MALÁRIA VIVAX E GENÉTICA: COMO OS POLIMORFISMOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA PODEM AUXILIAR NA PREVENÇÃO DOS QUADROS CLÍNICOS DE MALÁRIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DE PRECISÃO

Publicado em - ISBN: 978-65-272-0871-6

Título do Trabalho
MALÁRIA VIVAX E GENÉTICA: COMO OS POLIMORFISMOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA PODEM AUXILIAR NA PREVENÇÃO DOS QUADROS CLÍNICOS DE MALÁRIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DE PRECISÃO
Autores
  • Victor Augusto Vieira Lopes
  • Marina Nascimento Véras
  • Iana Lira Nogueira
  • José Francisco de Oliveira Filho
  • Giullianne do Rêgo da Silva
  • Renata Canalle
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Genética e Biologia Molecular
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/748680-malaria-vivax-e-genetica--como-os-polimorfismos-da-populacao-brasileira-podem-auxiliar-na-prevencao-dos-quadros-c
ISBN
978-65-272-0871-6
Palavras-Chave
Malária Vivax. Genética. Medicina de precisão.
Resumo
RESUMO: A malária vivax, infecção causada pelo Plasmodium vivax, tem apresentado um aumento de casos nas regiões do Brasil, devido a fatores como as alterações climáticas. Em virtude, principalmente, da miscigenação, o Brasil possui grande variabilidade genética e apresenta muitos polimorfismos em genes importantes no que se refere a questões como a suscetibilidade e predisposição genética de indivíduos a muitas doenças, incluindo a malária. A partir disso, torna-se possível a melhoria dos cuidados com o paciente, utilizando a medicina de precisão, tratando-o com suas individualidades genéticas e metabólicas. Dessa forma, a presente revisão tem como objetivo entender como alguns polimorfismos presentes em indivíduos no Brasil podem influenciar em um quadro clínico de malária vivax. Palavras-chave: Malária Vivax. Genética. Medicina de precisão. 1 INTRODUÇÃO A malária é uma doença infecciosa causada pela infecção de protozoários do gênero Plasmodium, que são transmitidos a partir da picada de fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, e dentre as espécies capazes de infectar humanos, se destacam P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malariae (FRANÇA; SANTOS; FIGUEROA-VILLAR, 2008). O Brasil possui um forte histórico associado ao combate da doença, sendo marcado pela criação de campanhas e serviços que contribuíram para a prevenção da infecção. O perfil da infecção pelo protozoário é bastante diverso, o que se relaciona, por exemplo, a um combate com menos resultados imediatos, porém esse perfil não influencia as ações contra a doença, sendo mantida visitas técnicas e ações de conscientização a respeito da malária (GAMA; CHALKIDIS, 2021). Apesar da falta de representatividade nos dados genômicos da população brasileira, devido à diversidade resultante da mistura de africanos, indígenas e caucasianos, estudos no Brasil revelam que as frequências de alelos em genes relevantes para doenças, como a malária, são influenciadas pelas proporções de herança genética variáveis em diferentes populações étnicas e geográficas (GUIMARÃES et al. 2018; SORTICA et al. 2012). É nesse contexto que a "medicina de precisão" se torna aliada, pois visa personalizar os cuidados de saúde com base no estado de saúde único de cada paciente, utilizando dados em larga escala, incluindo informações clínicas, genéticas e outros biomarcadores. Ela se concentra na estratificação de pacientes, indo além da abordagem tradicional baseada em "sinais e sintomas" (KÖNIG et al. 2017, KOSOROK; LABER, 2019). Embora não seja uma área nova, a medicina de precisão tem ganhado mais compreensão atualmente. Os avanços na genética e a disponibilidade crescente de dados de saúde oferecem a oportunidade de tornar o atendimento personalizado ao paciente uma realidade clínica. Isso promete melhorar o diagnóstico e o tratamento com maior precisão, permitindo uma compreensão mais profunda das doenças (HODSON, 2016; ASHLEY, 2016). Dessa forma, levando em consideração a relevância desta análise, o objetivo desse trabalho é investigar na literatura como os polimorfismos genéticos da população brasileira podem ser agentes influenciadores no desenvolvimento do quadro clínico da malária. