ENTRE LINHAS E COSTURAS: O SABER-FAZER DO BORDADO EM IBITINGA-SP

Publicado em - ISBN: 978-65-272-1352-9

Título do Trabalho
ENTRE LINHAS E COSTURAS: O SABER-FAZER DO BORDADO EM IBITINGA-SP
Autores
  • João Vitor De Freitas
  • Marcel Azevedo Batista D'Alexandria
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Saberes e sabores
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ix_neer/855842-entre-linhas-e-costuras--o-saber-fazer-do-bordado-em-ibitinga-sp
ISBN
978-65-272-1352-9
Palavras-Chave
Bordado, Ibitinga, Indicação Geográfica, Saber-Fazer, Espaço.
Resumo
Localizado no Centro-Oeste Paulista, Ibitinga (SP) é um município com cerca de 60000 habitantes, situado na microrregião de Araraquara, com uma área de 683 km². É reconhecido como um dos municípios mais influentes em seu espaço regional, especialmente devido à sua próspera indústria do bordado, que atrai pessoas de toda sua hinterlândia em busca de oportunidades de emprego na mesma. O bordado é uma parte intrínseca da história de Ibitinga (SP) e continua a desempenhar um papel fundamental em sua economia, afetando diretamente a vida de muitos residentes locais. Compreender a indústria do bordado e sua relação com o trabalho das mulheres requer uma análise sob a perspectiva da ciência geográfica. Foi em 1992 que o município de Ibitinga (SP) recebeu a titulação “Capital Nacional do Bordado”, reconhecendo assim sua importância na produção de bordado em uma escala nacional. Entende-se, portanto, que o bordado vai além de apenas um produto, pois também está relacionado a uma esfera do indivíduo, onde o mesmo carrega consigo o saber-fazer, ou seja, as técnicas que são empregadas pelas bordadeiras que criam uma mercadoria única, mostrando os traços típicos de um bordado local. É importante que a construção histórica em volta do trabalho no bordado seja abordada, já que a partir disso é possível a coleta estruturada e concisa de dados que reforçam os argumentos da pesquisa. Dessa maneira, é preciso entender que o bordado produzido em Ibitinga (SP) possui uma maneira única de ser feito, características que o tornam, de fato, um bordado ibitinguense. O objetivo desta pesquisa, portanto, é destacar a importância de identificar este saber-fazer, assim como ressaltar a potência que o município possui para ser classificado como uma Indicação Geográfica, entendendo que sua classificação nessa categoria favorece o caráter único desse produto. Aponta-se que este referido trabalho foi realizado com o apoio da FAPEMIG. Como destaca D’Alexandria (2020), as Indicações Geográficas não remetem apenas a atualidade, uma vez que passa por um processo histórico de formação. Essas Indicações Geográficas, portanto, estão no encontro entre a propriedade intelectual e a Geografia (D’ALEXANDRIA, idem), explicitando a relação entre o produto que é gerado (como no caso dessa pesquisa, o bordado) e o recorte espacial no qual é produzido. Essas Indicações Geográficas, de maneira resumida, trata-se da explicação da relação entre o espaço geográfico e o produto. Cada recorte espacial, que emprega determinadas técnicas de produção, geram uma mercadoria diferente. Essa mercadoria não pode ser generalizada, e deve-se reconhecer sua singularidade. Outro importante aspecto citado por D’Alexandria (2020) são os dois subgrupos que podem ser observados nas Indicações Geográficas: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem. Enquanto a primeira leva em conta o nome geográfico da produção de determinada mercadoria em um recorte espacial, a segunda segue na mesma ideia, mas destaca quase exclusivamente a relação entre o meio geográfico e os fatores naturais e humanos. É simples entender essa relação ao pensar que existe a produção de bordado pelo Brasil todo. Cada lugar tem um tipo diferente de produção, ou seja, uma maneira diferente de gerar esse produto. É preciso observar e analisar a singularidade que pode-se identificar na produção do bordado ibitinguense, sendo assim, essa pesquisa também acredita na Indicação Geográfica do bordado de Ibitinga (SP) como uma Denominação de Origem. Como destacam Freitas (2022) e Matushima (2005), o bordado teve início no município a partir da década de 1930, onde após a crise cafeeira, Ibitinga (SP) se viu na necessidade de buscar novas maneiras de se introduzir no mercado. Foi com a vinda de Dioguina Sampaio (MATUSHIMA, 2005), mulher portuguesa, que é introduzido o bordado em Ibitinga, mostrando já um