EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE UM TESTE PILOTO DE PROJETO DE CIÊNCIA CIDADÃ COM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

Publicado em 26/09/2022 - ISBN: 978-65-5941-785-8

Título do Trabalho
EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE UM TESTE PILOTO DE PROJETO DE CIÊNCIA CIDADÃ COM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Autores
  • Gustavo Bellini Monteiro
  • Natalia Pirani Ghilardi Lopes
Modalidade
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã - Resumo expandido
Área temática
Desenvolvimento, metodologias e aplicações de projetos de ciência cidadã
Data de Publicação
26/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/489880-experiencia-de-aplicacao-de-um-teste-piloto-de-projeto-de-ciencia-cidada-com-estudantes-do-ensino-medio
ISBN
978-65-5941-785-8
Palavras-Chave
Fenologia, Protocolo de Ciência Cidadã, Piloto
Resumo
Tipo de estudo: Relato de experiência Instituições/Afiliações dos autores: Universidade Federal do ABC RESUMO A ciência cidadã (CC) envolve a participação do público na ciência, através de protocolos que envolvem coletas de dados para se responder perguntas científicas. Esses protocolos precisam ser testados e aperfeiçoados por meio de testes-piloto. O presente trabalho visa relatar e refletir sobre a experiência de aplicação do teste-piloto de um protocolo de CC sobre fenologia de árvores para estudantes do ensino médio. A maioria dos estudantes que participaram concordou que puderam aprender mais sobre as fenofases e ciclo de vida das plantas. A partir do teste-piloto constatou-se a necessidade, para o protocolo definitivo: 1. da inclusão de uma etapa de treinamento mais detalhada para a coleta de dados pelos estudantes, 2. de mudanças no formulário de coleta de dados para torná-lo mais claro e objetivo e 3. da inclusão do projeto numa plataforma on-line de CC. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO/CONTEXTUALIZAÇÃO A Ciência Cidadã é definida como o trabalho científico realizado em conjunto com o público em geral para promover a ciência, instigar a mentalidade científica, assim como o engajamento democrático, ajudando a sociedade a lidar racionalmente com os problemas modernos complexos (CECCARONI et al., 2017). Muitos projetos de ciência cidadã podem ser desenvolvidos em escolas de educação básica, inseridos em sequências de ensino investigativas (SEI), permitindo aos estudantes compreensão dos conteúdos e contato com a construção do conhecimento científico (CARVALHO, 2013). Protocolos de ciência cidadã especificam quando, onde e como os dados devem ser coletados para se responder a uma pergunta científica. Esses protocolos devem ser fáceis de se executar, claros, diretos e envolventes (BONNEY et al., 2009). Para que isso ocorra é importante que sejam testados por meio de testes-piloto, cujo objetivo é testar a exequibilidade do protocolo, sua adequação, utilidade e clareza ao seu público (PHILLIPS et al., 2014). No presente trabalho, será relatada a aplicação do teste-piloto de um protocolo de ciência cidadã sobre fenologia de árvores, realizado com estudantes de 3ª série do ensino médio de uma escola pública estadual no município de São Paulo. Ainda, serão apresentadas reflexões sobre alguns pontos a serem modificados ou retirados para o protocolo definitivo e algumas percepções dos estudantes quanto às suas participações. DESENVOLVIMENTO O teste-piloto do protocolo foi aplicado dentro de uma SEI, com objetivo de que os estudantes aprendam sobre a reprodução e ciclo de vida das angiospermas por meio de observações fenológicas, já que esse assunto é complexo para se ensinar e que os estudantes têm mais dificuldade dentro da Botânica (MACEDO et al., 2012). A SEI ocorreu entre agosto e novembro de 2021, em 11 aulas, divididas da seguinte forma: Aula 1 - Aplicação de questionário inicial individual e formulação de hipóteses em grupo para a questão-problema norteadora da SEI, relacionada com a ausência de frutificação em paineiras de locais com iluminação noturna. Aula 2 - Explicação expositiva sobre as fenofases das plantas e apresentação da folha de coleta de dados e da pergunta científica do protocolo: Que possíveis fatores influenciam na mudança da fase de floração para frutificação? Aulas 3, 4, 5 e 8 - Observações fenológicas mensais (em grupo) de duas árvores da escola (pata-de-vaca e sibipiruna). Em cada observação, os grupos de estudantes preencheram uma folha de coleta de dados, com informações do local (condições do tempo, intensidade do vento, presença de animais e interferência humana) e marcação da fenofase predominante (ou transição) da árvore, além de tirarem fotos. Aula 6 - Explicação expositiva sobre a importância das plantas e o conceito de cegueira botânica, com posterior discussão sobre o assunto. Aula 7 - Exposição de um vídeo sobre o ciclo de vida das angiospermas. Aula 9 - Os grupos analisaram os dados coletados e observaram que apenas a pata-de-vaca apresentou alteração na proporção de frutos e flores ao longo do tempo. Além disso, chegaram à conclusão de que o único fator que poderia ter influenciado na mudança das fenofases seriam os animais, já que eles fazem a polinização. Aula 10 - Os grupos confeccionaram, com auxílio do professor, um cartaz com o ciclo de vida da pata-de-vaca com fotos tiradas por eles e fichas com conceitos aprendidos na aula 7. Aula 11 - O professor retomou a questão-problema e explicou que a resposta para a ausência de frutificação nas paineiras seria justamente a polinização, já que a iluminação noturna afastava os morcegos, que eram os agentes polinizadores. Feito isso, os grupos responderam se suas hipóteses (Aula 1) foram rejeitadas ou