ESTIMATIVA DOS ESTOQUES PESQUEIROS DE SEIS ESPÉCIES DE INTERESSE COMERCIAL NO MÉDIO MADEIRA, SUDOESTE DA AMAZÔNIA

Publicado em 26/09/2022 - ISBN: 978-65-5941-785-8

Título do Trabalho
ESTIMATIVA DOS ESTOQUES PESQUEIROS DE SEIS ESPÉCIES DE INTERESSE COMERCIAL NO MÉDIO MADEIRA, SUDOESTE DA AMAZÔNIA
Autores
  • Igor Hister Lourenço
  • Mariel Acácio de Lima
  • Larissa Sbeghen Pelegrini
  • Valéria Fernanda Silva Martins
  • Hildeberto Ferreira de Macêdo Filho
  • Marcelo Rodrigues dos Anjos
Modalidade
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã - Resumo expandido
Área temática
Desenvolvimento, metodologias e aplicações de projetos de ciência cidadã
Data de Publicação
26/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/496132-estimativa-dos-estoques-pesqueiros-de-seis-especies-de-interesse-comercial-no-medio-madeira-sudoeste-da-amazonia
ISBN
978-65-5941-785-8
Palavras-Chave
Estoques pesqueiros, Pesca Artesanal, Médio Madeira, Sudoeste da Amazônia
Resumo
Tipo de estudo: Produção científica RESUMO Este trabalho objetivou estimar os estoques de seis espécies comerciais de peixes provenientes da pesca artesanal desembarcada na Colônia de Pescadores Z-31 Dr. Renato Pereira Gonçalves, no período de 2018 a 2019, no município de Humaitá/AM, a partir do método de monitoramento pesqueiro proposto por Lourenço, Anjos e Barreiros (2020). A análise dos estoques pesqueiros se baseou em métodos de esforço e captura, conforme proposto recentemente por Silva Júnior et al. (2017), a partir de uma adaptação de Mao (2007). A porcentagem explorada das populações estimadas encontradas para as espécies S. Insignis, M. aureum, M. duriventre, P. Nigricans, B. Amazonicus e P. Fasciatum, são, respectivamente: 2,35%, 1,81%, 3,61%, 6,82%, 2,07% e 3,26%. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, os avanços científicos têm trazido nova luz às dinâmicas de exploração da pesca, especialmente no tocante a sua sustentabilidade. Entretanto, há um entrave em comum relatado em todos estes trabalhos, a escassez de dados da pesca. Isto, por sua vez, faz com que, mesmo que haja métodos mais sofisticados, a aplicação acabe sendo limitada. Avanços vêm acontecendo no tocante a novos métodos de monitoramento da pesca, a exemplo do trabalho de Lourenço, Anjos & Barreiros (2020), entretanto, ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Dentre as possibilidades que são abertas com um monitoramento mais refinado do desembarque pesqueiro, a estimativa dos estoques pesqueiros merece posição de destaque, especialmente ao se considerar a depleção de populações de peixes de interesse comercial sobre exploradas. Diversos métodos estão disponíveis para a estimativa de estoques pesqueiros em águas continentais (FRITZGERALD, DELANTY & SHEPHARD, 2018), e se baseiam em experiências já consolidadas na pesca oceânica aplicadas a águas continentais. Porém, independente de já existirem, dados provenientes do monitoramento pesqueiro ainda são escassos nos interiores do Amazonas. Dentre as tecnologias que tem se provado passíveis de serem aplicadas a realidade amazônica é a estimativa dos estoques pesqueiros baseados no método de esforço/captura apresentado por Silva Júnior et al. (2017), a partir de um método adaptado por Mao (2007). O método proposto pelos autores constitui-se uma boa alternativa para avaliar como a atividade pesqueira vem sendo explorada e, posteriormente, definir os níveis de explotação adequados para cada espécie. Contudo, Silva Júnior et al., (2017) não seguiu um dos pressupostos de Mao (2007) ao substituir o número de indivíduos capturados por biomassa devido à escassez de dados da pesca, adequando aos dados disponíveis. O presente trabalho teve por objetivo aplicar o método proposto por Mao (2007) e analisar os dados provenientes de uma ação de ciência cidadã, a fim de estimar os estoques pesqueiros das espécies de interesse comercial desembarcadas em Humaitá, Amazonas. METODOLOGIA A ação colaborativa dos cientistas cidadãos, pescadores, foi primordial na coleta de dados primários para a análise dos estoques pesqueiros que se baseou em métodos de esforço e captura, conforme proposto recentemente por Silva Júnior et al. (2017), a partir de uma adaptação de Mao (2007). O método consiste na hipótese de que uma população submetida a um processo de amostragem realizado com um determinado esforço, com uma probabilidade de captura em função do tempo. De maneira geral, o método é baseado num determinado número de indivíduos que são contados e removidos de uma população, dada uma quantidade de esforço predeterminada num número de repetições. A estimativa da capturabilidade será baseada na linha de tendência obtida entre a regressão da CPUE (Capturabilidade Por Unidade de Esforço) e o esforço (pescadores x dias pescados-1) acumulado. Desta forma, a partir do número de indivíduos capturados, esforço e capturabilidade de cada espécie, é possível substituir os valores conhecidos na equação para encontrar o tamanho da população em questão. O tamanho da população será obtido baseado na modelagem do aumento da dificuldade em se capturar dada população em tentativas sucessivas (MAO, 2007). A partir do monitoramento baseado no trabalho de Lourenço, Anjos e Barreiro (2020), seis espécies de interesse comercial foram escolhidas para estimativa dos estoques a partir do método apresentado. A escolha das espécies levou em consideração o número de desembarques, de forma que, somente as espécies que foram desembarcadas mais de 50 vezes entre maio de 2018 e abril 2019 foram utilizadas (Semaprochilodus insignis, Mylossoma aureum, Mylossoma duriventre, Prochilodus nigricans, Brycon amazonicus, Pseudoplatystoma fasciatum). RESULTADOS O tamanho estimado das populações das espécies avaliadas e a porcentagem explorada é apresentada a seguir: Semaprochilodus insignis 271.734 indivíduos (2,35 % explorada – 6.380 indivíduos capturados); Mylossoma aureum 502.195 indivíduos (1,81% explorada – 9.108 indivíduos capturados); Mylossoma duriventre 223.671 indivíduos (3.61% explorada – 8.079 indivíduos capturados); Prochilodus nigricans 28.058 indivíduos (6,82% explorada – 1.914 indivíduos capturados); Brycon amazonicus 60.707 indivíduos (2,07% explorada – 1.259 indivíduos capturados); e Pseudoplatystoma fasciatum 17.879 indivíduos (3,26% explorada – 583 indivíduos capturados). Com relação às linhas de tendência dos modelos gerados, é possível visualizar linhas descendentes (S. insignis, M. aureum, M. duriventre e F. fasciatum), e linhas ascendentes (P. nigricans e B. amazonicus). DISCUSSÃO Estas linhas de tendência, conforme apontam Lorenzen et al. (2016), guardam informações essenciais a respeito do nível adequado de explotação de determinadas espécies. Teoricamente, até certo ponto, dado uma quantidade de esforço, a linha de tendência, ou seja, a capturabilidade, vai tender a subir. Nestes casos, quanto mais esforço se aplicar, maior tenderá a ser a captura. Este comportamento irá se repetir até que se atinja um pico máximo, ou seja, o máximo rendimento sustentável (MSY), ocasião em que, a partir da qual, a captura tenderá a diminuir conforme mais esforço for aplicado (LORENZEN et al., 2016). Os dados aqui gerados, desta forma, sugerem que as espécies que possuem uma linha de tendência de capturabilidade ascendente (P. nigricans e P. fasciatum), ainda não atingiram sua capacidade de suporte, ou seja, ainda é possível se obter um rendimento maior se mais esforço for aplicado. Paralelamente, esta lógica se aplica as