A TEORIA DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO E SUA REPRESENTAÇÃO NO TURISMO

Publicado em - ISBN: 978-65-272-1352-9

Título do Trabalho
A TEORIA DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO E SUA REPRESENTAÇÃO NO TURISMO
Autores
  • Gutemberg Cardoso Da Silva
  • Júlia Alves Sartori
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Representações do espaço
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ix_neer/893504-a-teoria-da-producao-do-espaco-e-sua-representacao-no-turismo
ISBN
978-65-272-1352-9
Palavras-Chave
Espaço, Representação, Turismo.
Resumo
O autor Serpa (2016) destacou a importância de explorar os pressupostos e as premissas do conceito de representação desenvolvido por Henri Lefebvre. Seu objetivo foi resgatar as contribuições essenciais desse conceito para a construção de uma abordagem cultural na geografia, que integre as dimensões política, econômica e social na produção do conhecimento geográfico. Este enfoque implica o desenvolvimento de uma teoria e de um conceito de representação que visem explicitar os conflitos e contradições presentes na produção do espaço contemporâneo. Além disso, incentiva a integração de análises fenomenológicas e dialéticas em nossas investigações geográficas. Henri Lefebvre (2006) se, por um lado, enfatiza que representação não é necessariamente ideologia, por outro, afirma que é impossível a vida sem representação, que as representações são formas de comunicar e reelaborar o mundo, aproximações da realidade que, no entanto, não podem substituir o mundo vivido. É justamente quando o vivido é substituído pelo concebido que a representação se torna ideologia. O concebido ganha vantagem sobre o vivido e supera (ou supõe superar) a separação homem-natureza. Segundo Lefebvre (2006, p. 272) “Cada agente da produção do espaço tem suas representações [...] Cada membro de um grupo capaz de intervir ou de formular existências [...] também tem suas representações do espaço, do habitat, da circulação etc”. A presença desenvolve as representações, mas busca sempre superá-las em ato, em situação. Presença e ausência são unidade e contradição, supõem uma relação como movimento dialético: não há presença absoluta, nem ausência absoluta (p. 283). Contudo, quando a presença se perde na representação surge a alienação (p. 285) e o concebido prevalece sobre o vivido. O agente de produção é o protagonista do espaço, nesse espaço é ele vai estar presente e as representações dissimulam tanto a presença como a ausência e o espaço se define como jogo de ausências e presenças, e as identidades, culturas e representações vão se apresentando e se construindo um cenário social. Eis então meu desafio de tese, analisar essas representações dos agentes produtores do espaço em uma sociedade em movimento, interagindo em um jogo de poder no processo de construção de uma nova territorialidade. Schmid (2012) afirma que Espaço (social) é um produto (social). Para entender esta tese fundamental, é necessário, antes de tudo, romper com a concepção generalizada de espaço, imaginado como uma realidade material independente, que existe em “si mesma”. Mas, segundo os autores, o espaço não existe em si mesmo. Ele é produzido a partir das ações dos seus agentes participantes, constantemente multável. Eles se referem ao espaço “percebido”, “concebido” e “vivido”. O pensamento dialético, significa o reconhecimento de que a realidade social é marcada por contradições e que somente pode ser entendida por meio da compreensão dessas contradições. Vivemos em contradições, afirmando e negando as mesmas coisas, por conveniência, por necessidades, por situações que a vida nos coloca. Logo, “nenhuma proposição é simultaneamente verdadeira e falsa”. Lefebrvre (1968, p.48), afirma que “Se nós considerarmos o conteúdo, se existe um conteúdo, uma proposição isolada não é nem verdadeira, nem falsa; toda proposição isolada deve ser transcendida; toda proposição com um conteúdo real é ambos verdadeira e falsa, verdadeira se é transcendida, falsa se é declarada como absoluta”. Lefebvre o compreende o espaço como um processo de produção que acontece em termos de três dimensões dialeticamente interconectadas. Ele define essas dimensões de duas maneiras: de um lado, ele utiliza os três conceitos “prática espacial”, “representação do espaço” e “espaços de representação”, que estão fundados em sua própria teoria da linguagem tridimensional. Agora, Lefebvre vem para um segundo conjunto de conceitos: “o percebido”, “o concebido” e “o vivido” (SCHMID, 2012). O núcleo da teoria da produção