corroboradas. Finalmente, cada aluno escreveu um texto que deveria conter três termos-chave (fenofases, ciclo de vida e polinização) e depois respondeu ao questionário final. RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS O teste-piloto foi realizado com 35 estudantes, sendo que 29 marcaram ter “gostado muito” das observações fenológicas e 19 concordaram que aprenderam sobre as fenofases e ciclo de vida. Esses dados são positivos e reforçam o quanto aulas ao ar livre e projetos com metodologias ativas despertam o interesse dos estudantes. Após uma reflexão sobre o desenvolvimento e os resultados do teste-piloto, algumas alterações foram propostas no protocolo: 1) Os questionários inicial e final foram reduzidos, deixando-os com perguntas mais diretas que permitam uma avaliação clara dos objetivos de aprendizagem, bem como com perguntas que tragam respostas comparáveis antes e depois da participação no projeto. 2) A questão-problema foi reformulada, passando a fornecer mais dados aos estudantes a fim de se evitar muitas hipóteses e explicações que não possam ser testadas apenas com as observações fenológicas. 3) A aula 6 foi excluída, pois ficou sem conexão com outras aulas da SEI. Apesar disso, optou-se por manter uma questão nos questionários que avalia se a participação no projeto fez com que os estudantes reparassem mais nas plantas no cotidiano. 4) Uma aula de treinamento para as observações fenológicas foi incluída. Os treinamentos são fundamentais, já que permitem que os participantes ganhem confiança em suas habilidades de coleta de dados (BONNEY et al., 2009), gerando dados com mais qualidade. No piloto constatou-se que os estudantes não tinham o olhar treinado, focando as observações no tronco das árvores, ao invés das copas e que não tinham o cuidado necessário com a qualidade das fotos. No treinamento eles serão orientados quanto a isso e aprenderão a usar binóculos, que serão necessários já que as árvores são altas e alguns visitantes florais podem passar despercebidos. 5) O formulário de coleta de dados foi alterado com: a. inclusão de uma questão sobre a condição do tempo na semana anterior a da observação, para ampliar o entendimento dos participantes sobre a dinamicidade neste fator; b. Alteração do campo para preenchimento das quantidades e proporções de folhas, flores e frutos, facilitando a posterior análise dos dados; c. Inclusão de um campo para o fator “intensidade do vento” separado para cada árvore e d. Especificação de que apenas visitantes florais seriam observados, sendo necessário o registro da presença ou ausência deles, e quando possível a identificação. 6) O protocolo foi incluído na plataforma de ciência cidadã Anecdata (https://www.anecdata.org/projects/view/1061), respeitando-se o princípio de que dados e metadados de projetos de ciência cidadã devem ser publicados e divulgados, principalmente de forma aberta (ROBINSON et al., 2018). Para a aplicação definitiva do protocolo, os estudantes receberão uma aula de treinamento sobre como submeter e visualizar os dados na plataforma. 7) A aula de sistematização e análise dos dados foi reformulada para que os estudantes futuramente possam visualizar as mudanças de fase e, a partir do exercício final de representação do ciclo de vida das angiospermas, possam chegar à conclusão sobre a importância dos polinizadores apenas com base nos dados coletados, uma vez que no teste-piloto isso não ocorreu, sendo necessário o auxílio do professor. AGRADECIMENTOS Agradecemos à direção da E.E. Capitão Pedro Monteiro do Amaral por autorizar e apoiar a execução do projeto dentro das dependências da unidade escolar. REFERÊNCIAS BONNEY, R.; COOPER, C.B.; DICKINSON, J.; KELLING, S.; PHILLIPS, T.; ROSENBERG, K. V.; SHIRK, J. Citizen Science: a developing tool for expanding science knowledge and scientific literacy. BioScience, v. 59, n. 11, p. 977-984, 2009. CARVALHO, A. M. P. O ensino de ciências e a proposição de sequências de ensino investigativa. In: Carvalho, A. M. P. (org.). Ensino de Ciências por Investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo, Cengage Learning, 2013. CECCARONI, L.; BOWSER, A.; BRENTON, P. Civic Education and Citizen Science: Definitions, Categories, Knowledge Representation. In: Ceccaroni, L. e Piera, J. eds. Analyzing the Role of Citizen Science in Modern Research. 2017. p. 1-23. MACEDO, M.; KATON, G. F.; TOWATA, N.; URSI, S. Concepções de professores de Biologia do ensino médio sobre o ensino aprendizagem de Botânica. In: ENCONTRO IBERO-AMERICANO SOBRE INVESTIGAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 4., 2012, Porto Alegre. Anais do 4º Encontro Ibero-Americano sobre Investigação em Ensino em Ciências. Porto Alegre: URFGS, 2012. PHILLIPS, T. FERGUSON, M. MINARCHEK, M. PORTICELLA, N. BONNEY, R. User’s Guide for Evaluating Learning Outcomes in Citizen Science. Ithaca, New York: Cornell Lab of Ornithology. 2014. ROBINSON, L. D.; CAWTHRAY, J. C.; WEST, S. E.; BONN, A.; ANSINE, J. Ten principles of citizen science. In: Citizen science: Innovation in open science, society and policy. UCL Press, 2018. p. 27-40.
Título do Evento
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Título dos Anais do Evento
Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MONTEIRO, Gustavo Bellini; LOPES, Natalia Pirani Ghilardi. EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE UM TESTE PILOTO DE PROJETO DE CIÊNCIA CIDADÃ COM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO.. In: Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/489880-EXPERIENCIA-DE-APLICACAO-DE-UM-TESTE-PILOTO-DE-PROJETO-DE-CIENCIA-CIDADA-COM-ESTUDANTES-DO-ENSINO-MEDIO. Acesso em: 21/06/2025

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