AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DA MIMOSA TENUIFLORA EM MODELOS EXPERIMENTAIS IN VITRO

Publicado em - ISBN: 978-65-272-0871-6

Título do Trabalho
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DA MIMOSA TENUIFLORA EM MODELOS EXPERIMENTAIS IN VITRO
Autores
  • Ana Debora Marreiros Alves
  • Cláudio Costa dos Santos
  • Manoel Odorico de Moraes Filho
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Ciência e Inovação
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/760955-avaliacao-da-atividade-citotoxica-da-mimosa-tenuiflora-em-modelos-experimentais-in-vitro
ISBN
978-65-272-0871-6
Palavras-Chave
Câncer, Jurema-Preta,Teste MTT
Resumo
RESUMO: Até 2030, a OMS supõe que haverá 27 milhões de casos incidentes de todos os tipos de câncer. Para o Brasil, estima-se que haverá 704 mil novos casos de 2023 a 2025. A Mimosa tenuiflora, conhecida como jurema-preta é uma planta típica da caatinga e possui diversos usos entre as comunidades indígenas, dentre eles, para tratar tumores. O vigente estudo coletou amostras dessa planta para estudo, e após a extração de material orgânico foi realizado o teste de MTT para as linhagens de HCT-116, pc-3, hl-60 E SNB-119. Foi avaliado a atividade citotóxica nas concentrações de 100 µg/mL e 200 µg/mL. 1. INTRODUÇÃO As neoplasias malignas são consideradas como doenças crônico-degenerativas, e estas têm mostrado um aumento progressivo nos números de mortalidade do Brasil. Até 2030, a OMS supõe que haverá 27 milhões de casos incidentes de todos os tipos de câncer, 17 milhões de mortes e 75 milhões de indivíduos convivendo anualmente com a doença. Para o Brasil, estima-se que haverá 704 mil novos casos de 2023 a 2025(FERREIRA et al., 2021). De acordo com a Global Cancer Observatory (Globocan) e Agency for Resarch on Cancer (IARC), ocorreram 19,3 milhões de novos casos de câncer no mundo no ano de 2020.A estimativa de casos para o triênio de 2023-2025 é que: 71.730 de próstata, 45.630 de cólon e reto e 11.490 do Sistema Nervoso Central (SNC). Já em 2020, foram diagnosticados 65.840, 41.010 e 11.100, de casos dos cânceres citados anteriormente. Sendo que os tipos de doença citados, são os de interesse desse estudo. (INCA, 2020; INCA, 2023). Pertencente à família das leguminosas Fabaceae, o gênero Mimosa possui cerca de 400 espécies de arbustos e ervas. Suas inúmeras espécies crescem em diferentes habitats, por exemplo, savanas, florestas tropicais, florestas secas, pântanos, entre outros. A distribuição dessa planta se dá em regiões caracterizadas por secas periódicas como ocorre no nordeste do Brasil e no México. Também podendo ser encontrada em alguns países do continente asiático, africano e da oceania. Essa leguminosa é uma importante fonte de alimentação para os pequenos ruminantes residentes da caatinga durante os períodos de seca (CRUZ et al., 2016; RIZWAN et al., 2022). A jurema-preta foi nomeada pelas tribos indígenas do nordeste do Brasil. Sua raiz e/ou casca do caule é usado para produzir uma bebida, com efeitos alucinógenos chamada de “vinho de jurema”, que os índios faziam para seus rituais. Sendo que, de acordo com o preparo da bebida, pode haver outros efeitos. Também há relatos de seu uso em cultos afro-brasileiros, entretanto, há poucas informações sobre o preparo da bebida devido ser tratado como um segredo (SOUZA et al., 2008). Isto posto, atualmente, há as seguintes opções de tratamento: procedimentos cirúrgicos, radioterapia e quimioterapia. Entretanto, apesar de serem técnicas convencionais e modernas possuem alguns malefícios, pois pode ocorrer efeitos colaterais e toxicidade devido ao uso de produtos químicos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) incentivou, cerca de, 80% da população global a aderir tratamentos tradicionais. Podendo ser citado, a fitoterapia devido às plantas induzirem a proteção e recuperação do organismo (AIELLO et al., 2019; INCA, 2020; KHAN et al., 2019). 2. METODOLOGIA O material vegetal da jurema-preta (M. tenuiflora) foi coletada na localidade Nova Jaguaribara-CE e a exsicata enviada para o Herbário Prisco para confirmação botânica. O material vegetal (folhas, cascas e raízes) foi seco, triturado e percolado a frio primeiramente em hexano, solvente de baixa polaridade, por 72 horas. O solvente foi removido em evaporador rotativo obtendo-se uma massa seca designada como extrato hexânico da Mimosa tenuiflora (MTH). O processo foi repetido mais uma vez após 24 horas. A torta resultante foi percolada com etanol, solvente de alta polaridade seguindo a metodologia descrita anteriormente, obtendo-se o extrato etanólico da Mimosa tenuiflora (MTE). Os extratos brutos MT-H e MT-E foram submetidos aos testes citotóxicos in vitro de forma preliminar. O(s) extrato(s) ativo(s) foram fracionados em coluna filtrante, onde os constituintes presentes no extrato foram separados por desadsorção seletiva. Os extratos MT-H, MT-E e as respectivas frações obtidas a partir do processo cromatográfico foram testados in vitro para diversas linhagens de células tumorais apontando quais