SIMULAÇÃO IN SITU: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO CARDIOPULMONAR

Publicado em 21/09/2022 - ISBN: 978-65-5941-810-7

Título do Trabalho
SIMULAÇÃO IN SITU: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO CARDIOPULMONAR
Autores
  • Eloana Ferreira D'Artibale
  • Cássia Janne Nonato da Costa
  • EMILIO CARLOS ALVES DOS SANTOS
  • Fabrícia de Oliveira Assis Cantadori
  • Débora Andrea Castiglioni Alves
  • Thaís Stranieri Esteves de Souza
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
Emergências Clínicas
Data de Publicação
21/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iiijornada2022/519800-simulacao-in-situ---estrategia-de-avaliacao-de-um-servico-de-atencao-cardiopulmonar
ISBN
978-65-5941-810-7
Palavras-Chave
Reanimação Cardiopulmonar, Treinamento por Simulação, Educação Continuada, Parada Cardiopulmonar
Resumo
A simulação em saúde tem sido uma estratégia de aprendizado inovadora, executada em laboratórios de ensino e centros de simulações. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo relatar a experiência sobre o uso da simulação in situ, como proposta de capacitação e avaliação da infraestrutura e competências de um serviço de atendimento cardiopulmonar de um hospital universitário do Mato Grosso, no mês de agosto de 2019. Os dados destacaram deficiências do serviço, mostrando propostas de melhoria e gestão dos cuidados com base na atuação dos profissionais em situações análogas ao atendimento diário do setor. Esse tipo de estratégia de ensino, foi um desafio para equipe de instrutores, visto ter sido a primeira experiência com aplicação de uma simulação in situ, em ambiente não controlado, pela dificuldade em adequar os simuladores e equipamentos de vídeo, porém um grande aprendizado, por levantar possibilidades e discussões acerca da metodologia e tema. PALAVRAS-CHAVE: Reanimação Cardiopulmonar; Treinamento por Simulação; Educação Continuada; Parada Cardiopulmonar. ÁREA TEMÁTICA: Emergências Clínicas. INTRODUÇÃO A simulação em saúde tem sido uma estratégia de aprendizado inovadora, executada em laboratórios de ensino e centros de simulações, proporcionando o desenvolvimento de competências essenciais ao cuidado centrado no paciente, visto que possibilita a execução de habilidades práticas clínicas, repetição exaustiva de técnicas, inserção e imersão em cenários análogos a realidade, além da troca de experiências, desenvolvimento de conhecimentos teóricos e ação reflexiva. Pois, nas experiências em situações simuladas o aluno ou profissional pode ressignificar a aprendizagem e os mecanismos de articulação e construção de novos saberes (KANEKO; LOPES, 2019; COSTA et al., 2015; FERREIRA et al., 2018) . Deste modo, essa ferramenta se torna uma forma segura de ensino na área intra ou extra hospitalar, tendo como consequência à redução dos riscos de eventos adversos aos pacientes, pois possibilita o controle de fatores externos, repetição da situação em caso de insucesso, além de favorecer oportunidades de trocar de experiência com o facilitador ou orientador, permitindo que o treinado adquira confiança para as vivências profissionais(SILVA et al., 2015; MESQUITA, SANTANA; MAGRO, 2019). Nesse contexto, a simulação clínica in situ, que é uma estratégia ativa de ensino aprendizagem, favorece condições de integração de conhecimentos no processo de formação e aprimoramento de acadêmicos, residentes e profissionais, tornando-os mais críticos, reflexivos e melhor capacitados para atuação prática (ROSEN, e al., 2012). Destarte, este estudo teve como objetivo descrever a experiência do uso da simulação in situ como instrumento de avaliação da infraestrutura e competências técnicas e comportamentais de um serviço de atendimento cardiopulmonar. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência sobre o uso da simulação in situ, como proposta de capacitação e avaliação da infraestrutura e competências de um serviço de atendimento cardiopulmonar. A simulação foi realizada no centro cardiopulmonar do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso, no mês de agosto de 2019, para uma equipe multiprofissional que era composta por médicos cardiologistas, pneumologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes administrativos. Foram instrutores da atividade, enfermeiros, fisioterapeuta e médicos cardiologistas. Participou como apoio técnico um assistente administrativo, e como colaborador, um acadêmico de medicina. Foram aplicados dois cenários que contemplavam o atendimento a uma parada cardiorrespiratória (PCR), um deles em uma sala de espera do ambulatório e outro caso, durante a realização da fase de recuperação do teste ergométrico. Os cenários trabalhados foram construídos de modo a permitir a avaliação da dinâmica e demanda dos servidores diante de uma situação de emergência, que culminava com PCR, e a partir de então, foi realizada a avaliação de fluxos, processos e estrutura do local de trabalho de forma a auxiliar no planejamento administrativo de treinamentos, protocolos e processos de compras. O trabalho dispensou avaliação de Comitê de Ética, pois foi uma atividade realizada com o intuito de educação, ensino ou treinamento sem finalidade de pesquisa científica, conforme determina Resolução nº 510 de 07/04/2016. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diante da aplicação dos cenários, surgiram como problemas relacionados à estrutura: sala de espera com espaço restrito, disposição das longarinas de forma a dificultar o acesso dos usuários e dos funcionários no atendimento da vítima simulada na emergência, pois a equipe teve que atender a intercorrência no corredor, apresentando difícil acesso para punção, medicação, manobras de RCP e desfibrilação. Não foi possível a remoção da vítima para um local adequado, por falta de equipamentos seguros para transporte, como exemplo uma prancha, bem como a inexistência de uma sala de estabilização. Ainda, foi observado a falta de bomba de infusão para administração de droga vasoativa de forma controlada em cuidado pós PCR, quando pertinente. Quanto à competência técnica da equipe, foi observado dificuldade do uso do DEA, pois houve demora em detectar que o aparelho não estava ligando por estar descarregado, e com a chegada do carrinho de emergência a equipe optou pela troca do equipamento e também demonstrou dificuldade no manuseio e programação da carga solicitada, retardando o primeiro choque. Em ambos os cenários foi observado à falta de conhecimento da rotina e protocolos do setor, uma vez que os profissionais não conheciam o procedimento operacional padrão (POP) de conferência do carrinho de emergência e as medicações e materiais que o compunham, o que dificultou o uso das drogas quando solicitadas e o uso do laringoscópio que estava sem pilha, visto que não era testado diariamente. Houve também a falta de medicamentos de atendimento de emergência em cardiologia, como gluconato de cálcio 10%, sulfato de magnésio 50%, atropina, bicarbonato de sódio, adenosina, metroprolol EV, o que gerou conflito de comunicação, pois demorou para a equipe detectar que na verdade não havia a droga verbalmente solicitada, no carrinho de emergência. Tais fatos disparam a necessidade de capacitação contínua e revisão de processos. Os problemas elencados pela equipe durante o debriefing, que acontecia ao término de cada cenário, foram essenciais para gestão subsidiar necessidades de melhorias na unidade e demanda de mais treinamentos. Diante dos achados, foram elencadas as seguintes ações de melhoria: a reorganização da recepção, quanto à disposição das longarinas e a necessidade de mais um carrinho de emergência, ou uma maleta com as principais drogas e materiais de emergência, pois o carrinho de emergência se encontrava longe da recepção, dentro da sala de exame de teste de esforço, foi levantado também a necessidade de aquisição de uma cadeira de rodas, uma prancha para transporte de pacientes e de bomba de infusão. Foi descrita a necessidade de revisão do POP do carrinho de emergência, treinamento de toda equipe, destacando a necessidade de conferência diária e mensal, bem como conhecimento e readequação das drogas e materiais que fazem parte dele, para que atenda a demanda de emergências cardiológicas. Apesar das deficiências, a experiência foi enriquecedora, pois trouxeram propostas de melhoria e gestão dos cuidados com base na atuação dos profissionais em situações análogas ao atendimento diário do setor. Para tanto, foi trabalhado a criatividade, interpretação, conhecimentos prévios, raciocínio clínico e crítico, capacidade de intervenção, trabalho em equipe e