MONITORAMENTO DA “SAÚDE” DOS COSTÕES ROCHOSOS DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS POR MEIO DE CIÊNCIA CIDADÃ

Publicado em 26/09/2022 - ISBN: 978-65-5941-785-8

Título do Trabalho
MONITORAMENTO DA “SAÚDE” DOS COSTÕES ROCHOSOS DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS POR MEIO DE CIÊNCIA CIDADÃ
Autores
  • Eduardo Godoy
  • Fernando Lamego
Modalidade
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã - Resumo expandido
Área temática
Desenvolvimento, metodologias e aplicações de projetos de ciência cidadã
Data de Publicação
26/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/488096-monitoramento-da-saude-dos-costoes-rochosos-da-estacao-ecologica-de-tamoios-por-meio-de-ciencia-cidada
ISBN
978-65-5941-785-8
Palavras-Chave
Monitoramento, costões rochosos, unidade de conservação, Reef Check, cientistas cidadãos
Resumo
Tipo de estudo: Estudo de caso Instituições/Afiliações dos autores: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Universidade Federal Fluminense (UFF) RESUMO No Brasil, o protocolo de monitoramento de recifes de coral Reef Check foi iniciado em 2002 e adaptado para os recifes de coral brasileiros e, desde 2011, foi adotado como protocolo padrão de monitoramento dos recifes de coral nas Unidades de Conservação Marinhas Federais por parte do ICMBio. Procurou-se adaptar o protocolo Reef Check Brasil para uso no monitoramento dos costões rochosos. Nesse contexto, foi elaborado pelo ICMBio local um projeto de monitoramento do costão rochoso na Estação Ecológica de Tamoios, localizada da Baía da Ilha Grande, sobre a influência do efluente térmico da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto de Angra dos Reis/RJ na biodiversidade marinha. A pergunta básica do estudo é: Qual o impacto sobre a saúde da comunidade do costão rochoso da ESEC Tamoios nas áreas sob influência da pluma térmica. A premissa desse estudo foi envolver a comunidade local desde a elaboração do projeto, na capacitação, obtenção de resultados até a discussão de propostas de manejo, visando formar multiplicadores em conservação marinha. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO/ CONTEXTUALIZAÇÃO A baía da Ilha Grande foi considerada de importância biológica extremamente alta pelo Ministério do Meio Ambiente e ações visando inventariar a sua biota, manejar os seus recursos e criar unidades de conservação foram recomendadas (MMA, 2007). Por outro lado, essa região é caracterizada por diversos usos antrópicos de sua lâmina d’água como o turismo de lazer náutico, aquicultura, fundeio de navios da indústria do petróleo, usinas nucleares, portos e estaleiro. Para completar esse complexo cenário, as margens da baía abrigam vilas, bairros e cidades que cresceram de forma desordenada ocupando encostas, margem de rios e manguezais. A eutrofização, devido aos esgotos lançados in natura, é evidente nas baías de Angra dos Reis, Paraty e Jacuecanga (Costa, 1998 apud Creed et al, 2007). Além disso, mais recentemente, a crise climática vem agravando o problema com a incidência de tempestades que causam deslizamentos de encostas e aceleram o assoreamento de rios e praias na região. No intuito de contribuir para a conservação da baía, foi criada em 1990 a Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), por meio do Decreto Federal n° 98.864/1990, localizada entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty. Sua área inclui 29 ilhas, lajes e rochedos e seus respectivos entornos marinhos com raio de 1 Km, representando 5,69% da baía da Ilha Grande. Essa área marinha protegida tem o objetivo de proteger integralmente suas ilhas e ecossistemas para a realização de pesquisa e monitoramento dos ambientes insulares e marinhos da região. Atualmente a ESEC Tamoios avançou na implantação do seu Plano de Manejo principalmente na parte de regularização fundiária, gestão socioambiental, proteção e manejo. Entretanto, a avaliação da efetividade da gestão da unidade de conservação utilizando o monitoramento de um ecossistema ou de alguma espécie alvo ainda não havia recebido a devida atenção. Nesse contexto, foi iniciado em 2017 um projeto que visava avaliar a efetividade da gestão da ESEC Tamoios estudando a "saúde" do ecossistema de costão rochoso no interior da unidade de conservação e seu entorno. A premissa desse estudo foi envolver a comunidade local desde a elaboração do projeto até sua conclusão visando formar multiplicadores em conservação marinha. Foi escolhida a metodologia do Programa de Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil - ReefCheck Brasil (Ferreira e Maida, 2006), com algumas modificações para se adequar as características dos costões rochosos da região. Trata-se de um protocolo utilizado internacionalmente para pesquisar a saúde dos recifes de corais realizado por cientistas cidadãos voluntários (reefcheck.org). DESENVOLVIMENTO Em 2017 o projeto “Avaliação da efetividade da gestão da Estação Ecológica de Tamoios por meio do estudo do substrato e da comunidade de peixes de costão rochoso” foi aprovado no edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica - PIBIC/ICMBio daquele ano e uma aluna de graduação da Angra dos Reis (CEDERJ/UFRJ) recebeu uma bolsa de estudos para desenvolver o projeto sob orientação de um funcionário do ICMBio. Para executar os três levantamentos previstos no protocolo Reef Check: ictiofauna, invertebrados/impactos e substrato foi mobilizado 4 voluntários e 3 funcionários do ICMBio. Desde o início três centros de mergulho, dois em Angra e um em Paraty, apoiaram as atividades do projeto. Em 2019 a segunda etapa do projeto foi desenvolvida por outra aluna de graduação (IEAR/UFF) que também recebeu apoio do PIBIC/ICMBio e aproveitou o trabalho para defender sua