do espaço identifica três momentos da produção: primeiro, a produção material; segundo, a produção de conhecimento; e terceiro, a produção de significados. Schimid diz que “o espaço é para ser entendido em um sentido ativo como uma intrincada rede de relações que é produzida e reproduzida continuamente”, ou seja, o nosso cotidiano é para ser vivido, percebido e concebido, de maneira natural. Essas três dimensões da produção do espaço precisam ser entendidas como sendo fundamentalmente de igual valor. O espaço é, ao mesmo tempo, percebido, concebido e vivido. Nenhuma dessas dimensões pode ser imaginada como a origem absoluta, e nenhuma é privilegiada. A autora Glória Alves (2019) diz que as tríades em Lefebvre implicam uma indissociabilidade dos elementos, assim, o espaço ao mesmo tempo pode e deve ser entendido a partir dessas três dimensões que se articulam e permitem compreender melhor o processo de (re)produção espacial. Lefebvre chama de espaço concebido ou de representação do espaço a dimensão espacial ligada às relações de produção, ao conhecimento, ao planejamento, à ordem instituída. O espaço planejado, instituído, que normatiza o que os cidadãos podem ou não fazer, que é apresentado como neutro. Já o espaço vivido, ou espaço de representação, em geral é notado em nossa sociedade a partir de expressões/ações de radicalidade, principalmente quanto ao uso que se faz no espaço. E o espaço percebido é relativo à prática social e a realidade cotidiana (o uso do tempo) e a realidade urbana (as rotas e redes que se ligam aos lugares de trabalho, da vida “privada”, de ócio). A produção do espaço implica não só produção material, mas também de vida, de cultura, do modo de ser urbano. Para compreender o espaço, é preciso analisar as relações e as formas de produção existentes no processo de produção espacial. No turismo, a percepção do espaço pode ser exemplificada de diversas maneiras. O espaço concebido refere-se às ações governamentais que envolvem o planejamento e a formulação de políticas específicas para o turismo. Esse é o estágio inicial, onde se delineiam estratégias para o desenvolvimento da atividade. À medida que o turismo avança e se apropria de espaços, surge o espaço vivido. Nesta fase, observam-se as situações concretas geradas pela atividade turística, que muitas vezes resultam em impactos e conflitos com a população residente. Frequentemente, os residentes são excluídos do processo de decisão, o que pode intensificar esses conflitos. Por outro lado, o espaço percebido emerge da interação entre turistas, residentes e outros atores locais. Essas interações criam novas relações e arranjos espaciais que influenciam a dinâmica dos lugares. Assim, o turismo não apenas transforma o ambiente físico, mas também reconfigura as relações sociais e culturais nos destinos turísticos. O espaço e os atores estão em constante interação, redefinindo-se mutuamente e nas constantes disputas que os atravessam. A ação dá-se em um jogo envolvendo ator e demais atores, sociedade e espaço. Considera-se imprescindível para compreensões geográficas, que os percursos reflexivos enfatizem os sujeitos das práticas cotidianas, contribuindo conceitualmente para as reflexões sobre sujeitos, atores e agentes. REFERÊNCIAS: ALVES. Glória da Anunciação. A produção do espaço a partir da tríade lefebvriana: concebido/percebido/vivido In: GeoUSP – Espaço e Tempo. (Online), v. 23, n. 3, p. 551-563, dez. 2019. SCHMID, C. A teoria da produção do espaço em Henri Lefebvre: em direção a uma dialética tridimensional. São Paulo: GeoUSP – Espaço e Tempo (Online), nº 32, p. 89-109, 2012. LEFEBVRE, H. Dialectical Materialism. Trad. J. Sturrock. London: Jonathan Cape, 1968. LEFEBVRE, H. La presencia y la ausencia: contribución a la teoría de las representaciones. México. Fundo de Cultura Econômica, 2006. SERPA, A. Teoria das representações em Henri Lefebvre: por uma abordagem cultural e multidimensional da geografia. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 487-495, 2014
Título do Evento
IX NEER
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
Anais do Colóquio Nacional do NEER: Movimentos e devires, espaço e representações
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Gutemberg Cardoso Da; SARTORI, Júlia Alves. A TEORIA DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO E SUA REPRESENTAÇÃO NO TURISMO.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ix_neer/893504-A-TEORIA-DA-PRODUCAO-DO-ESPACO-E-SUA-REPRESENTACAO-NO-TURISMO. Acesso em: 16/07/2025

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