auto-reflexão. Habilidades essas que o uso da simulação realística pode desenvolver como ferramenta de ensino. Como parte do método proposto, no debriefing, os participantes puderam desenvolver uma reflexão centrada em si, no contexto, local e na ação, construindo saberes em conjunto. Visto que o debriefing é uma etapa da simulação realística, na qual o instrutor é o facilitador no processo de revisão dos objetivos de aprendizagem, retomada dos eventos, identificação de áreas específicas para melhoria, destaque de comportamentos positivos e negativos, favorecendo o pensamento crítico, integração e processos de melhoria (CAMPBELL; DALEY, 2018). A simulação do atendimento em PCR proporciona a aquisição e melhoria das habilidades que direcionam o cuidado seguro ao paciente, pois ao realizar o procedimento previamente, há memorização por permitir aplicação teórica e prática, onde os erros são trabalhados e corrigidos, reforçando a diretrizes da American Heart Association (MCCOY, et al. 2019; ESPINOSA, et al. 2019). CONCLUSÃO A simulação in situ como ferramenta de ensino favoreceu a integração dos profissionais, viabilizou a qualificação ao representar complicações rotineiras e possíveis desfechos, o que foi essencial para a gestão do setor rever o serviço e as demandas buscando a redução de riscos na assistência, melhora na qualidade de atendimento e atualização quanto as condutas e protocolos retratados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Esse tipo de estratégia de ensino, foi um desafio para equipe de instrutores, visto ter sido a primeira experiência com aplicação de uma simulação in situ, em ambiente não controlado, pela dificuldade em adequar os simuladores e equipamentos de vídeo, e por não fazer parte do cotidiano de alguns dos instrutores. Porém foi de grande aprendizado, por levantar possibilidades e discussões acerca da metodologia e tema, e pela probabilidade da replicação do método em outros ambientes do hospital. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS CAMPBELL, S.H.; DALEY, K.M. Simulation scenarios for nurse educators: making it real. 3. ed.; New York: Springer Publishing Company;2018. COSTA, R.R. de O, et al. O Uso da Simulação no Contexto da Educação e Formação em Saúde e Enfermagem: Uma Reflexão Acadêmica. Revista Espaço para a Saúde, v.16, n.1, p.59-65. 2015. ESPINOSA, C.C. et al. La realidad virtual como método de enseñanza de la reanimación cardiopulmonar: un estudio aleatorizado. Emergencias, v.31, p.43-46. 2019. FERREIRA, R.P. et al. Simulação Realística como Estratégia de Ensino no Aprendizado de Estudantes da Área da Saúde. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, v.8, n.e2508. 2018. KANEKO, R.M.U.; LOPES M.H.B. de M. Cenário em simulação realística em saúde: o que é relevante para a sua elaboração?. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 53, e03453, 2019 . MCCOY, C.E. et al. Randomized Controlled Trial of Simulation vs. Standard Training for Teaching Medical Students High-quality Cardiopulmonary Resuscitation. The western journal of emergency medicine, v. 20, n.1, p.15-22. 2019. MESQUITA, H.C.T.; SANTANA, B.S.; MAGRO, M.C.S. Efeito da simulação realística combinada à teoria na autoconfiança e satisfação de profissionais de enfermagem. Esc Anna Nery, v.23, n.1:e20180270. 2019. ROSEN, M.A. et al. In Situ Simulation in Continuing Education for the health care professions: a systematic review. J Contin Educ Health Prof, v.32, n.4, p.243–54, 2012. SILVA. A.R.A. da et al. Uso de Simuladores para Treinamento de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, v.39, n.1, p.5-11. 2015.
Título do Evento
III Jornada Nacional de Urgência e Emergência LAUEC
Título dos Anais do Evento
Anais da III Jornada Nacional de urgência e emergência LAUEC
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

D'ARTIBALE, Eloana Ferreira et al.. SIMULAÇÃO IN SITU: ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DE UM SERVIÇO DE ATENÇÃO CARDIOPULMONAR.. In: Anais da III Jornada Nacional de urgência e emergência LAUEC. Anais...Manaus(AM) Evento Online, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IIIJORNADA2022/519800-SIMULACAO-IN-SITU---ESTRATEGIA-DE-AVALIACAO-DE-UM-SERVICO-DE-ATENCAO-CARDIOPULMONAR. Acesso em: 10/06/2025

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