extratos possuíam atividade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Células viáveis, com metabolismo ativo, convertem o MTT em um produto colorido chamado formazan, com absorbância em 595nm, enquanto as células mortas perdem essa capacidade de conversão (RISS et al., 2016). Dessa forma, a quantidade de formazan é, presumivelmente, diretamente proporcional ao número de células viáveis. Após análise estatística, os valores de absorbância foram ajustados em suas respectivas porcentagens de inibição. As células foram plaqueadas nas concentrações de 0,7 x 10 5 céls/mL (HCT-116), 0,1 x 10 6 céls/mL (SNB-19 e PC-3), 0,3 x 10 6 céls/mL (HL-60). As amostras foram testadas após diluição seriada nas concentrações de 100 µg/mL e 200 µg/mL, em duplicata em dois experimentos independentes. Após a diluição das soluções de estoques das amostras em teste, a partir dessas soluções, realizou-se diluições seriadas até obtenção de concentração mínima de 0.78 x 10-6e µg/mL para a concentração de 100 µg/mL (Tabela 1) e 1,56 x 10-6e µg/mL para a concentração de 200 µg/mL (Tabela 2), a fim de ter a avaliação da concentração inibitória média (IC 50 ). Os experimentos foram analisados por regressão linear usando o programa GraphPad Prism, versão 8.01. Tabela 1. CI50 das amostras em linhagens de células tumorais nas concentrações de 0,78 a 100 µg/mL. ITEM CODIGOS CONCENTRAÇÃO DE 100 µg/mL HCT-116 PC-3 HL-60 SNB-19 CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC 1 MT-H 17,64 a 24,34 20,72 13,37 a 23,50 17,73 1,639 a 10,29 4,107 18,69 a 28,27 22,98 2 MT-E - 54,66 - 6,372 - 64,64 22,35 a 50,60 33,63 Tabela 2. CI50 das amostras em linhagens de células tumorais nas concentrações de 1,56 a 200 µg/mL. ITEM CODIGOS CONCENTRAÇÃO DE 200 µg/mL HCT-116 PC-3 HL-60 SNB-19 CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC CI50 (µg/mL) 95% IC 1 MT-H 59,70 a 131,6 88,64 4,088 a 7,809 5,650 - - 4,147 a 10,99 6,750 2 MT-E - - 20,39 to 43,12 29,65 - - 67,17 a 119,1 89,42 Os extratos MT-H e MT-E, não apresentaram atividade na maioria das linhagens testadas não sendo possível determinar suas respectivas CI50 com assertividade. O índice de seletividade indicou que as amostras que obtiveram melhor resultado de citotoxicidade, foi a linhagem de SNB-19 com o uso de MT-E na concentração de 200 µg/mL. Enquanto as outras linhagens nas concentrações testadas, mesmo na concentração máxima, não foram possíveis ver um resultado que tivesse mais que 50% de morte celular. Tendo em vista os resultados, pode-se também levar a hipótese que as formas de extração, podem terem inibido ou alterado algum composto que possa ter atividade citotóxica, visto que, por ser um produto natural, sua composição e efetividade de seus produtos podem ser alterados de acordo com o tempo de coleta da planta, processamento, temperatura dos experimentos, uso de compostos orgânicos e inorgânicos, entre outros. Em possíveis estudos futuros, pode ser interessante utilizar outras formas de extração e fazer comparação com o atual estudo para validar essa teoria. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Decorrente do exposto ao longo do trabalho, é ressaltado a importância acerca de mais pesquisas com produtos naturais por possuírem menos efeitos adversos e tóxicos para tratamentos. Logo, independente do tipo de resultado obtido, é necessário continuar buscando métodos alternativos de tratamento, além disso, buscar também a acessibilidade para pessoas de condições socioeconômicas menos favoráveis. 5. REFERÊNCIAS AIELLO, Paola; SHARGHI, Maedeh; MANSOURKHANI, Shabnam Malekpour; ARDEKAN, Azam Pourabbasi; JOUYBARI, Leila; DARAEI, Nahid; PEIRO, Khadijeh; MOHAMADIAN, Sima; REZAEI, Mahdiyeh; HEIDARI, Mahdi. Medicinal Plants in the Prevention and Treatment of Colon Cancer. Oxidative Medicine And Cellular Longevity, [S.L.], v. 2019, p. 1-51, 4 dez. 2019. Hindawi Limited. http://dx.doi.org/10.1155/2019/2075614. CRUZ, Mariluze P.; ANDRADE, Cassya M. F.; SILVA, Kelle O.; SOUZA, Erika P. de; YATSUDA, Regiane; MARQUES, Lucas M.; DAVID, Juceni P.; DAVID, Jorge M.; NAPIMOGA, Marcelo H.; CLEMENTE-NAPIMOGA, Juliana T.. Antinoceptive and Anti-inflammatory Activities of the Ethanolic Extract, Fractions and Flavones Isolated from Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir (Leguminosae). 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Título do Evento
IV CONGRESSO DE BIOMEDICINA DA REGIÃO NORDESTE I JORNADA DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO NORDESTE
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALVES, Ana Debora Marreiros; SANTOS, Cláudio Costa dos; FILHO, Manoel Odorico de Moraes. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DA MIMOSA TENUIFLORA EM MODELOS EXPERIMENTAIS IN VITRO.. In: Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição. Anais...Fortaleza (CE) Fábrica de Negócios, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/760955-AVALIACAO-DA-ATIVIDADE-CITOTOXICA-DA-MIMOSA-TENUIFLORA-EM-MODELOS-EXPERIMENTAIS-IN-VITRO. Acesso em: 11/08/2025

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