PRODUÇÃO DE FERMENTO NATURAL PARA PANIFICAÇÃO DO TIPO LEVAIN A PARTIR DE IOGURTE NATURAL

Publicado em 05/11/2024 - ISBN: 978-65-272-1075-7

Título do Trabalho
PRODUÇÃO DE FERMENTO NATURAL PARA PANIFICAÇÃO DO TIPO LEVAIN A PARTIR DE IOGURTE NATURAL
Autores
  • Louise Alves da Hora Lira
  • Ana Beatriz Silva
  • Andréa Farias de Almeida
  • Flávia de Oliveira Paulino
Modalidade
Resumo expandido - PÔSTER ou ORAL.
Área temática
AMARELA - Relacionada à nutrição e à produção de alimentos. Isso inclui melhorias na qualidade dos alimentos, processos de produção e desenvolvimento de ingredientes funcionais.
Data de Publicação
05/11/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-simbiotec-427979/865312-producao-de-fermento-natural-para-panificacao-do-tipo-levain-a-partir-de-iogurte-natural
ISBN
978-65-272-1075-7
Palavras-Chave
Fermentação natural, Fermentação selvagem, Cultura Starter, Biotecnologia, Inovação
Resumo
Introdução Um dos métodos biotecnológicos mais antigos e fundamentais para a indústria de alimentos, especialmente a indústria de panificação, que envolve a ação de microrganismos, como leveduras e bactérias, é a fermentação natural (MYLONA et al., 2016). Esse processo evoluiu a partir de sua função primária de garantir a estabilidade e a segurança dos produtos perecíveis para a criação de produtos com atributos sensoriais, nutricionais e promotores de saúde, mais atrativos (DE VUYST et al., 2021). A ciência da fermentação e a funcionalidade tecnológica e sanitária dos alimentos fermentados têm sido estudadas considerando o crescente interesse mundial em alimentos fermentados e o enorme potencial da tecnologia para reduzir a perda de alimentos e melhorar a segurança alimentar nutricional (TEREFE et al., 2019). Diversas maneiras de otimizar esse processo têm sido exploradas, buscando componentes que possam potencializar o crescimento microbiológico e, assim, melhorar a qualidade e a eficiência da fermentação natural (DE VUYST et al., 2021). Desse modo, a presente pesquisa objetivou investigar o papel de dois insumos no processo de produção de fermento natural: o iogurte natural, como uma fonte de inóculo microbiano, devido sua riqueza em bactérias do ácido láctico (BAL); e a farinha de casca de maracujá, devido à possibilidade de enriquecimento do substrato, fornecendo componentes específicos e desejáveis para o processo fermentativo, como vitaminas e ß-glucanos. Metodologia Para este estudo foram preparados três tratamentos distintos de fermento natural, denominado levain, sendo: a) Tratamento Controle (TC), com uma mistura de água e farinha branca; b) o Tratamento 3 (T3) com farinha branca, água e iogurte natural; e c) o Tratamento 4 (T4), com 80% de farinha branca, 20% de farinha de casca de maracujá, água e iogurte natural. A farinha de maracujá foi obtida em lojas especializadas de produtos naturais no comércio de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, e o iogurte foi obtido em supermercado convencional na mesma cidade. Os tratamentos foram desenvolvidos e controlados no Laboratório de Inovação de Alimentos (LIA) do Centro de Biotecnologia e as análises do processo fermentativo foram realizadas no Laboratório de Engenharia de Bioprocessos (LEBp), ambos no Centro de Biotecnologia da UFPB. Os fermentos foram mantidos em recipientes de vidro e inicialmente descansaram por 48h. A partir do terceiro dia, os fermentos eram alimentados a cada 24 horas com 50 gramas de farinha nas proporções correspondentes aos componentes específicos de cada tratamento, e 25 mililitros de água. Esse processo de alimentação do fermento durou oito dias. Dadas as características da farinha de casca de maracujá, o tratamento T4 teve a quantidade de água adicionada na alimentação aumentada de 25 mL para 50 mL, para assegurar a homogeneização adequada do fermento, a partir do quarto dia. Os fermentos permaneceram em processo de fermentação em estufa a +26 ± 2ºC, durante 8 dias. Para produção dos fermentos utilizou-se metodologia adaptada de De Vuyst et al. (2021). Para acompanhamento do processo de desenvolvimento do fermento foram realizadas diariamente as seguintes aferições: determinação da altura das massas com auxílio de paquímetro e determinação do peso das massas com uma balança de precisão. A cada 48 horas era aferido o pH, segundo metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008), utilizando pHmetro de bancada. Também foram realizadas a leitura de absorbância (600 nanômetros) com um espectrofotômetro UV utilizando metodologia adaptada de Bortoli (2013); a determinação de peso seco por secagem em estufa, durante 24 h com temperatura igual a 85°C, segundo método adaptado do Instituto