AVANÇOS TERAPÊUTICOS NA DOENÇA DE POMPE ATRAVÉS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA

Publicado em - ISBN: 978-65-272-0871-6

Título do Trabalho
AVANÇOS TERAPÊUTICOS NA DOENÇA DE POMPE ATRAVÉS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA
Autores
  • LAIZA ANDRADE SOARES DINIZ
  • Fernanda De Sousa Araújo
  • Maiara Freires de Matos
  • Hirisleide Bezerra Alves
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Ciência e Inovação
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/759875-avancos-terapeuticos-na-doenca-de-pompe-atraves-da-terapia-de-reposicao-enzimatica
ISBN
978-65-272-0871-6
Palavras-Chave
Palavras-chave: Doença de Pompe. Terapia de reposição enzimática. Enzima ácido alfa-glicosidase.
Resumo
RESUMO: Doença de Pompe é uma condição causada pela deficiência da enzima alfa glicosidase ácida que leva ao acúmulo de glicogênio dentro dos lisossomos. Observa-se dano metabólico e destruição celular, com acometimento neuromuscular progressivo. Desse modo, objetivou-se analisar a eficácia da Terapia de Reposição Enzimática no tratamento da doença na fase infantil e tardia. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada nas bases de dados PubMed, Scielo e BVS, no período de 2010 a 2023, compreendendo artigos em português e inglês. A TRE apresentou resultados significativos eficazes e seguros na recuperação da função cardíaca e redução da mortalidade. O diagnóstico precoce é essencial, a fim de melhorar o tratamento e o prognóstico dos pacientes. 1 INTRODUÇÃO As doenças genéticas constituem uma causa significativa de morte infantil no Brasil, cuja ausência de diagnóstico adequado acentua estes índices. Vale destacar que, nos últimos anos houve um aumento no desenvolvimento de novos testes de diagnóstico pela indústria farmacêutica e maior precisão dos exames, porém muitas doenças genéticas ainda não possuem tratamento com eficácia e segurança comprovadas, especialmente a longo prazo (MOHAMMADSHAHI et al., 2022). A Doença de Pompe, também chamada de distrofia do glicogênio tipo II ou insuficiência da maltase ácida lisossomal, é uma rara desordem neuromuscular de herança autossômica recessiva. Essa condição é causada pela falta da enzima alfa-glicosidase ácida (GAA), resultando no armazenamento inadequado de glicogênio dentro do lisossoma, observando-se manifestação em várias células e tecidos distintos, especialmente nas células dos músculos lisos, esqueléticos e cardíacos, condicionando a sintomas clínicos que afetam os sistemas respiratório, musculoesquelético, cardíaco e gastrointestinal (KISHNANI et al., 2014; KUHN et al., 2014). Desse modo, a doença de Pompe apresenta uma ampla variedade de sintomas clínicos que podem ocorrer em qualquer fase da vida, sendo esse fator crucial na determinação dos sintomas, pois influencia a velocidade de evolução da doença e o quadro clínico geral. Esta patologia é classificada em duas formas: forma infantil (infantile-onset Pompe Disease) e forma tardia da Doença de Pompe (late-onset Pompe Disease). A forma infantil reflete uma mutação genética comprometendo a produção da enzima, enquanto que na forma tardia verifica-se uma alteração parcial (CHAN et al, 2016). A forma infantil da doença é a apresentação mais severa, com o surgimento dos primeiros sinais e sintomas nas primeiras semanas de vida, que se caracteriza por uma progressiva cardiomiopatia hipertrófica, hipotonia e, geralmente, resulta em insuficiência cardiorrespiratória fatal, tipicamente antes dos 2 anos de idade. por outro lado, a variante de início tardio se manifesta após o primeiro ano de vida e se associa a uma fraqueza progressiva, principalmente nos músculos próximos das extremidades inferiores e nos músculos respiratórios, o que pode levar à morte do indivíduo afetado pela doença (HIRSCHHORN et al., 2001). A Terapia de Reposição Enzimática (TRE) desempenha um papel fundamental no tratamento da Doença de Pompe, uma vez que sua abordagem terapêutica envolve a administração de uma enzima específica, a alfa-glucosidase ácida recombinante humana (rhGAA), que está ausente ou em quantidades insuficientes no organismo dos pacientes afetados. Essa enzima exógena, frequentemente produzida através de técnicas de engenharia genética, é administrada por via intravenosa e visa compensar a deficiência enzimática subjacente. A TRE tem sido um marco na medicina, representando o primeiro tratamento direcionado para uma doença muscular hereditária, e demonstrou ser eficaz em retardar a progressão da Doença de Pompe e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (GÜNGÖR et al., 2013; BEMBI et al., 2008). Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo abordar a eficácia da terapia de reposição enzimática atualmente empregada no tratamento da Doença de Pompe, destacando os principais ganhos clínicos alcançados por meio desse tratamento. 2 METODOLOGIA O estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada através da busca de artigos científicos publicados entre os anos de 2010 a 2023, nas bases de dados do Pubmed, Scielo e BVS. Foram empregados como descritores: “Doença de pompe”, “Terapia de reposição enzimática”, “Enzima ácido alfa-glicosidase”. Dentre os artigos identificados foram selecionados os estudos no período delimitado, nos idiomas português e inglês e que atendiam ao objetivo geral, sendo a amostra final composta por 8 trabalhos, entre eles artigos científicos de revisão e trabalhos de conclusão, dos quais as informações utilizadas foram cuidadosamente selecionadas para elaboração da revisão. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudos demonstram que, para avaliar de forma mais aprofundada a eficácia da Terapia de Reposição Enzimática, é recomendado realizar uma análise diferenciada dos dados pertinentes referentes às duas principais formas da Doença de Pompe: a variante clássica ou infantil e a variante não clássica ou tardia. Diante disso, os resultados alcançados por meio desta terapia evidenciam a notável melhoria nos estados de saúde dos pacientes afetados pela forma infantil da doença, especialmente quando o tratamento é iniciado de forma precoce. Em relação aos estudos realizados com pacientes que apresentam a variante de início tardio, observou-se que a terapia foi eficaz em produzir resultados positivos, incluindo a estabilização do avanço da doença (KISHNANI et al., 2014). Quando se analisa os resultados para a variante precoce da Doença de Pompe, observa-se um sinal de benefício em termos de aumento da massa ventricular esquerda (com um grau de evidência muito baixo), maior tempo sem necessidade de ventilação mecânica (com grau de evidência baixo) e maior sobrevida (também com grau de evidência baixo). Importante notar que, a evidência de benefício é mais clara somente para aqueles pacientes que iniciam a Terapia de Reposição Enzimática (TRE) antes do primeiro ano de vida, sendo esta a população na qual o tratamento é mais recomendado (SCHOSER et al., 2017). A enzima exógena apresenta melhorias substanciais na função cardíaca e reduz de maneira significativa a mortalidade em crianças que sofrem da forma clássica da doença, no entanto, tem sido observado que a reparação do músculo esquelético é mais desafiadora em comparação com o músculo cardíaco. Uma das razões para o maior benefício da terapia de reposição enzimática no tecido cardíaco é a presença de um maior número de receptores de manose-6-fosfato neste órgão, em comparação com o tecido esquelético. A recuperação do tecido cardíaco pode atingir até 80% por meio da reposição enzimática, enquanto o tecido esquelético raramente ultrapassa 30% (VIE-WYLIE, 2008; KLINGE, 2005). Os desafios primordiais encontrados compreendem pacientes que não respondem adequadamente a essa terapia e, portanto, demandam novos métodos terapêuticos distintos dos convencionais, como é o caso da exploração de terapias que envolvem a modificação genética. Algumas pesquisas examinam a viabilidade de abordagens combinadas, incorporando a modulação autofágica, o que oferece novas possibilidades no tratamento desta enfermidade (LIM et al., 2018). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por se tratar de uma doença com uma condição rara que geralmente afeta crianças, é fundamental obter um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento assim que a doença for confirmada. Entre as abordagens terapêuticas destinadas a restaurar a função da enzima e melhorar o desempenho dos tecidos musculares e esqueléticos, a reposição com enzima humana recombinante é a que apresenta o prognóstico mais favorável. Sendo notável que a TRE tem aumentado a expectativa de vida de muitos pacientes devido à redução da hipertrofia cardíaca e à melhora dos sintomas motores. Muitos pacientes conseguem recuperar até 80% do tecido cardíaco, mas ainda enfrentam desafios significativos em termos de funções motoras, o que justifica a procura por terapias destinadas a aprimorar o condicionamento muscular e esquelético. Porém, destacam-se os custos elevados dos tratamentos e a falta de apoio por parte das autoridades governamentais, constituindo um obstáculo substancial, uma vez que os pacientes precisam continuar com a reposição por vários anos. Além da inclusão da alfa-glicosidase ácida no Sistema Único de Saúde (SUS), é igualmente relevante que sejam estabelecidas políticas de saúde e educação no Brasil que facilitem o diagnóstico precoce dos pacientes, viabilizando o início precoce da TRE e do aconselhamento genético. Nesse contexto, a expansão do rastreamento neonatal no SUS, com a possível incorporação da Doença de Pompe entre as doenças lisossômicas em sua terceira etapa, terá um papel fundamental ao possibilitar tratamento precoce e proporcionar um grande benefício aos pacientes afetados. 6 REFERÊNCIAS BEMBI, B. et al. Management and treatment of glycogenosis type II. Neurology, v. 20, n. 8, 2008. CHAN, J et al. The emerging phenotype of late-onset Pompe disease: A systematic literature review. Molecular Genetics and Metabolism, v. 5, n. 3, 2016. GÜNGÖR, D. et al. Impact of enzyme replacement therapy on survival in adults with Pompe disease: results from a prospective international observational study. Orphanet Journal of Rare Diseases, v. 13, n. 9, 2013. HIRSCHHORN, R.; REUSER, A. J. J. Glycogen storage disease type II: Acid alpha-glucosidase (acid maltase) deficiency. In: SCRIVER, C. et al. (editors). The metabolic and molecular bases of inherited disease. MacGraw-Hill, 2001. KISHNANI, P. S.; AMARTINO, H. M.; LINDBERG, C. et al. Methods of diagnosis of patients with Pompe disease: Data from the Pompe Registry. Molecular Genetics and Metabolism, v. 113, n. 2, 2014. KLINGE, L. et al. Safety and efficacy of recombinant acid alpha-glucosidase ( rhGAA) in patients with classical infantile Pompe disease: results of a phase II clinical trial. Neuromuscular Disorders, v. 15, n. 1, 2005. SCHOSER, B.; STEWART, A.; KANTERS, S.; HAMED, A. et al. Survival and long-term outcomes in late-onset Pompe disease following alglucosidase alfa treatment: a systematic review and meta-analysis. Journal of Neurology, v. 264, n. 4, 2017. SLONIM, A. E. et al. Identification of two subtypes of infantile acid maltase deficiency. Journal of Pediatry, v. 137, n. 2, 2000. VIE-WYLIE AJ, et al. Biochemical and pharmacological characterization of different recombinant acid a-glucosidase preparations evaluated for the treatment of Pompe disease. Molecular Genetics and Metabolism, v. 94, n. 4, 2008
Título do Evento
IV CONGRESSO DE BIOMEDICINA DA REGIÃO NORDESTE I JORNADA DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO NORDESTE
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

DINIZ, LAIZA ANDRADE SOARES et al.. AVANÇOS TERAPÊUTICOS NA DOENÇA DE POMPE ATRAVÉS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA.. In: Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição. Anais...Fortaleza (CE) Fábrica de Negócios, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/759875-AVANCOS-TERAPEUTICOS-NA-DOENCA-DE-POMPE-ATRAVES-DA-TERAPIA-DE-REPOSICAO-ENZIMATICA. Acesso em: 22/07/2025

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