PROFANAÇÕES DO CORPO SAGRADO: O BELO AUTÊNTICO E O FEIO SUBLIME.

Publicado em 05/06/2019

Título do Trabalho
PROFANAÇÕES DO CORPO SAGRADO: O BELO AUTÊNTICO E O FEIO SUBLIME.
Autores
  • Aline Stefania Zim
Modalidade
Resumo
Área temática
TEMA ESPECÍFICO: AUTENTICIDADE EM RISCO - tópicos desta linha (O conceito de autenticidade - Autenticidade e integridade: dois lados da mesma moeda? / Autenticidade, universalismo e relativismo cultural / Autenticidade no contexto brasileiro / Autenticidade e o patrimônio imaterial / Conservação preventiva e prevenção de risco / Patrimônio cultural e desastres / Meio-ambiente e mudanças climáticas / Risk assessment / Reconstrução pós-desastre )
Data de Publicação
05/06/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iiisimposioicomosbrasil/149377-profanacoes-do-corpo-sagrado--o-belo-autentico-e-o-feio-sublime
ISBN
Palavras-Chave
integridade, autenticidade, profanos, sagrados, arte.
Resumo
O culto às ruínas instituiu a beleza dos fragmentos autênticos, relativizando a feiura dos corpos mutilados ou incompletos. Desde os classicistas do século XVIII, o corpo mutilado é artisticamente aceitável. A Vênus de Milo ou a Nice de Samotrácia são incompletas como corpo, mas como fragmentos autênticos, sua unidade artística é incontestável. Até mesmo os suvenirs replicam o fragmento, pois os corpos completos não representam o “autêntico”. Feias, hoje, são as montagens indevidas ou as cópias infiéis, que fogem à imagem simbolicamente consolidada: a Vênus sem os braços, a Nice sem cabeça. Na arquitetura algo semelhante acontece. A unidade artística da ruína prevalece como fragmento. Os templos gregos teriam pouco sentido se fossem reconstruídos com fidelidade histórica. O sagrado, para os humanistas italianos, foi um corpo clássico reconstituído mais pela integridade e menos pela autenticidade. A livre montagem e os acréscimos nas esculturas clássicas representam a autenticidade do não-autêntico, muitas delas remontadas e, posteriormente, fragmentadas, para o retorno histórico do valor do “autêntico”. Nesse período permissivo, diversas esculturas clássicas foram reconstituídas livremente, longe dos critérios modernos da restauração. A partir do século XVIII, o fragmento se torna mais importante que a unidade, elevando-se à obra de arte. Na dialética entre o valor histórico e o valor estético, as práticas de restauração se adaptaram às ideologias de cada época: ou fragmenta-se a unidade em nome da autenticidade, ou viola-se a autenticidade em busca da integridade. Nesse sentido, deforma-se o mimético para ele corresponder ao que se quer expressar. No caso dos renascentistas, a autenticidade da matéria artística é deformada em nome da unidade artística. Para os artistas medievais, a deformação da realidade se justifica pela ordem semântica, pois esta é sagrada. No caso dos egípcios, a realidade é deformada para que se adapte à linguagem sagrada instituída. Trata-se da sacralização do sagrado, pois representá-lo por critérios não-convencionais seria uma profanação. De todo modo, a arte não pode se contrapor à realidade; há a explícita acomodação da teoria à reprodução do que se passa na mente do artista, do mecenas e do receptor. Seja na montagem renascentista profana ou no culto classicista às ruínas sagradas, a liberdade do artista tem por contrapartida a recepção, por isso as obras guardam em si a história dos equívocos históricos entre convenções e rupturas. O ensaio investiga a série de profanações históricas e artísticas que direcionam o nosso olhar para outros conceitos sobre o que é sagrado e profano, além das práticas preservacionistas, entre a integridade e a autenticidade dos corpos na cidade contemporânea. Assim como os cânones da Antiguidade clássica estão vivos e eternizados, a face obscura da beleza está presente em qualquer manifestação artística, desde que se faça uma leitura profana do que seja considerado sagrado.
Título do Evento
3º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil
Cidade do Evento
Belo Horizonte
Título dos Anais do Evento
Anais do 3º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ZIM, Aline Stefania. PROFANAÇÕES DO CORPO SAGRADO: O BELO AUTÊNTICO E O FEIO SUBLIME... In: Anais do 3º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil. Anais...Belo Horizonte(MG) Centro de Atividades Didáticas 2 - CAD2 | Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG | Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha - Belo Horizonte/MG, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IIISimposioICOMOSBrasil/149377-PROFANACOES-DO-CORPO-SAGRADO--O-BELO-AUTENTICO-E-O-FEIO-SUBLIME. Acesso em: 12/06/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes