MÁRIO NAVARRO DA COSTA E RODOLFO PINTO DO COUTO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE SUAS ESTRATÉGIAS E ARTICULAÇÕES ENTRE PORTUGAL E BRASIL (1911-1945)

Publicado em 04/07/2022 - ISBN: 978-65-5941-738-4

Título do Trabalho
MÁRIO NAVARRO DA COSTA E RODOLFO PINTO DO COUTO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE SUAS ESTRATÉGIAS E ARTICULAÇÕES ENTRE PORTUGAL E BRASIL (1911-1945)
Autores
  • Natália Cristina de Aquino Gomes
Modalidade
Apresentação de comunicação
Área temática
24 - Ideias em Trânsito: o Brasil oitocentista em dinâmicas transnacionais (Luiz Estevam de Oliveira Fernandes - UNICAMP)
Data de Publicação
04/07/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivseoivencontroposgraduandos/480424-mario-navarro-da-costa-e-rodolfo-pinto-do-couto--consideracoes-iniciais-sobre-suas-estrategias-e-articulacoes-ent
ISBN
978-65-5941-738-4
Palavras-Chave
Arte brasileira, arte portuguesa, articulações, Mário Navarro da Costa, Rodolfo Pinto do Couto.
Resumo
A relação entre Brasil e Portugal é datada há mais de quatro séculos, desde 1500, época do descobrimento. De colônia à Brasil independente, as relações entre os países mantiveram-se estreitas no Primeiro e Segundo Reinado, conservando-se no âmbito da política e da cultura após a Proclamação da República. O intercâmbio comercial, político e cultural luso-brasileiro há muito tempo desperta o interesse de pesquisadores oriundos destes dois países e de estudiosos em geral. O campo de estudos dedicado às artes e aos seus agentes (Academias, Liceus, pintores, exposições, colecionismo, entre outros) partilha deste interesse e, nos últimos anos, observamos uma série de iniciativas para fomentar o contato entre pesquisadores voltados a essas temáticas, especialmente na área da circulação e transferência artística. Nosso interesse de pesquisa se desenvolve nesse cenário e deriva da realização de uma viagem de pesquisa para Portugal, no ano de 2018 no período do mestrado, a fim de compreender algumas questões relativas à representação de pintores e escultores em Portugal e os possíveis diálogos com o Brasil. Diante deste preâmbulo, essa proposta de comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa de doutorado intitulada “Mário Navarro da Costa e Rodolfo Pinto do Couto: produção artística e protagonismo nas relações entre Portugal e Brasil (1911-1945)”, iniciada em 2021, no Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (PPGHA-UNIFESP), sob orientação da Profa. Dra. Elaine Dias. Neste estudo, investigamos as atividades e iniciativas promovidas pelo pintor e diplomata Mário Navarro da Costa (1883-1931) em Portugal no período de sua atuação no consulado de Lisboa (1916-1918) e, posteriormente, em seu retorno ao Brasil. Por outro lado, pesquisamos a longa permanência do escultor Rodolfo Pinto do Couto (1888-1845) no Brasil, desde sua chegada em 1911 até 1936, época em que data seu retorno para Portugal, quando continua atuante no fortalecimento do contato entre os dois países. A análise de sua atuação é levada até 1945, ano de seu falecimento na cidade do Porto. Temos como hipótese que estes dois personagens atuaram significativamente, em termos diplomáticos e produtivos, na consolidação de uma relação advinda da presença de artistas portugueses no Brasil e com as relações entre brasileiros e portugueses em formação na Europa. Nesta ocasião, apresentaremos algumas considerações iniciais sobre o tema, a partir dos avanços obtidos até o momento, a fim de estabelecer o debate com pesquisadores e estudiosos que possam contribuir para o aprofundamento desse estudo. Adiantamos, assim, alguns apontamentos acerca da passagem do pintor brasileiro Mário Navarro da Costa pelo consulado de Lisboa, cargo que o permitiu acesso ao meio artístico local, assim como o desenvolvimento de amizades com reconhecidos artistas portugueses do período. Alguns destes o registraram em retratos como sinal de homenagem e não pouparam elogios a produção artística do pintor brasileiro presente nas exposições da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1916 e 1917), em Lisboa. Objetivamos, assim, evidenciar a importância da passagem de Navarro da Costa em Portugal para aproximação artística entre os dois países historicamente unidos. Tendo em vista a função consular que justificava sua presença em Lisboa, o pintor usufruiu de sua posição para tornar-se um “Embaixador da arte brasileira” em Portugal. Desta forma, foi o primeiro pintor brasileiro a participar de uma exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa no ano de 1916, obtendo a medalha de ouro, por uma de suas três obras expostas na ocasião. Nesse período, promoveu relevante divulgação da arte brasileira nos periódicos luso-brasileiros, dos quais atuou como colaborador. Estas e outras estratégias promovidas por Navarro da Costa serão analisadas, a fim de destacar todos os esforços deste pintor brasileiro, especializado em marinhas, para a promoção da arte brasileira em Portugal e no intercâmbio artístico entre os dois lados do Atlântico. De acordo com o periódico carioca “O Paiz”, em março de 1916 partia para a Europa o pintor Navarro da Costa junto a sua família, a fim de ocupar cargo auxiliar no consulado de Lisboa. O pintor brasileiro ingressou na carreira de diplomata em 1914, assumindo cargo no consulado brasileiro em Nápoles, na Itália. Neste período, para além dos afazeres consulares, também se dedicou à sua arte e a visitar museus e ateliês de artistas. Contudo, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, foi