Adolfo Lutz (2008); e contagem de células em câmara de Neubauer, como descrito por Butler e Spearman (2007). Todas as análises foram realizadas em triplicata para garantir a confiabilidade dos resultados e minimizar variações experimentais. Resultados e Discussão Quanto ao crescimento, o tratamento controle apresentou crescimento de 2,5 cm após o período inicial de 48 h de descanso, crescimento de 1,2 cm entre o terceiro e quarto dia, e aumento de 0,2 cm entre o quarto e quinto dia. Nos dias restantes, ou seja, do sexto ao oitavo dia, não foi registrado aumento da altura da massa. O tratamento T3 registrou o primeiro aumento de altura entre o terceiro e quarto dia, com 0,4 cm de crescimento, seguido de 0,5 cm de crescimento entre o quarto e quinto dia, 2,6 cm entre o quinto e sexto, 3 cm entre o sexto e sétimo dia e, por fim, registrou um crescimento ligeiramente menor do que o anterior, com 2,2 cm de crescimento entre o sétimo e oitavo dia. O tratamento T4 teve um tímido crescimento de 0,3 cm entre o terceiro e quarto dia, se manteve inerte entre o quarto e quinto dia (0 cm), e cresceu abruptamente entre o sexto e sétimo dia, aumentando em 3,1 cm sua altura, e novamente entre o sétimo e oitavo dia, crescendo 4,5 cm, atingindo o maior crescimento dentre os registrados. Os valores de absorbância a 600 nanômetros do tratamento controle (1,692; 2,180; 2,146), e T4 (1,752; 1,980; 1,893) aumentaram entre o primeiro e quarto dia, porém, entre o quarto e oitavo, diminuíram. Os valores do T3 (1,910; 2,070; 2,100) mantiveram uma progressão até o último dia. O número estimado de células por mL seguiu o mesmo padrão; com os tratamentos controle (22.250.000; 28.750.000; 28.350.000), e T4 (23.600.000; 26.650.000; 25.500.000) apresentando aumento no número de células por mL entre a primeira e segunda contagem, e diminuição entre a segunda e terceira contagem, enquanto T3 (30.350.000; 33.050.000; 33.500.000) demonstrou aumento constante na contagem de células durante todas as contagens. Em termos de peso seco (g/100 mL), o tratamento controle (0,12; 0,05; 0,05) apresentou maior valor no primeiro dia de análise, com valores menores e sem alteração nas análises seguintes. Os tratamentos T3 (0,01; 0,02; 0,02) e T4 (0; 0,02; 0,02) mostraram crescimento do peso seco entre a primeira e a segunda análise, mantendo-se estáveis entre a segunda e a terceira quantificação. O pH dos tratamentos controle (5,2; 5,26; 4,04; 4,29) e T4 (4,47; 4,88; 4,24; 4,22) tornaram-se mais ácidos ao final do processo, com pequenas flutuações ao longo das medições, enquanto T3 (4,64; 4,57; 4,94; 4,72) apresentou pH ligeiramente mais básico ao final do processo, em comparação aos valores iniciais, também com flutuações intermediárias. Esses resultados indicam que, dentro do protocolo utilizado, a utilização de diferentes elementos no fermento pode alterar os padrões de ativação. Os tratamentos que continham iogurte natural (T3), e iogurte natural e farinha de casca de maracujá (T4) demonstraram excelente ativação, com ótimos padrões e medidas de crescimento, mudança de pH desejada, demonstrando um crescimento mais consistente e sustentado, em comparação aos demais tratamentos. Os dados de T3 e T4 foram especialmente melhores que os do tratamento controle, que demonstrou padrão de ativação divergente. Conclusões Pelos dados obtidos neste trabalho concluiu-se que a farinha de casca de maracujá e o iogurte natural podem ser considerados componentes agregadores na otimização da fermentação natural, proporcionando a ativação do fermento levain com crescimento mais sustentado e uma atividade metabólica elevada. A associação dos dois insumos configurou uma valiosa combinação, com potencial de ser empregado nos processos de fabricação de fermento natural tipo levain destinados à indústria de panificação, pois melhorou sobremaneira a qualidade do fermento. A continuidade desta linha de pesquisa pode contribuir para a inovação na indústria de panificação e outras áreas relacionadas à fermentação, promovendo práticas para melhoria da tecnologia no setor, e possível potencial funcional.
Título do Evento
III Simbiotec
Cidade do Evento
João Pessoa
Título dos Anais do Evento
Anais do Simbiotec
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LIRA, Louise Alves da Hora et al.. PRODUÇÃO DE FERMENTO NATURAL PARA PANIFICAÇÃO DO TIPO LEVAIN A PARTIR DE IOGURTE NATURAL.. In: Anais do Simbiotec. Anais...João Pessoa(PB) UFPB, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-simbiotec-427979/865312-PRODUCAO-DE-FERMENTO-NATURAL-PARA-PANIFICACAO-DO-TIPO-LEVAIN-A-PARTIR-DE-IOGURTE-NATURAL. Acesso em: 02/08/2025

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