monografia intitulada “A importância de áreas protegidas para a conservação de ecossistemas de costões rochosos na baía da Ilha Grande - Rio de Janeiro“. Em 2020 o escopo do projeto sofreu alterações para estudar, de forma preliminar, a influência da pluma térmica das usinas nucleares na biodiversidade dos costões rochosos da região. Essa etapa foi marcada por ocorrer em pleno período de pandemia de COVID 19, desta forma foi realizado um processo de capacitação no protocolo Reef Check mais abrangente em 2021, inicialmente de forma virtual (parte teórica) e, posteriormente, com o avanço da vacinação contra o coronavírus, 5 campanhas de aulas práticas foram realizadas para formar 19 mergulhadores aptos a realizar os levantamentos do protocolo Reef Check. Em 2021 uma segunda monografia foi apresentada utilizando os dados do projeto intitulada “Monitoramento da biodiversidade marinha como ferramenta de avaliação de áreas protegidas na Baía da Ilha Grande – Rio de Janeiro/RJ” (Pessoa, 2021). RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS Em quase cinco anos o projeto “Reef Check Costão ESEC Tamoios” alcançou importantes resultados técnicos e científicos, bem como de capacitação e mobilização da comunidade local para conservação marinha. É o único projeto de monitoramento da biodiversidade marinha, na Estação Ecológica de Tamoios, protagonizado pelo ICMBio. Nesse trabalho existe uma preocupação de envolver a comunidade local por meio da ciência cidadã. Como todo o trabalho depende de atividades de mergulho autônomo (SCUBA) naturalmente parcerias com os centros de mergulho foram desenvolvidas. Até o momento três centros de mergulho de Angra os Reis e Paraty se envolveram com o projeto. No caso da parceria com a Aquamaster (@pousadaaquamaster) e Canto do Ilé (https://cantodoile.com.br/) os proprietários/empresários são também voluntários do projeto e ajudam na coleta de dados. Outro ponto marcante foi o aumento de funcionários do ICMBio que se envolveram com o projeto. Inicialmente com 3, atualmente existem 6 funcionários realizando os levantamentos, mas, ao todo, 9 foram capacitados a trabalhar com o protocolo Reef Check. Tal resultado coloca o ICMBio local e a Estação Ecológica de Tamoios em posição de destaque perante o projeto Reef Check Brasil e o Programa Monitora do ICMBio (componente ambientes recifais e ilhas). Em 2021 foi formatada uma capacitação mais ampla para o projeto. A parte teórica ocorreu de forma virtual em dois dias (18 e 19/05/2021), totalizando 8 horas/aula, contou com a participação de 40 pessoas entre instrutores/palestrantes e alunos. O evento mobilizou representantes do projeto Reef Check Brasil (UFPE e IRCOS), Projeto Coral Vivo, além do ICMBio. Foram realizadas 5 campanhas de mergulho entre os meses de junho a outubro de 2021 para capacitar os alunos inscritos que manifestaram interesse na parte prática. No total 19 pessoas participaram das campanhas: servidores públicos do ICMBio, IBAMA, INEA e FIPERJ e CNEN além de estudantes universitários, proprietários de centros de mergulho e funcionários de empresa Eletronuclear. As saídas de campo foram realizadas em parceria com os centros de mergulho mencionados acima. Nessa fase, o projeto começou a contar com a colaboração de um professor do Programa de Biologia Marinha e Ambientes Costeiros da UFF. Duas monografias, uma monografia de especialização e uma dissertação de mestrado em desenvolvimento foi a produção técnico/científica do projeto. Pretende-se dar continuidade ao projeto de forma a integrar os dados coletados na região da ESEC Tamoios ao Programa Monitora do ICMBio, bem como ao projeto Reef Check Brasil. Outros possíveis desdobramentos seriam estabelecer uma interconexão dessa base de dados com a plataforma OBIS (Ocean Biodiversity Information System) e a criação de um banco de imagens do projeto. Assim, a iniciativa local se conectará aos programas de monitoramento de ambientes recifais desenvolvidos em nível nacional e internacional. AGRADECIMENTOS Ao ICMBio pelo apoio financeiro e de pessoal para as atividades do projeto. Aos centros de mergulho Sotto Mare e Aquamaster de Angra dos Reis e Canto do Ilé de Paraty por disponibilizar embarcações adaptadas ao mergulho e equipamentos de mergulho. A Eletronuclear pelo apoio náutico. REFERÊNCIAS Creed, J. C.; Pires, D. O.; Figueiredo, M. A. O. Biodiversidade Marinha da Baía da Ilha Grande. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 2007. Ferreira, B. P.; Maida, M. Monitoramento dos recifes de coral do Brasil. Série Biodiversidade 18. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 2006. MMA. Áreas prioritárias para conservação, uso sustentável, repartição de benefícios da biodiversidade brasileira: atualização – Portaria MMA no 9, de 23 de janeiro de 2007. Série Biodiversidade 31. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 2007. Pessoa, L. A. Monitoramento da biodiversidade marinha como ferramenta de avaliação de áreas protegidas na Baía da Ilha Grande – Rio de Janeiro/RJ. Monografia (Curso de Especialização) - Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Pós-graduação Lato Sensu em Análise Ambiental e Gestão do Território, 2021.
Título do Evento
II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Título dos Anais do Evento
Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GODOY, Eduardo; LAMEGO, Fernando. MONITORAMENTO DA “SAÚDE” DOS COSTÕES ROCHOSOS DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE TAMOIOS POR MEIO DE CIÊNCIA CIDADÃ.. In: Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022/488096-MONITORAMENTO-DA-SAUDE-DOS-COSTOES-ROCHOSOS-DA-ESTACAO-ECOLOGICA-DE-TAMOIOS-POR-MEIO-DE-CIENCIA-CIDADA. Acesso em: 18/07/2025

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