“SOU MENINA, MENINA FEMININA. SOU MENINO, MENINO MASCULINO”: ANÁLISE DISCURSIVA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE GÊNERO A PARTIR DE DOIS VÍDEOS MUSICAIS RELIGIOSOS

Publicado em 13/10/2022 - ISBN: 978-65-5941-851-0

Título do Trabalho
“SOU MENINA, MENINA FEMININA. SOU MENINO, MENINO MASCULINO”: ANÁLISE DISCURSIVA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE GÊNERO A PARTIR DE DOIS VÍDEOS MUSICAIS RELIGIOSOS
Autores
  • Maurício João Vieira Filho
Modalidade
Resumo
Área temática
Discurso, relações de gênero e étnico raciais
Data de Publicação
13/10/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/isiiad2022/473318-sou-menina-menina-feminina-sou-menino-menino-masculino--analise-discursiva-das-praticas-pedagogicas-de-gener
ISBN
978-65-5941-851-0
Palavras-Chave
gênero, imaginários sociodiscursivos, práticas pedagógicas.
Resumo
Neste artigo, objetiva-se discutir como as práticas sociais de gênero se instauram por meio de processos pedagógicos que classificam os sujeitos em enquadramentos normativos. Para tanto, dois vídeos musicais gospel direcionados à infância são problematizados: “Nosso gênero vem de Deus”, do Trio R3, e “Não dessa vez”, da dupla Sr. e Sra. Lobos. Disponibilizadas na plataforma YouTube, as duas situações de comunicação têm semelhanças quanto ao endereçamento para crianças e pais, que seguem o movimento religioso evangélico, e por tentarem reiterar o gênero em uma perspectiva binária como natural, inata e, mais ainda, divina. Nessa pressuposição ontológica, os sujeitos são entendidos como homens ou mulheres que, indubitavelmente, devem corresponder aos ideais de masculinidade e feminilidade em suas vidas, sobretudo desde a infância para evitar “desvios”, assim como manter relações heterossexuais. Como metodologia, o trabalho busca ancorar as análises em categorias da semiolinguística charaudiana, especialmente, os imaginários sociodiscursivos que se fundamentam em saberes de crença e de conhecimento (CHARAUDEAU, 2011, 2017). Ao observar o contexto de emergência dos vídeos, um em 2017 e outro em 2018, percebe-se a localização sociopolítica de um cenário de pânico moral/sexual instaurado por grupos conservadores e de extrema-direita no Brasil, no qual as lógicas plataformizadas da internet juntamente à disseminação de notícias falsas estabeleceram uma seara conflituosa para questões das diferenças, entre elas, de gênero (MISKOLCI, 2021). Quando se atenta ao debate de gênero, constata-se que não há nada de natural nessa categoria, mas de construção social, ou seja, marca diferenças entre masculino e feminino para conformar a experiência dos corpos em redes de poder (LOURO, 2014). Contudo, todas essas marcas somente adquirem significados dentro da cultura, mas de forma frouxa. Por isso, necessita da reiteração frequente da norma nos discursos para tentar adquirir um caráter sólido na regulação dos sujeitos (LOURO, 2020). Desse modo, nota-se, em ambas as músicas, o reforço à norma por meio do investimento na produção de sujeitos que, ao crescerem, corresponderão aos ideais cristãos estabelecidos como moralmente corretos. Para regular o gênero, as músicas apelam para saberes de crença, mais especificamente de revelação, visto que os enunciados das músicas são cunhados com base religiosa em algo dado e não contestado, que viria de ordem divina estabelecida pela narrativa bíblica. Ao operar o que é “normal” para o binarismo, cristaliza-se o que seria típico ao feminino com a cor rosa, o cabelo comprido, brincar de boneca, usar maquiagem, ser uma “princesa” etc.; já o masculino é atrelado à cor azul, brincar de carrinho, com bola, de lutas e super-heróis. Quando se reitera tais atributos generificados, a ação é de regulação, normativa, de atestar o lugar de correspondência de cada corpo a fim de coibir qualquer desvio naquela criança considerada “uma página em branco” que deve ser resguardada e, ainda, assegurar que uma pressuposta realidade congênita seja seguida ao longo da vida.
Título do Evento
I SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL E INTERNACIONAL EM ANÁLISE DE DISCURSO (SIIAD)
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Interinstitucional e Internacional em Análise de Discurso (SIIAD)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FILHO, Maurício João Vieira. “SOU MENINA, MENINA FEMININA. SOU MENINO, MENINO MASCULINO”: ANÁLISE DISCURSIVA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE GÊNERO A PARTIR DE DOIS VÍDEOS MUSICAIS RELIGIOSOS.. In: Anais do Seminário Interinstitucional e Internacional em Análise de Discurso (SIIAD). Anais...Dourados(MS) UFGD/UFMA, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ISIIAD2022/473318-SOU-MENINA-MENINA-FEMININA-SOU-MENINO-MENINO-MASCULINO--ANALISE-DISCURSIVA-DAS-PRATICAS-PEDAGOGICAS-DE-GENER. Acesso em: 07/10/2025

Trabalho

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