTM, quebra as barreiras entre o criador do mapa e o usuário, entre o criador e o espectador, pois ao mapear coletivamente as experiências dos indivíduos geograficamente dispersos quebra-se a ideia clássica de mapa. Não obstante, o mapeamento da experiência LGBTQIAPN+ nas suas permutações interseccionais, gera afinidades através das diferenças revelando as formas pelas quais estamos intimamente conectados. Referências: BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, p. 229, 1979. BENEDICT, K. The Map Is the Territory: On Lucas LaRochelle's Queering the Map. C Magazine, n. 150, 2022. KIRBY, E. et al. Queering the Map: Stories of love, loss and (be) longing within a digital cartographic archive. Media, Culture & Society, v. 43, n. 6, p. 1043-1060, 2021. LIN, R. Affective Orientations: Space, Temporality, and Virtuality in Queering the Map. tba: Journal of Art, Media, and Visual Culture, v. 3, n. 1, p. 197-210, 2021. TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar:: A perspectiva da experiência. SciELO-EDUEL, 2013.
Título do Evento
IX NEER
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
Anais do Colóquio Nacional do NEER: Movimentos e devires, espaço e representações
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CAMPOS, Charlley Freitas. UMA ANÁLISE DE CONTEÚDO DA PLATAFORMA QUEERING THE MAP: COM ENFOQUE NO BRASIL.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ix_neer/899866-UMA-ANALISE-DE-CONTEUDO-DA-PLATAFORMA-QUEERING-THE-MAP--COM-ENFOQUE-NO-BRASIL. Acesso em: 02/07/2025

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