CADEIA GLOBAL DE PRODUÇÃO DO LÍTIO: O IMPERIALISMO COMO IMPASSE À REINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

Publicado em 14/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0268-4

DOI
10.29327/1363315.4-16  
Título do Trabalho
CADEIA GLOBAL DE PRODUÇÃO DO LÍTIO: O IMPERIALISMO COMO IMPASSE À REINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Autores
  • Lucas Fukami Bittencourt
  • Paulo Fernando Cirino Mourão
Modalidade
Resumo/Trabalho completo - Apresentação oral
Área temática
Eixo 2: (Geo)Políticas do Meio Ambiente, Gestão de Recursos e Sustentabilidades
Data de Publicação
14/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivcongeo/669506-cadeia-global-de-producao-do-litio--o-imperialismo-como-impasse-a-reindustrializacao-brasileira
ISBN
978-65-272-0268-4
Palavras-Chave
Lítio, Imperialismo, Neoextrativismo, Brasil, Política Industrial.
Resumo
Vivemos na era contemporânea a chamada transição energética, com fortes impactos na estrutura produtiva global. O uso intensivo de combustíveis fósseis tem sido apontado como um dos fatores responsáveis do aumento da emissão de dióxido de carbono na atmosfera, provocando drásticas mudanças no clima da Terra, acompanhado de desastres naturais e sociais. Uma das características principais dessa transição energética é o uso cada vez maior de energias renováveis. Porém, a energia deve ser retida em uma bateria e, até o momento, as baterias de íon-lítio são os mais eficientes e rentáveis ao mercado. Por isso, a demanda por lítio aumentou significativamente no decorrer dos anos. Há depósitos de lítio já identificados em diversos países, especialmente na América Latina, que desempenha papel fundamental nessa ascendente cadeia produtiva. Todavia, a história do continente foi marcada pela colonização e subordinação aos interesses das potências imperialistas, assumindo uma posição periférica na Divisão Internacional do Trabalho. O Brasil que havia construído um significativo parque industrial de 1930 a 1980, sofre um violento processo de desindustrialização nas últimas décadas, com a redução do PIB industrial, fechamento de empresas, perda de participação nas cadeias produtivas globais e alteração drástica na sua pauta de exportações, com a redução dos produtos industrializados. Enfim, de uma promessa de consolidação de uma indústria forte e pujante o país assiste a uma volta ao seu passado de país com economia baseada na exportação de commodities e passa ser mero consumidor dos produtos da Terceira e da Quarta Revolução Industrial. O principal objetivo do trabalho consiste em analisar a cadeia produtiva global do lítio, inferindo o papel que o Brasil assume, ao mesmo tempo em que a busca pela compreensão dos motivos que, mesmo com inúmeras riquezas naturais, continua secundário no mercado internacional. Dessa forma, analisar se é possível a entrada na cadeia de produção do lítio com maior valor agregado, além de fomentar a necessidade da retomada do processo de industrialização brasileira. Para isso, imperialismo, neoextrativismo, desindustrialização e política industrial foram conceitos-chave para elaboração da pesquisa. Partimos de uma revisão bibliográfica, com destaque para diferentes visões do conceito de imperialismo, partindo de autores clássicos como Nikolai Bukharin, Karl Kautsky, Rosa Luxemburgo e Vladimir Lenin, até os contemporâneos como David Harvey, Samir Amin e Juliane Furno. Para a discussão do neoextrativismo, recorremos a Maristella Svampa e Claudette Vitte. Como as mudanças climáticas estão no centro do debate da transição energética, buscamos obter dados e informações em documentos oficiais da ONU: IPCC, COP, PNUMA, OMM e qual o panorama que o IRENA fornece sobre as principais fontes de energia renovável e possíveis ações a serem utilizadas na transição energética. Quanto ao mercado de lítio, além da revisão bibliográfica, recorremos à base de dados de ministérios de diversos países como Chile, Bolívia, Argentina, Estados Unidos, entre outros e informações disponibilizadas pelos sites das principais empresas estudadas no ramo. Além de análise de estudos elaborados pela CEPAL e União Europeia. Com os dados adquiridos, elaboramos mapas e gráficos para ilustrar melhor o panorama da cadeia produtiva de lítio e baterias. A parte final consiste na discussão da importância de uma política industrial, coordenada pelo Estado, baseada na inovação tecnológica, que permita uma reindustrialização com sofisticação produtiva e controle nacional da cadeia produtiva de minerais estratégicos para o desenvolvimento capitalista atual. Aqui constatamos que as chamadas “janelas de oportunidades” abertas pela transição energética, supostamente para países periféricos capazes de produzir energias alternativas e com reservas de minérios estratégicos, como o lítio, são fortemente bloqueadas pelas nações centrais e suas empresas transnacionais, num típico movimento imperialista com sua face neoextrativista. Assim, no atual mercado do lítio, a participação brasileira consiste na exportação de minérios de baixo valor agregado e consumindo as baterias de alto valor fornecidas pelas empresas transnacionais, ocupando uma função secundária na cadeia produtiva do lítio. Uma melhor utilização desse valioso recurso mineral somente será possível com políticas industriais nacionalistas, fundamentadas na inovação e com investimento e regulamentação do setor pelo Estado brasileiro.
Título do Evento
IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (CONGEO)
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

BITTENCOURT, Lucas Fukami; MOURÃO, Paulo Fernando Cirino. CADEIA GLOBAL DE PRODUÇÃO DO LÍTIO: O IMPERIALISMO COMO IMPASSE À REINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA.. In: Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO. Anais...Sao Paulo(SP) USP, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVCONGEO/669506-CADEIA-GLOBAL-DE-PRODUCAO-DO-LITIO--O-IMPERIALISMO-COMO-IMPASSE-A-REINDUSTRIALIZACAO-BRASILEIRA. Acesso em: 03/06/2025

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