transferido para o consulado de Lisboa e por lá, igualmente, obteve boa recepção no ambiente artístico, sendo o primeiro pintor brasileiro a participar de uma exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa no ano de 1916. Na exposição lisboeta de 1917, Navarro da Costa, novamente, marca presença expondo oito obras e chamamos atenção ao fato do pintor português Arthur Alves Cardoso (1882-1930) apresentar a tela “Retrato do pintor brasileiro Navarro da Costa”, também reproduzida na “Ilustração Portugueza”, de 28 de maio de 1917, sendo esta uma clara evidência da boa relação mantida entre o pintor brasileiro com os artistas portugueses, como Columbano (1857-1929), Malhoa (1854-1933), Carlos Reis (1866-1940) e Sousa Pinto (1856-1939). Para além da participação nas exposições coletivas da Sociedade Nacional de Belas-Artes, Navarro da Costa também realizou uma exposição individual na cidade do Porto, em 1917 e atuou como colaborador da revista luso-brasileira “Atlantida” e na revista lisboeta “Alma Nova”. Cabe ainda destacar que, após seu retorno ao Brasil, em agosto de 1918, continuaria empenhado a essa pauta, pois apresenta uma conferência no salão nobre do “Jornal do Commercio” intitulada “A arte em Portugal – Porque convem uma aproximação artistica entre os dois paizes irmãos”, a qual obteve boa repercussão nos periódicos cariocas e também nos lisboetas. Destacaremos assim, os feitos de um pintor brasileiro, dos quais nenhum outro havia alcançado no período e que justificam a importância do estudo da sua atuação diplomática em terras portuguesas em benefício da aproximação artística e cultural entre Portugal e Brasil. Paralelamente, do outro lado do Atlântico, veremos que o escultor português Rodolfo Pinto do Couto se estabelece no Brasil, após seu casamento com a escultora brasileira Nicolina Vaz de Assis (1874-1941), e trava contatos com o meio artístico local, desenvolvendo uma carreira bem sucedida no campo escultórico com uma larga produção ao longo dos 25 anos em que permaneceu em território brasileiro. Interessa-nos, assim, compreender a produção artística e a repercussão obtida pelo escultor português no Brasil, isto é, em qual medida Pinto do Couto contribuiu para uma aproximação artística entre Portugal e Brasil, levando em consideração o contínuo contato com a sua terra natal e a sua atuação junto ao ambiente artístico brasileiro. Tendo em vista que também foram noticiados em Portugal os feitos do escultor no Brasil, acreditamos que Pinto do Couto articulava essa divulgação, a fim de cravar seu espaço como um escultor português atuando no Brasil. Fato que justificaria, em seu retorno para Portugal, sua presença em ocupações como “secretário-geral do Grupo de Estudos Brasileiros no Porto e subdelegado no norte de Portugal da maior organização jornalística do Brasil – ‘Diários Associados’”, listadas no Memorial de Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto. Na mesma referência também são mencionadas as participações de Pinto do Couto em uma série de iniciativas, instituições e projetos no Rio de Janeiro e em São Paulo, das quais também beneficiariam os compatriotas portugueses no Brasil. Em Portugal, existem ainda indicações da publicação de um livro de memórias e de sua participação em um programa radiofônico, voltado para as relações culturais e econômicas entre Portugal e Brasil. Contudo, tais referências ainda estão por serem localizadas e consultadas. A questão da amizade também é um fator importante que levamos em consideração e que vinculará Portugal e Brasil por diversos momentos, como é o caso de seu mestre o escultor português António Teixeira Lopes (1866-1942), que em seu período de estudos em Paris travou amizade com Rodolfo Amoedo (1857-1941). Sabe-se que esta amizade perdurou e estendeu-se também para o seu discípulo, tendo em vista a proximidade entre Amoedo e Pinto do Couto e as produções que ambos realizaram em homenagem um ao outro. Nesse sentido, é de interesse compreendemos as relações travadas por Pinto do Couto em Portugal e no Brasil, a fim de identificar quais contatos foram levados para o Brasil, os desenvolvidos por aqui e aqueles que retornaram com ele para Portugal. Tais relações podem apontar a existência de redes de sociabilidades que reverberariam em possíveis iniciativas artísticas e culturais entre os dois países. Por fim, esperamos nesta comunicação apresentar os indícios iniciais que demonstram que Mário Navarro da Costa e Rodolfo Pinto do Couto foram articuladores de relações com seus pares entre Portugal e Brasil, afirmando a importância da arte de seus países em um diálogo com o campo artístico no qual se inseriam naquele momento, e igualmente produziram obras fundamentais para a compreensão de suas ações em exposições públicas e particulares, alcançando igualmente a atenção da crítica do período.
Título do Evento
IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Título dos Anais do Evento
Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, Natália Cristina de Aquino. MÁRIO NAVARRO DA COSTA E RODOLFO PINTO DO COUTO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE SUAS ESTRATÉGIAS E ARTICULAÇÕES ENTRE PORTUGAL E BRASIL (1911-1945).. In: Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...Campinas(SP) Unicamp, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVSEOIVEncontroPosGraduandos/480424-MARIO-NAVARRO-DA-COSTA-E-RODOLFO-PINTO-DO-COUTO--CONSIDERACOES-INICIAIS-SOBRE-SUAS-ESTRATEGIAS-E-ARTICULACOES-ENT. Acesso em: 30/06/2025

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