DO OURO A JABUTICABA: A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM E A IDENTIDADE TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE SABARÁ-MG

Luis Felipe Alves Garcia; Eduardo Soares Nunes Silvério; Flamarion Dutra Alves

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Trabalho

Título do Trabalho

DO OURO A JABUTICABA: A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM E A IDENTIDADE TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE SABARÁ-MG

Autores

Luis Felipe Alves Garcia
Eduardo Soares Nunes Silvério
Flamarion Dutra Alves

Modalidade

Resumo Expandido

Área temática

Identidades territoriais

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/ix_neer/857611-do-ouro-a-jabuticaba--a-transformacao-da-paisagem-e-a-identidade-territorial-do-municipio-de-sabara-mg

ISBN

978-65-272-1352-9

Palavras-Chave

agricultura familiar, identidade territorial, mesorregiões, jabuticaba.

Resumo

INTRODUÇÃO Ocorrido entre o final do século XVII e o final do século XVIII, o ciclo do ouro tornou-se um período marcante na história de Minas Gerais, impactando profundamente a formação territorial da sociedade, economia e cultura na região até a contemporaneidade. Durante os séculos que perdurava a extração de jazidas no estado, a Estrada Real se configurou como um importante impulsionador no desenvolvimento regional sendo um caminho dos tropeiros, estimulando o comércio e a agricultura das regiões em sua extensão, favorecendo o escoamento e a expansão territorial de produções como o café e a cana-de-açúcar. Além disso, sua influência fez com que houvesse um crescimento urbano gradual, tornando necessário a produção de frutas e hortaliças (Magalhães, 2007). Desde a década de 1980 a produção de Jabuticaba ganha vida, permeando o município de Sabará na mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, tornando-se, após o declínio do ouro, uma importante produção agrícola, ganhando o título de “ouro preto” (Neves, 2019). Em 1987 é criado o Festival de Jabuticaba de Sabará, que em 2023 foi realizada a 37ª edição, e desde 2008 a festa foi tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural e a jabuticaba passou a ser patrimônio imaterial da cidade, sendo um importante evento para manutenção e reprodução dessa cultura. Além disso, a produção agrícola se tornou um elemento fundamental da paisagem cultural do município. Assim, este trabalho tem como objetivo analisar a importância da jabuticaba na identidade territorial e como está representada na paisagem cultural do município de Sabará – MG. METODOLOGIA Para a metodologia, foi necessário compilar informações de diferentes materiais sobre a produção de jabuticaba no município de Sabará-MG. Esta etapa envolveu uma revisão bibliográfica realizada a partir de livros e artigos científicos que tratam do desenvolvimento da fruta desde o ciclo do ouro e a rápida mudança na paisagem, através da pesquisa qualitativa. Através de dados secundários, pode-se catalogar as produções através das transformações da Jabuticaba no município, e como cada produção afeta o valor final e evidencia a qualidade na produção da fruta. Em um segundo momento, foi realizado uma análise de como o festival é importante para a cidade e como os eventos fazem os visitantes emergirem na cultura local, realizada com base nos seguintes aspectos: 1) Espaciais, como a integração dos cidadãos com os produtos feitos a base de Jabuticaba, sua escala e relação com o espaço geográfico de Sabará; 2) Temporais, como os contextos históricos e sociais em que foram propostas e os seus impactos. Por fim, para que fosse possível entender a mudança na paisagem e o conceito agricultura familiar, foi necessário utilizar os autores Salgueiro (2001) e Schneider (2019) que fizeram uma análise cronológica da evolução dos respectivos conceitos, entretanto, através POLLICE (2010) pode-se conferir a ideia sobre a identidade territorial e os desafios entorno da construção da identidade. REFERENCIAL TEÓRICO Sobre paisagem, Salgueiro (2001) apresenta a evolução do conceito, observando como a percepção humana sobre a natureza mudou através dos séculos. Na Idade Média, a paisagem era vista como reflexo da ordem divina, com elementos naturais e antrópicos ligados harmonicamente. No Renascimento, a paisagem era valorizada como fonte de inspiração artística. No Romantismo, a paisagem passou a se tornar um símbolo de liberdade individual e da conexão com a natureza. A partir do século XX, o conceito de paisagem se expande, incluindo elementos socioeconômicos e políticos. Por fim, no século XXI, a paisagem passa a ser vista como patrimônio cultural e ambiental que deve ser preservado (Salgueiro, 2001). (POLLICE,2010) explora o conceito de identidade territorial e como seu processo é fundamental para o desenvolvimento local. Segundo o autor, identidade cultural não é estática, mas sim uma dinâmica em constante evolução, adaptando-se às mudanças internas e externas, sendo fruto da interação entre comunidade local e seu espaço, moldando e sendo moldada pelo espaço, contudo a construção da identidade territorial traz consigo desafios e riscos, como a manipulação da identidade para fins comerciais ou de controle social, que pode gerar distorções e perda de autenticidade. Como incentivo à produção, a Secretaria Municipal da Fazenda decidiu por solicitação da Prefeitura de Sabará, oferecer um desconto preferencial, para aqueles que possuem pés de jabuticaba em seu terreno ou imóvel. A medida implementada segundo