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa, a qual foi realizada para a coleta de informações diversas tendo como princípio o objetivo do estudo. Este tipo de revisão permite a integração de métodos diversos e, que em sua totalidade, permite reunir os escopos experimentais e não-experimentais sobre determinada temática e orienta para as práticas tendo como base o conhecimento científico (SOUZA et al, 2010). A busca foi realizada nas bases de dados Pubmed, Web of Science e Embase utilizando os seguintes descritores: (“Genetic Predisposition” OR “Genetic Predispositions” OR “Genetic Susceptibilities” OR “Genetic Susceptibility” OR “Predisposition, Genetic” OR “Predispositions, Genetic” OR “Susceptibilities, Genetic” OR “Susceptibility, Genetic”) AND (“Malaria, Vivax” OR “Malaria, Plasmodium vivax” OR “Plasmodium vivax Malaria” OR “Vivax Malaria”) AND (“Precision Medicine” OR Medical OR “Medicine Precision” “Gene Polymorphism” OR “Gene Polymorphisms” OR “Genetic Polymorphism” OR “Genetic Polymorphisms” OR Polymorphism OR “Polymorphism, Gene” OR “Polymorphisms Genetics” OR “Polymorphisms, Gene” OR “Polymorphisms, Genetic”). Ao final da busca, foram identificados 74 resultados para posterior aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Como critérios de inclusão: Estudos com anos de publicação no intervalo de 2013 a 2023 escritos em Português e Inglês, que estivessem voltados para a questão norteadora “Como polimorfismos podem influenciar na suscetibilidade genética de doenças infecciosas como a malária vivax no Brasil?”. Critérios de exclusão: Estudos duplicados, fora do corte do tempo determinado e que estavam inadequados à questão norteadora. A análise dos dados foi realizada a partir da extração de informações seguindo um formulário padronizado por: primeiro autor, ano de publicação, título do trabalho, metodologia utilizada, resultados encontrados e conclusão dos estudos, além de utilidade para a pesquisa. Ao final, apenas 12 estudos apresentam relação assertiva com o objetivo da revisão. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A seleção dos estudos que compõem os resultados dessa revisão se deu após apuração dos trabalhos por título e resumo, seguido da leitura na íntegra dos demais. Todos os 12 artigos incluídos se referiam a estudos feitos em regiões do Brasil distribuídos entre os anos 2008, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017, 2018 e 2022, segundo o ano de publicação. Dentre os estudos incluídos para a elaboração desta revisão, 2 deles tratavam a respeito do gene TRL9, 2 falaram sobre o gene IL10 e 2 apresentaram sobre o gene Duffy. Além desses, outros 6 artigos restantes abordaram assuntos diversos como suscetibilidade, resistência e gravidade inerente à malária. O gene TRL9 foi datado como influente no quadro de infecção da malária em indivíduos brasileiros, principalmente quando o foco observado era a carga parasitária presente nos infectados. O estudo de Costa et al. (2017), por exemplo, demonstrou um genótipo C/C do SNP TLR9 - 1237C/T associado a carga parasitária elevada e traz a proposta de que o gene pode estar vinculado a um papel fundamental no controle da parasitemia. Outras variações do genoma humano foram identificadas no que diz respeito a esse gene, e demonstraram uma considerável influência no aumento do risco para infecção por P. vivax, além de associações correspondentes a genótipos com variações e os alelos dos polimorfismos endossaram esse perfil de suscetibilidade infecciosa maior. Os trabalhos que envolveram o gene IL10 reuniram tanto estudos que não apresentaram efeitos da doença associados a SNPs do gene compreendido em uma determinada amostragem, quanto estudos que abordaram alguns polimorfismos e suas relações com a infecção. Nesse contexto, Domingues et al. (2016) sugeriram a possibilidade de que o SNP IL10 - 3575 T/A possa estar negativamente associado à presença e manutenção de sintomas de malária em indivíduos que vivem em áreas endêmicas; assim, é sugestivo a ausência deste polimorfismo em indivíduos resistentes à malária nessas regiões. Além desse, Santos et al. (2012) sugeriram um vínculo entre o gene IL10 e o CTL4, que está localizado na região do complexo principal de