A AMÉRICA LATINA SOB O “CONSENSO DE PEQUIM”: RELAÇÕES COMERCIAIS E PADRÃO DE ACUMULAÇÃO (2012-2021)

Publicado em 14/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0268-4

DOI
10.29327/1363315.4-14  
Título do Trabalho
A AMÉRICA LATINA SOB O “CONSENSO DE PEQUIM”: RELAÇÕES COMERCIAIS E PADRÃO DE ACUMULAÇÃO (2012-2021)
Autores
  • Glauber Lopes Xavier
Modalidade
Resumo/Trabalho completo - Apresentação oral
Área temática
Eixo 5: Integração Regional, Regionalismo e Novos Espaços de Cooperação e Conflito Internacional
Data de Publicação
14/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/ivcongeo/655975-a-america-latina-sob-o-consenso-de-pequim---relacoes-comerciais-e-padrao-de-acumulacao-(2012-2021)
ISBN
978-65-272-0268-4
Palavras-Chave
Consenso de Pequim, Padrão de acumulação, América Latina.
Resumo
Este trabalho visa apresentar alguns resultados de um projeto de pesquisa intitulado “Sino-imperialismo: estudo crítico sobre o crescimento econômico chinês e o sistema mundial”. O projeto tem como principal objetivo investigar em que medida as relações econômicas, comerciais e financeiras entre a China e as chamadas economias periféricas/semiperiféricas configuram uma espécie de sino-imperialismo, aprofundando as disparidades entre a China e os demais países. Nesses termos, buscou-se, aqui, problematizar fundamentalmente as relações comerciais entre a China e a América Latina e, assim, verificar se tais relações corroboram a tese recente de uma espécie de “Consenso de Pequim”. Por “Consenso de Pequim” (SVAMPA, 2013) entenda-se a cooperação por parte dos países periféricos/semiperiféricos a partir de um padrão de acumulação de capital baseado nas exportações de produtos primários, as chamadas commodities. Osório (2012) denominou este padrão de acumulação de “padrão exportador de especialização produtiva”, o qual, segundo o autor, estaria sendo reproduzido e paulatinamente aprofundado nas economias periféricas e, em especial, nas economias latino-americanas. Sabe-se que tais produtos possuem baixa ou nula incorporação tecnológica, isto é, valor agregado, e que para sua comercialização requerem um determinado tipo de logística que, por seu turno, tem sido bastante estimulada por parte da China via financiamentos diretos e indiretos. Para a condução da pesquisa, procedeu-se a seleção dos dados concernentes às cinco maiores economia da América Latina, conforme classificação feita pelo Fundo Monetário Internacional, sendo: Brasil, México, Argentina, Colômbia e Chile. Tratam-se de dados secundários e que dizem respeito, basicamente, aos valores monetários (em dólares) e participação dos principais produtos comercializados entre tais economias e a China. Os dados coligidos tiveram como fonte os levantamentos feitos pelo Observatory of Economic Complexity, e o marco temporal de análise foi o período compreendido entre os anos de 2012 e 2021. Por uma limitação de espaço, a apresentação dar-se-á de forma sumarizada e contemplará apenas as três principais economias latino-americanas. Em 2021, o Brasil exportou US$ 88,3 bilhões para a China, sendo que os principais produtos exportados foram: minério de ferro, 32,7% (US$ 28,9 bi.); soja, 30,9% (US$ 27,2 bi.) e petróleo bruto, 16,1% (US$ 14,2 bi.). Em 2012, os mesmos produtos figuraram como os três principais, sendo que os percentuais de participação foram, respectivamente, de: minério de ferro, 36,4% (US$ 15 bilhões); soja, 28,9% (US$ 11,9 bi.) e petróleo bruto, 11,7% (US$ 4,83 bi.). Por outro lado, em 2021, a China exportou US$ 53,8 bilhões para o Brasil, sendo que os principais produtos foram: dispositivos semicondutores, 5,64% (US$ 3,03 bilhões); peças de máquinas de escritório, 2,92% (US$ 1,57 bilhão) e telefones, 2,62% (US$ 1,41 bilhão). Ao se analisar os dados, nota-se não apenas que a pauta de exportações da China para o Brasil é muito mais diversificada como os principais produtos da pauta possuem considerável densidade tecnológica se comparados aos produtos vendidos pelo Brasil com destino ao mercado chinês. No tocante ao México, em 2021 o país exportou US$ 9,82 bilhões para a China, sendo que os principais produtos foram: minério de cobre, 34% (US$ 3,34 bilhões); veículos motorizados, peças e acessórios, 9,41% (US$ 924 milhões) e minério de chumbo, 8,05% (US$ 791 milhões). Observa-se uma participação bem superior das exportações de minério de cobre em relação aos demais produtos. Há uma década o principal produto exportado também foi o minério de ferro, tendo uma participação, no entanto, menor, de 20,1% do total das exportações, o que equivaleu a US$ 1,2 bi. Se por um lado aumentou a participação do minério de ferro, por outro reduziu a participação dos veículos, o que representava 14,9%, em 2012, o equivalente a US$ 888 mi. Acerca das relações comerciais entre a China e a Argentina, em 2021 este exportou US$ 5,93 bilhões para o primeiro. Os principais produtos que a Argentina exportou foram: soja, 30% (US$ 1,78 bilhão); carne bovina congelada, 28,3% (US$ 1,68 bilhão) e sorgo, 8,29% (US$ 492 mi.). Em 2012, a soja também figurou em primeiro lugar, o que equivaleu a 53,3% das exportações (US$ 2,2 bi.), seguida pelo óleo de soja, 16,7% (US$ 854 mi.) e pelo petróleo cru, 12,7% (US$ 651 mi.). Considerando os dados apresentados, é forçoso reconhecer a relevância dos produtos primários nas exportações das três principais economias latino-americanas, bem como um expressivo crescimento do volume de commodities com destino ao mercado chinês. O recrudescimento do padrão exportador de especialização produtiva na América Latina coaduna-se ao vertiginoso crescimento econômico ocorrido na China, especialmente nas duas últimas décadas, assegurando a hipótese de que tem se estabelecido uma espécie de “Consenso de Pequim” nas economias periféricas/semiperiféricas.
Título do Evento
IV Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território (CONGEO)
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

XAVIER, Glauber Lopes. A AMÉRICA LATINA SOB O “CONSENSO DE PEQUIM”: RELAÇÕES COMERCIAIS E PADRÃO DE ACUMULAÇÃO (2012-2021).. In: Anais do Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território - CONGEO. Anais...Sao Paulo(SP) USP, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IVCONGEO/655975-A-AMERICA-LATINA-SOB-O-CONSENSO-DE-PEQUIM---RELACOES-COMERCIAIS-E-PADRAO-DE-ACUMULACAO-(2012-2021). Acesso em: 13/05/2025

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