a Lei Municipal Nº 146/82, dá direito a 5% no valor do IPTU por cada jabuticabeira, tendo um limite estimado de somente 5 árvores. Nesse sentido, aqueles que possuem o pé de jabuticaba garantem 25% de desconto no imposto do terreno, entretanto, para ser aprovado o desconto é preciso uma verificação por parte da prefeitura para ver se a jabuticabeira possui 1 metro de altura. Conforme a evolução nas técnicas de produção, o município passou a investir na transformação da fruta, obtendo através da extração, licores, caviar, sorvete e patês, que são comumente ofertados no Festival da Jabuticaba, que ocorre anualmente durante três dias no município. No ano de 2008, o festival foi tombado pelo Patrimônio Histórico Cultural, e a jabuticaba passou a ser patrimônio imaterial da cidade. A organização do evento parte da prefeitura, que ocorre na Praça Melo Viana, Praça Santa Rita e no Centro Histórico, nos dias 15 e 18 de novembro. No ano de 2019, vinte e cinco expositores apresentaram produtos derivados da jabuticaba havendo também vinte espaços gastronômicos dedicados a pratos elaborados com base na jabuticaba (GAGLIARDI,2019). No festival, há também o desafio “Cozinha Show”, que consiste na criação de pratos feitos de jabuticaba ao vivo, onde premeia-se os chefs que inovaram algum tipo de prato. Diversas iguarias são produzidas nessa atração, como queijo maturado na cachaça de jabuticaba, vinagrete de jabuticaba, sal refinado com ervas e farinha do fruto. A possibilidade dos visitantes de provarem a comida é limitada, porém esse tipo de atração possibilita aqueles que participarem do evento, entrarem com afinco na culinária da cidade, os emergindo dentro da cultura sabarense Ligado a mudança na paisagem e a identidade territorial do município, o turismo passou a ser um importante meio para a disseminação da cultura sabaraense, em conformidade a isso, produtores de jabuticaba, adotaram o sistema de “aluguel” para cada pé da fruta, podendo o alugador, nos meses de produção do fruto, colher o pomar por completo. A produção no município está diretamente ligada à agricultura familiar, podendo ser de acordo com Schneider (2019) compreendida em três grupos distintos. O primeiro destaca a ideia de agricultura familiar, sendo ressaltado a contribuição para a segurança alimentar através de produções mais sustentáveis com menos dependência de insumos químicos. O segundo destaca-se por ser mais crítico em relação ao agronegócio e ao modelo agrícola, diferenciando na terminologia, sendo adotado os termos “camponês’’ e “campesinato’’. O terceiro, em oposição aos anteriores adota a expressão “agronegócio” sustentando que não há diferenças entre agricultura familiar e outras produções agrícolas, sugerindo que os produtores de menor escala fossem caracterizados como “agronegocinho familiar” Em 2014, outro processo foi importante para fortalecimento da jabuticaba como elemento identitários na paisagem e território de Sabará, foi a conquista do sele de Indicação Geográfica, mais precisamente a Indicação de Procedência (SEBRAE, 2024). Mesmo tendo um caráter que valoriza a produção econômica, mas de certa forma traz uma noção de pertencimento e fortalecimento das relações sociais e culturais em torno da jabuticaba. REFERÊNCIAS AGNES, Daniela. Melhorias no processo de arrecadação de ITBI, IPTU e ISSQN da Prefeitura de Porto Alegre. 2007. GALIARDI, I. Festival da Jaboticaba, Sabará (MG), Brasil. Ilumine o projeto, 2019. Disponível em:<http://ilumineoprojeto.com/festival-da-jaboticaba-sabara-mg-brasil/>.Acesso em: 04 abr. 2021. MAGALHÃES, C.M. Na rota dos caminhos da estrada real e dos tropeiros. Cadernos de Pesquisa do CDHIS. n. 36/ 37, ano 20, p. 111-117, 2007. NEVES, G. (2019). A jabuticaba de Sabará: Do ouro preto à identidade territorial. In: Congresso Brasileiro de Agroecologia, 20., Anais... Florianópolis: SBC, 2019. NEVES, Nathália Andrade et al. Estudo das características da produção, comercialização e qualidade de produtos derivados de jabuticaba no município de Sabará-Minas Gerais, Brasil. Revista ELO–Diálogos em Extensão, v. 9, p. 1-16, 2020. OLIVEIRA, Girlaine Pereira. Florescimento e frutificação da jabuticabeira\'Sabará\'. 2019. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. OLIVEIRA, Antônio Luís de et al. Caracterização tecnológica de jabuticabas' Sabará'provenientes de diferentes regiões de cultivo. Revista brasileira de fruticultura, v. 25, p. 397-400, 2003. SALGUEIRO, T. B. Paisagem e geografia. Finisterra, [S. l.], v. 36, n. 72, 2001. DOI: 10.18055/Finis1620. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/finisterra/article/view/1620. Acesso em: 24 mai. 2024. SCHNEIDER, S. (2014). A agricultura familiar no Brasil: Uma análise histórica e conceitual. Revista de Estudos SEBRAE. IG – Sabará. Disponível em: https://datasebrae.com.br/ig-sabara/ Acesso em: 20/04/2024.

Título do Evento: IX NEER
Cidade do Evento: Curitiba
Título dos Anais do Evento: Anais do Colóquio Nacional do NEER: Movimentos e devires, espaço e representações
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

GARCIA, Luis Felipe Alves; SILVÉRIO, Eduardo Soares Nunes; ALVES, Flamarion Dutra. DO OURO A JABUTICABA: A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM E A IDENTIDADE TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE SABARÁ-MG.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ix_neer/857611-DO-OURO-A-JABUTICABA--A-TRANSFORMACAO-DA-PAISAGEM-E-A-IDENTIDADE-TERRITORIAL-DO-MUNICIPIO-DE-SABARA-MG. Acesso em: 21/07/2025