importante fator dessa produção: ela é feita majoritariamente por mulheres. Como mostra Freitas (2022), a produção de bordado no município, até os dias atuais, é feita em sua grande maioria por mulheres. Essa produção ocorre principalmente em dois diferentes espaços: as fábricas de bordado e os próprios domicílios das bordadeiras. Leite (2009) aponta que o crescimento da produção durante a década de 1960 fez com que surgisse no município a Escola de Bordadeiras. Essa escola, que hoje em dia já não existe mais, foi fundamental para propagação do saber-fazer desse bordado ibitinguense. Com a modernização da produção, o maquinário muda alguns aspectos, mas não deixa de evidenciar que ainda existe uma maneira tradicional de ser feita. Atualmente, Ibitinga (SP) possui o Centro de Capacitação e Requalificação das Indústrias do Bordado de Ibitinga (CECRIBI), uma parceria entre a prefeitura e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que busca formar ainda mais profissionais para o bordado. A expansão do bordado no município não extinguiu seu caráter principal, que é a mão-de-obra feminina. Ainda é possível identificar, mesmo em uma produção fabril onde o objetivo é a criação de mercadoria em larga escala, uma participação significativa das mulheres na confecção do bordado. Novamente, fica claro que o saber-fazer ainda faz parte da manutenção desse produto que é vital para o município. Não se pode descartar, portanto, a necessidade de identificar quais são as características dessa maneira de produzir, em prol de futuramente criar a possibilidade de reconhecer o potencial de Indicação Geográfica que Ibitinga (SP) possui em seu território. Dessa maneira, a presente pesquisa utilizou-se de revisão bibliográfica a partir de autores como D’Alexandria (2020) para discutir as Indicações Geográficas, Freitas (2022), Matushima (2005) e Leite (2009) para abordar Ibitinga e a Indústria do Bordado e, também muito importante, Santos (1985, 1994, 2000) para entender a relação desses elementos na análise do espaço geográfico. Por fim, foram feitas análises documentais e trabalhos de campo em busca de identificar, de maneira mais concreta, quais são os saberes-fazer do bordado ibitinguense. Compreendendo como esses elementos são de suma importância para a classificação desse saber-fazer como um potencial de Indicação Geográfica, assim como denotar o quão importante é preservar, em meio a produção em massa encorajada pela dinâmica do capital, as técnicas e maneiras fundamentais de produzir o bordado em Ibitinga (SP). Entendendo que esta preservação é possibilitar a permanência que saberes geracionais não sejam perdidos ao longo do tempo e, sobretudo, enaltecer os saberes geracionais das mulheres de Ibitinga a partir dos seus bordados, isso mostra como o andar dessa pesquisa, que ainda está ocorrendo, é importante para divulgar e reconhecer quem está por trás dessa valiosa mercadoria ibitinguense. REFERÊNCIAS D’ALEXANDRIA, Marcel. As Indicações Geográficas Do Mundo Para O Brasil: A construção do conceito brasileiro. Revista de Geografia e Ordenamento do Território (GOT), nº 20 (Dezembro). Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, 2020, p. 03-26 FREITAS, João Vitor de. Mulheres e o Trabalho na Indústria do Bordado de Ibitinga-SP sob o Viés da Geografia Cultural. Boletim Alfenense de Geografia, v.2, n.4, 2022. LEITE, Márcia de Paula. As Bordadeiras de Ibitinga: trabalho a domicílio e prática sindical. Cadernos Pagu (32), janeiro-junho, p. 183-214, 2009. MATUSHIMA, Marcos Kazuo. Especialização Produtiva e Aglomeração Industrial: uma análise da indústria de confecções de Ibitinga-SP. Universidade Estadual de São Paulo -UNESP, Rio Claro, 2005. SANTOS, Milton. Espaço e Método. São Paulo, EdUSP, 1985. SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1994. SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização. São Paulo, Hucitec, 2000.
Título do Evento
IX NEER
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
Anais do Colóquio Nacional do NEER: Movimentos e devires, espaço e representações
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FREITAS, João Vitor De; D'ALEXANDRIA, Marcel Azevedo Batista. ENTRE LINHAS E COSTURAS: O SABER-FAZER DO BORDADO EM IBITINGA-SP.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ix_neer/855842-ENTRE-LINHAS-E-COSTURAS--O-SABER-FAZER-DO-BORDADO-EM-IBITINGA-SP. Acesso em: 17/07/2025

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