A PRESENÇA/AUSÊNCIA DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA CULTURAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE

Publicado em - ISBN: 978-65-272-1352-9

Título do Trabalho
A PRESENÇA/AUSÊNCIA DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA CULTURAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE
Autores
  • Flamarion Dutra Alves
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Representações do espaço no/do ensino
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ix_neer/859184-a-presencaausencia-da-disciplina-de-geografia-cultural-nos-cursos-de-graduacao-na-regiao-sudeste
ISBN
978-65-272-1352-9
Palavras-Chave
Currículo, Geografia Cultural, Epistemologia.
Resumo
INTRODUÇÃO A geografia cultural como campo de estudo da ciência geográfica vem se transformando e se afirmando ao longo das últimas décadas, sobretudo após a década de 1990, quando ocorre uma virada e ascensão dessa disciplina (Claval, 1999, 2013). As características teórico-metodológicas e as temáticas da Geografia Cultural acompanharam as nuances e necessidades da sociedade, do contexto da materialidade e dos aspectos visíveis do século XX, passou-se a valorizar elementos simbólicos que tem repercussão e representações na sociedade (Claval, 1999, Gil Filho, 2005). Conforme Claval (2013, p.21) “A análise da base material da cultura não se reduz mais as instalações produtivas, aos edifícios, as ferramentas. Ela leva em conta também as áreas e instalações de lazer, as festas; os templos e igrejas, as cerimônias religiosas. O papel do corpo nos processos de percepção é sublinhado”. Sobre essas mudanças ele afirma que “a geografia brasileira de ontem (século XX) a abordagem cultural não ocupava uma posição central (Claval, 1999, p.7), apesar de excelentes trabalhos sobre a distribuição da cultura no espaço brasileiro, mas que a geografia cultural para o século XXI deve compreender “a perspectiva comunicacional, o estudo dos sistemas de representação, das mentalidades e das ideologias, a análise moderna da noção de ambiente. Os geógrafos brasileiros devem também responder as preocupações da sociedade brasileira” (Claval, 1999, p.7). Desse modo, de um campo transversal no conjunto da ciência geográfica com estudos pouco densos, pontuais e sem a mesma repercussão estrutural que outros campos mais ‘tradicionais’, a geografia cultural ganha mais destaque de fato no século XXI, formando uma base teórico-metodológica consistente, com uma trama de grupos de pesquisa, revistas científicas, participação com eixos-temáticos/Grupos de Trabalho em eventos tradicionais, bem como a criação de eventos específicos sobre a temáticas da geografia cultural (Corrêa e Rosendahl, 2008; Picchi, 2023). Para consolidação e ampliação de novos pesquisadores, é fundamental que o temário da cultura na geografia esteja presente na matriz curricular e nos Projetos Políticos dos cursos de graduação em Geografia, sendo um primeiro contato para novas investigações na iniciação científica, monografias de graduação e posteriormente, pesquisas em âmbito da pós-graduação. Com base nisso, o objetivo desse artigo é analisar a presença/ausência da disciplina de Geografia Cultural nos cursos de graduação (bacharelado e licenciatura) presenciais de universidades públicas da região sudeste, bem como identificar o conteúdo das ementas e as temáticas abordadas, e por fim, sistematizar as bases teórico-metodológicas presentes nos programas de ensino das disciplinas de geografia cultural compreendendo as características e tendências de abordagens. METODOLOGIA Para realização desta pesquisa foi consultado dados sobre os cursos de graduação ativos no Brasil, disponível no site ‘E-Mec’ - Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de Educação Superior (https://emec.mec.gov.br/emec/nova), para a pesquisa foram selecionados cursos presenciais em Geografia, Bacharelado e Licenciatura, nos estados da Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). Posteriormente, a pesquisa foi no site dos cursos de Geografia ou no site da Pró-Reitoria de Graduação da Universidades, para analisar o Projeto Político Pedagógico e/ou a Matriz Curricular, afim de identificar a disciplina de Geografia Cultural e os programas de ensino de cada curso, bem como, se são disciplinas obrigatórias ou eletivas/optativas. Compreender a estrutura curricular mais recente dos cursos de graduação é importante, pois acompanha as mudanças da sociedade, para Sacristán (2013, p.17) O conceito de currículo, desde seu uso inicial, representa a expressão e a proposta da organização de segmentos e fragmentos dos conteúdos que o compõem; é uma espécie de ordenação ou partitura que articula os episódios isolados das ações, sem a qual esses ficariam desordenados, isolados entre si ou simplesmente juspostos, provocando uma aprendizagem fragmentada Por fim, foram elaborados quadros sínteses sobre a presença da disciplina Geografia Cultural ou disciplina equivalente, que enfocasse a cultura e sua espacialidade como tema central da disciplina, as referências constantes nos programas de ensino e a espacialização dos cursos de geografia e a presença da Geografia Cultural. RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os cursos de bacharelado e licenciatura nos quatro estados do Sudeste, foram identificados 53 cursos no total, sendo 18 cursos de Geografia Bacharelado e 37 cursos de Geografia Licenciatura. Minas Gerais tem 21 cursos de Geografia, Rio de Janeiro 15, São Paulo 14 e Espírito Santo 3. As dinâmicas curriculares, de modo geral, são atualizadas nos últimos 10 anos, sendo assim, tentam trazer mais elementos contemporâneos da sociedade. A disciplina de Geografia Cultural aparecerá como disciplina obrigatória em 20 cursos de Geografia, como disciplina optativa ou eletiva será em 20 cursos e em 13 cursos de graduação não terá a disciplina. Considerando entre obrigatórias e optativas, 75% cursos de Geografia oferecem a disciplina. Mas, as disciplinas eletivas/obrigatórias não têm uma periodicidade e muitas vezes constam na matriz curricular e não são oferecidas regulamente. Em um estudo semelhante, Rafael (2019) analisou os cursos de licenciatura de geografia presencial de universidades públicas da região sul, e constatou que apenas 50% dos cursos tinham a disciplina em sua estrutura curricular, e destes 50% eram disciplina obrigatórios e 50% optativa/alternativa. Chama atenção que em todos cursos de Geografia de Minas Gerais tem a disciplina Geografia Cultural, sendo 12 obrigatória e 9 optativa/eletiva. No Rio de Janeiro a Geografia Cultural é obrigatória em 3 cursos, optativa em 7 e 5 cursos não tem na matriz curricular. Em São Paulo, a disciplina Geografia Cultural é obrigatória em 3 cursos, 4 são optativa/eletiva e 7 cursos não apresentam na matriz curricular. E por fim, no Espírito Santo, a disciplina Geografia Cultural é obrigatória em 2 cursos e 1 curso não tem na matriz curricular. Com relação a terminologia da disciplina, nos 40 cursos que apresentam ela como obrigatória ou eletiva, 23 trazem ‘Geografia Cultural’, 2 trazem ‘Cultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento’, 2 trazem ‘Estudos temáticos em geografia cultural’, 2 trazem ‘Geografia Cultural, Humanística, Direitos Humanos e Relações Étnico-Raciais’, 2 trazem ‘Culturas da Cidade’, 1 traz ‘Geografia Humanista e Cultural’, 1 traz ‘Geografia Humanista’, 1 traz ‘Espaço e Cultura’, 1 traz ‘Preconceito, Indivíduo e Cultura’, 1 traz ‘Abordagens culturais na geografia’, 1 traz ‘Geografia e Cultura’. Percebe-se a variedade de temas e terminologias articuladas a cultura e sua espacialidade, mesmo com essa diversidade há uma ligação entre Cultura, abordagem humanista e sociedade. Com relação a carga horária, 33 disciplinas de Geografia Cultural são de 60h ou mais, o que demonstra uma não básica e comparada a outras disciplinas mais ‘tradicionais’. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ainda longe de ser uma unanimidade nos cursos de graduação em Geografia, a Geografia Cultural vem ganhando mais adeptos e aceitação nas matrizes curriculares dos cursos de Geografia. Considerando que 25% dos cursos não terem a disciplina de Geografia Cultural na sua matriz curricular, há várias hipóteses para essa ausência, seja a um currículo tradicional com a reprodução de disciplinas do século XX, seja a ausência de docentes com formação específica na área entre outros motivos. Entretanto, no século XXI estamos acompanhando uma busca crescente de temas que são inerentes a Geografia Cultural, e é importante trazer para o debate a presença desse componente curricular, pois trará ao bacharel e professor de Geografia, uma visão mais ampla e crítica da sociedade. REFERÊNCIAS CLAVAL, P. Reflexões sobre a geografia cultural do Brasil. Espaço & Cultura. n.8, p.7-29, 1999. https://doi.org/10.12957/espacoecultura.1999.7091 CLAVAL, P. Geografia Cultural: um balanço. Geografia. Londrina. V.20, n.3, 2012. https://doi.org/10.5433/2447-1747.2011v20n3p005 CORRÊA, R.L; ROSENDAHL, Z. A geografia cultural brasileira: uma avaliação preliminar. Revista da ANPEGE. v.4, n.4, p.73-88, 2008. https://doi.org/10.5418/RA2008.0404.0005 GIL FILHO, S.F. Geografia Cultural: estrutura e primado das representações. Espaço & Cultura. n.19-20, p.51-59, 2005. https://doi.org/10.12957/espacoecultura.2005.3491 PICCHI, B. A Geografia Cultural no Brasil e sua difusão: de 1990 a 2020. Tese de Doutorado (Geografia Humana). Universidade de São Paulo, 2023. https://doi.org/10.11606/T.8.2023.tde-17052023-163550 RAFAEL, P.H.S. Disciplinas de geografia cultural em cursos de licenciatura em Geografia em IES públicas e presenciais no Sul do Brasil. 14º Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia. Anais... Campinas, p.3655-3661, 2019. SACRISTÁN, J G. Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.
Título do Evento
IX NEER
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
Anais do Colóquio Nacional do NEER: Movimentos e devires, espaço e representações
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALVES, Flamarion Dutra. A PRESENÇA/AUSÊNCIA DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA CULTURAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ix_neer/859184-A-PRESENCAAUSENCIA-DA-DISCIPLINA-DE-GEOGRAFIA-CULTURAL-NOS-CURSOS-DE-GRADUACAO-NA-REGIAO-SUDESTE. Acesso em: 28/06/2025

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