histocompatibilidade III, e assim, apresenta reduzido risco para a infecção. Estudos experimentais que visavam compreender a relação do sistema Duffy de proteínas e as diferentes formas clínicas da malária também foram observados. Nesse sentido, insere-se o trabalho de Ferreira et al. (2022), no qual os variados genótipos encontrados apresentaram discordância de efetividade contra a infecção, assim, pôde-se constatar que diferentes genótipos podem influenciar de maneira distinta o quadro clínico da malária. Dentre os achados não específicos, polimorfismos dos genes CD40, CD40L e BLYS apresentaram características nulas em relação a suscetibilidade, mas suas variantes podem influenciar o curso clínico da malária. Sobre o gene HLA, foi datado a comprovação de diferentes polimorfismos deste na influência na resposta imunitária de anticorpos que agem contra a ligação DBPII/DARC do parasita com a célula hospedeira. Outrossim, o alelo TOLLIP rs3750920 T foi relacionado à maior suscetibilidade em decorrência de uma resposta anti-inflamatória em portadores desse polimorfismo, levando o indivíduo a um risco maior de infecção, da mesma forma que os genes IL1B, IL4R, IL12RB1 e TNF também foram associados a um maior risco de infecção. Ademais, os polimorfismos IL6, IL12B, TLR9 e haplótipos do gene VDR resultaram em aumento da parasitemia e por consequência, gravidade da doença. Diante destes resultados, embora alguns achados não confirmem a relação de suscetibilidade, é perceptível que os polimorfismos distinguem em suas expressões em relação à resposta ao P. vivax. Cabe ressaltar que diversos genes e variações deles apresentaram perfil de aumento da suscetibilidade à infecção da malária, como é o caso do gene IL10, Duffy, e variações do IL, VDR e TLR. Além disso, os genes TNF, IL, TOLLIP e HLA mostraram-se intrinsecamente relacionados com a modulação dos sintomas e maior risco de infecção pelo protozoário vivax. Ainda, destacam-se polimorfismos do CTL4 e TRL9, os quais foram os principais associados à um perfil de resistência à infecção pelo P. vivax. Assim, é de suma importância a realização de melhores investigações acerca destes e de outros genes de resistência à malária, com o intuito de delimitar o perfil resistente-imunológico de cada paciente e fazer com que a medicina de precisão possa analisar essas variações genéticas e dessa forma, garantir prevenções individuais à população, com o desenvolvimento de possíveis medidas terapêuticas que possam nortear tratamentos específicos ao público abordado a partir da medicina de precisão. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise na íntegra dos achados pôde demonstrar que diferentes tipos de variações genéticas resultam em distintas respostas à infecção pelo Plasmodium vivax na população brasileira, principalmente em áreas endêmicas, como a região amazônica. Nesse viés, destaca-se a importância de estudos e investimentos na área da medicina de precisão, uma vez que a variabilidade nos genes de diferentes tipos de pacientes acaba sendo um fator essencial para a resolutiva do diagnóstico clínico, assim, conhecendo seus perfis genéticos e suas influências no metabolismo e principalmente na resposta imunológica, há de surgir melhores formas de prevenção e medidas terapêuticas que visem a singularidade no âmbito da saúde.
Título do Evento
IV CONGRESSO DE BIOMEDICINA DA REGIÃO NORDESTE I JORNADA DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO NORDESTE
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOPES, Victor Augusto Vieira et al.. MALÁRIA VIVAX E GENÉTICA: COMO OS POLIMORFISMOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA PODEM AUXILIAR NA PREVENÇÃO DOS QUADROS CLÍNICOS DE MALÁRIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DE PRECISÃO.. In: Anais do Congresso de Biomedicina da Região Nordeste - Quarta Edição. Anais...Fortaleza (CE) Fábrica de Negócios, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iv-congresso-de-biomedicina-da-regiao-nordeste-i-jornada-de-hematologia-e-hemoterapia-do-nordeste-344269/748680-MALARIA-VIVAX-E-GENETICA--COMO-OS-POLIMORFISMOS-DA-POPULACAO-BRASILEIRA-PODEM-AUXILIAR-NA-PREVENCAO-DOS-QUADROS-C. Acesso em: 16/05/2025

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