espécies que apresentaram uma linha de tendência para capturabilidade descendente, ou seja, estas já ultrapassaram do MSY ideal. Baseado nos valores estimados, é possível visualizar os resultados obtidos sob uma outra perspectiva. Invariavelmente, ao considerar as capturabilidades, esforços médios e capturas das espécies aqui avaliadas, é possível inferir os primeiros valores de tamanhos de estoque para região a partir do refinamento da pesca, sem recorrer a técnicas que se valem de dados escassos. Apesar do que as linhas de tendência sugeriram, é possível observar que a porcentagem explorada das populações, em todos os casos, é de menos de 7% da população total estimada. Com os resultados obtidos, alguns questionamentos surgem: qual a capacidade de suporte de uma população para exploração sem haja prejuízos para a atividade ou a manutenção dos estoques naturais? À primeira vista, as informações geradas sugerem que a atividade pesqueira na região é passível de investimentos, visto que nenhuma das populações analisadas alcançaram 10% de exploração. Por fim, vale mencionar que o método desenvolvido por Mao (2007) leva em consideração a estimativa de populações em ambientes fechados. Assim, a influência da sazonalidade de produção, ciclos hidrológicos, ciclos de migração, entre outros, não foram considerados no presente estudo. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer o Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira da Universidade Federal do Amazonas – LIOP/UFAM; a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM através da chamada pela Chamada Transnacional Conjunta BiodivRestore 2020-2021 (Resolução N° 016/2020); a Rede Ciencia Ciudadana para la Amazonía; e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio. REFERÊNCIAS LOURENÇO, I. H.; ANJOS, M. R.; BARREIROS, J. P. Low-cost technology for fish monitoring applied to the fishing of two species of pacu in Amazonas, Brazil. Boletim do Instituto de Pesca, v. 46, n. 2, 2020. MAO, C. X. Estimating population sizes by catch-effort methods. Statistical Methodology, v. 4, p. 111-119, 2007. SILVA JÚNIOR, U. L. S.; RASEIRA, M. B.; RUFFINO, M. L.; BATISTA, V. S.; LEITE, R. G. Estimativas do Tamanho do Estoque de algumas Espécies de Peixes Comerciais da Amazônia a partir de Dados de Captura e Esforço. Biodiversidade Brasileira, v. 7, n. 1, p. 105-121, 2017. LORENZEN, K.; COWX, I. G.; ENSUA-MENSAH, R. E. M.; LESTER, N. P.; KOEHN, J. D.; RANDALL, R. G.; SO, N.; BONAR, S. A.; BUNNELL, D. B.; VENTURELLI, P.; BOWER, S. D.; COOKE, S. J. Stock assessment in inland fisheies: a foundation for sustainable use and conservation. Reviews in Fish Biology and Fisheries, v. 26, p. 405- 440, 2016 LOPES, G. C. S.; FREITAS, C. E. C. Avaliação da pesca comercial desembarcada em duas cidades localizadas no rio Solimões – Amazonas. Biota Amazônia, v. 8, n. 4, 2018. SU, G.; LOGEZ, M.; XU, J. TAO, S.; VILLÉGER, S.; BROSSE, S. Human impacts on global freshwater fish biodiversity. Science, v. 371, n. 6531, p. 835-838, 2021. FRITZGERALD, C. J.; DELANTY, K.; SHEPHARD, S. Inland fish stock assessment: Applying data-poor methods from marine systems. Fisheries Management and Ecology, v. 25, n. 4, p. 240-252, 2018.
Título do Evento
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Título dos Anais do Evento
Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOURENÇO, Igor Hister et al.. ESTIMATIVA DOS ESTOQUES PESQUEIROS DE SEIS ESPÉCIES DE INTERESSE COMERCIAL NO MÉDIO MADEIRA, SUDOESTE DA AMAZÔNIA.. In: Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/496132-ESTIMATIVA-DOS-ESTOQUES-PESQUEIROS-DE-SEIS-ESPECIES-DE-INTERESSE-COMERCIAL-NO-MEDIO-MADEIRA-SUDOESTE-DA-AMAZONIA. Acesso em: 16/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes