A APOSTA BENEDITINA NO TRÁFICO ATLÂNTICO DE ESCRAVIZADOS (RIO DE JANEIRO, PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX)

Publicado em 04/07/2022 - ISBN: 978-65-5941-738-4

Título do Trabalho
A APOSTA BENEDITINA NO TRÁFICO ATLÂNTICO DE ESCRAVIZADOS (RIO DE JANEIRO, PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX)
Autores
  • VITOR HUGO MONTEIRO FRANCO
Modalidade
Apresentação de comunicação
Área temática
08 - Tráfico, rotas, gentes, convés e portos: histórias afroatlânticas (Aldair Rodrigues - UNICAMP)
Data de Publicação
04/07/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivseoivencontroposgraduandos/480395-a-aposta-beneditina-no-trafico-atlantico-de-escravizados-(rio-de-janeiro-primeira-metade-do-seculo-xix)
ISBN
978-65-5941-738-4
Palavras-Chave
Tráfico de Escravos - Ordem de São Bento - Escravos da Religião
Resumo
Nas primeiras décadas do século XIX, os monges beneditinos faziam parte da ordem religiosa mais rica e poderosa do Império do Brasil. Tamanha riqueza tinha origem na exploração do trabalho dos chamados Escravos da Religião. Eles trabalhavam nas mais diversas funções, e estavam distribuídos em engenhos, olarias, fazendas de mantimentos, e na própria abadia carioca. Só na província do Rio de Janeiro, eles chegavam a ser mais de mil, entre africanos e crioulos. Isso deixava os beneditinos próximos ao topo da elite escravista não só da província fluminense, mas brasileira. Conhecidos como hábeis senhores de terras e escravizados, uma das vias utilizadas por estes clérigos para a reprodução dos escravizados foi, desde o século XVI, o tráfico transatlântico de africanos. Contrariando uma ideia bastante recorrente na historiografia nacional de que as ordens religiosas se valeram unicamente da reprodução natural para aumentar suas escravarias. A presente comunicação tentará compreender como a Ordem de São Bento se comportou no período de iminente fechamento do tráfico, entre as décadas de 1820 e 1830. Momento chave na história do Brasil recém independente e em que a escravidão estava em franco crescimento. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, entre os anos de 1790 e 1830, foi o maior porto escravista das Américas e possuía uma sociedade extremamente dependente do trabalho escravo. No entanto, mudanças consideráveis começaram a se delinear nas primeiras décadas do século XIX. Enquanto o país incrementava cada vez mais seus laços com o comércio de almas, as cidades brasileiras se tornavam progressivamente “cidades negras”, e as plantations no Sudeste crescentemente africanas. O período também ficou marcado pelos constantes embates em torno do fim do comércio transatlântico. E a projeção do fim do tráfico transatlântico de escravizados, que se discutia no Brasil desde pelo menos 1815 e que ganhava força no pós-1822, assombrava não só os senhores laicos, mas também os religiosos. Registros paroquiais, inventários, documentos burocráticos beneditinos apontam que os monges aderiram a “corrida” senhorial por mão de obra escravizada e continuaram investindo na escravidão mesmo em um cenário de incertezas. Entre os anos de 1829 e 1835, os beneditinos adquiriram, no mínimo, 40 africanos, distribuídos entre as suas três principais fazendas: Campos, Camorim e Iguassú. Boa parte desses africanos ainda eram muito jovens, e foram adquiridos pelos tumbeiros do maior traficante de escravizados da praça do Rio de Janeiro, Joaquim Antônio Ferreira. Ele e seu irmão, João Antônio Ferreira, atuaram, principalmente, na África Centro-Ocidental (Congo e Angola), e traficaram mais 30 mil escravizados, na primeira metade do século XIX. Deste modo, a presente comunicação tentará demonstrar como o destino destes africanos recém-chegados às fazendas beneditinas, dos monges e destes grandes traficantes de escravizados estavam entrelaçados, ainda em posições sociais completamente distintas.
Título do Evento
IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Título dos Anais do Evento
Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FRANCO, VITOR HUGO MONTEIRO. A APOSTA BENEDITINA NO TRÁFICO ATLÂNTICO DE ESCRAVIZADOS (RIO DE JANEIRO, PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX).. In: Anais do IV Encontro de Pós-Graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...Campinas(SP) Unicamp, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVSEOIVEncontroPosGraduandos/480395-A-APOSTA-BENEDITINA-NO-TRAFICO-ATLANTICO-DE-ESCRAVIZADOS-(RIO-DE-JANEIRO-PRIMEIRA-METADE-DO-SECULO-XIX). Acesso em: 23/05/2025

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