HILGARD O’REILLY STERNBERG E A AMAZÔNIA: UM POSSÍVEL PROJETO GEOPOLÍTICO.

Publicado em 14/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0268-4

Título do Trabalho
HILGARD O’REILLY STERNBERG E A AMAZÔNIA: UM POSSÍVEL PROJETO GEOPOLÍTICO.
Autores
  • Alan Daniel de Brito Mello
Modalidade
Resumo/Trabalho completo - Apresentação oral
Área temática
Eixo 1: Geografia Política e Geopolítica: dos Enfoques Clássicos às Renovações Contemporâneas
Data de Publicação
14/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivcongeo/659843-hilgard-oreilly-sternberg-e-a-amazonia--um-possivel-projeto-geopolitico
ISBN
978-65-272-0268-4
Palavras-Chave
Amazônia, Estado, Geopolítica, História da Ciência.
Resumo
O presente artigo pretende explorar a dimensão geopolítica da Região Amazônica contida na obra A água e o homem na várzea do Careiro (1956), do geógrafo brasileiro Hilgard O’Reilly Sternberg (1917-2011). Sob esta perspectiva, cabe ressaltar a importância de Sternberg para os estudos amazônicos entre 1950 e 1956, período no qual a ciência geográfica brasileira passa por um intenso processo de internacionalização, culminando na realização do XVIII Congresso Internacional de Geografia, sediado na cidade do Rio de Janeiro em 1956. Tal característica contextual se alinha à intensa tentativa do Estado Brasileiro em centralizar as ações do poder político sobre o território, principalmente no controle temático e financeiro das pesquisas científicas. Não por acaso, surge nesse período aparelhos institucionais de fomento à pesquisa, que visam estimular a produção intelectual no país, como por exemplo a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Conselho Nacional de Pesquisa (atual CNPq), as duas criadas em 1951. Somada a estas instituições, outra entidade pública torna-se responsável por estimular a pesquisa no Brasil, o Conselho Nacional de Geografia, cujo corpo técnico se mostrava altamente qualificado, possuindo como um dos seus membros Hilgard Sternberg. Ademais, sob o guarda-chuva da chamada Ciência Tropical, esta trama histórica (VEYNE, 1998) ainda possui um personagem que justifica a relevância geopolítica na obra supracitada, no caso, a influência do cientista francês Pierre Gourou (1900-1999) nos estudos de Sternberg. Em 1948, Sternberg o leva para um trabalho de campo na Amazônia brasileira, o qual inspira o geógrafo francófono a escrever o artigo “L’Amazonie: Problèmes Géographiques” (1949). Este artigo, de maneira geral, refere-se à localização de determinadas doenças, em especial as intituladas “enfermidades tropicais”, na Região Norte do Brasil, justificando, inclusive, o atraso econômico e social de determinados países. Assim, no interior de todo esse debate, configura-se uma problemática com a qual Sternberg, na condição de cientista e representante técnico do Estado, teve de equilibrar: os interesses geopolíticos e científicos à Região Amazônica. A ideia de levar civilização à Hileia brasileira permanecia forte na intelligentsia nacional, embora, sublinha Paulo Roberto A. Bomfim, esse discurso fosse antigo, reciclado, repleto de simbolismo em busca da chamada “marcha para o oeste”, em que o principal objetivo seria o preenchimento do vazio territorial (2007;2010). Esta premissa ganha lastro quando se nota, na documentação analisada, o uso excessivo dos verbos Integrar, Desenvolver e Dominar tanto em textos acadêmicos, como em discursos políticos, o que pode indicar o locus do perigoso equilíbrio temático com o qual os pesquisadores da época, entre eles, Sternberg, deveriam estar alinhavados. O sentido de integrar, na época, estaria mais próximo da noção de conexão entre as regiões do país; já o significado de desenvolver se associaria ao discurso econômico defendido por um Estado intervencionista; e, por fim, dominar se uniria à perspectiva de domínio da natureza selvagem. Esta última, por sua vez, ficaria a cargo dos cientistas, sobretudo os geógrafos. Por óbvio, estas três peculiaridades poderiam ganhar mais ou menos destaque a depender do clima político dominante. Com isso, na vastidão documental a respeito da geopolítica brasileira, o trabalho A água e o homem na várzea do Careiro, pode ser classificado como fruto desta harmonização temática, isto é, a obra faz parte de um conjunto de pesquisas que foi financiado pelo Estado, cujo interesse se manifestaria para além do acadêmico, ainda que o autor da obra discordasse dos pressupostos centralizadores do governo brasileiro.
Título do Evento
IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (CONGEO)
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MELLO, Alan Daniel de Brito. HILGARD O’REILLY STERNBERG E A AMAZÔNIA: UM POSSÍVEL PROJETO GEOPOLÍTICO... In: Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO. Anais...Sao Paulo(SP) USP, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVCONGEO/659843-HILGARD-OREILLY-STERNBERG-E-A-AMAZONIA--UM-POSSIVEL-PROJETO-GEOPOLITICO. Acesso em: 17/06/2025

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