MICROBIOLOGIA FORENSE: INOVAÇÕES E IMPACTOS NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL MODERNA

Publicado em 05/11/2024 - ISBN: 978-65-272-1075-7

Título do Trabalho
MICROBIOLOGIA FORENSE: INOVAÇÕES E IMPACTOS NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL MODERNA
Autores
  • Camilly Rosendo da Silva
  • Ana Cecília Souza Dos Santos
  • nathally andrade de azevedo
  • Larissa Cristina da Silva Egito
  • José Soares do Nascimento
Modalidade
Resumo expandido - PÔSTER ou ORAL.
Área temática
PRETA - Na área de bioterrorismo, perícia, ações de vigilância e anti-bioterrorismo.
Data de Publicação
05/11/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-simbiotec-427979/860445-microbiologia-forense--inovacoes-e-impactos-na-investigacao-criminal-moderna
ISBN
978-65-272-1075-7
Palavras-Chave
Microbiologia Forense, Técnicas Periciais, Análises microbiológicas
Resumo
1. Introdução O corpo humano é composto tanto por células quanto por organismos a exemplo das bactérias e fungos. O Projeto Microbioma Humano (HMP) além de confirmar este fato, acrescenta que um corpo humano em ideais condições de saúde apresenta dez vezes mais microrganismos do que células somáticas e germinativas (SPAGNOLO et al., 2019). A partir disso, surge a ideia de explorar meios para otimizar a investigação forense através da microbiologia. Segundo a Revista Brasileira de Criminalística (WEÇOSKI; DALZOTO, 2023), a ciência forense é um campo de atuação multidisciplinar, que integra várias áreas de estudo e correlaciona informações com um único objetivo: apresentar aos operadores do Direito provas e explicações precisas sobre crimes, para que haja o andamento de investigações criminais. A Microbiologia Forense é um ramo das ciências forenses relativamente novo, mas que apresenta constante avanço de pesquisas e técnicas periciais, podendo ser aplicada desde biocrimes até homicídios violentos. Essa ciência baseia-se na Microbiologia tradicional associada ao cultivo e análise molecular de amostras de bactérias e/ou fungos obtidas a partir do corpo da vítima, do suspeito ou do ambiente ao redor; tendo como objetivo principal buscar evidências qualificadas para beneficiar processos judiciais (NODARI et al., 2024). Sendo assim, a ciência associada ao tribunal pode revelar: bioterrorismo, evidências para rastreamento, determinação da causa e hora da morte e, outros aspectos médico-legais como, por exemplo, agentes infecciosos transmitidos para a vítima após uma agressão sexual (LEHMAN, 2014). 2. Metodologia O presente trabalho consistiu em uma revisão sistemática e bibliográfica, pautada em um método com caráter descritivo. Os dados apresentados foram obtidos a partir das plataformas online: PubMed, Scielo Brasil e Google Acadêmico, a partir do uso das seguintes palavras-chave: “Microbiologia forense”, “Casos criminais”, “Microbiologia Forense e Fungos” e “Microbiologia Forense e bactérias”. Nesse sentido, critérios como período de tempo compreendido entre 2012 e 2024; escrita em língua portuguesa ou inglesa; disponibilidade e relevância dos resultados obtidos foram utilizados para a inclusão do material no referido estudo. Ademais, em relação aos critérios de exclusão, foram pautados em estudos realizados em período de tempo anterior ao estabelecido, conteúdo indisponível/repetitivo e pesquisas que fujam da temática proposta. 3. Resultados Para o desenvolvimento do estudo foram utilizados um total de 38 artigos científicos, dos quais oito foram utilizados e 30 foram excluídos, após leitura e análise dos critérios estabelecidos. A maior prevalência de publicação foi no ano de 2021 com 5 publicações, totalizando uma média de 3,16 artigos por ano. Dentre a área temática, 12 artigos discorrem acerca da microbiologia forense em um panorama geral, um artigo trata acerca das técnicas utilizadas, 10 expõe sobre a micologia forense e 15 relatam a respeito da bacteriologia forense. 4. Discussão Nos oito artigos selecionados os autores se valeram das informações obtidas sobre bactérias e fungos, especialmente no que envolve o microbioma e a biologia desses organismos detectados. Nos artigos pesquisados, conforme Weçoski e Dalzoto (2023, p.112) utilizando novas tecnologias como o sequenciamento de DNA em larga escala e outras técnicas moleculares como a PCR, a microbiologia forense pode fornecer informações valiosas sobre crimes, ajudando na análise de provas. Com os avanços contínuos nos estudos de microrganismos, a microbiologia forense agora pode contribuir para a análise de evidências criminais, permitindo a identificação das causas de morte, identificação de indivíduos, geolocalização e estimativas do intervalo pós-morte, tudo através da análise de fungos, vírus e bactérias. Esses mesmos autores (p.117) também relatam que as alterações na microbiota durante os estágios de decomposição de um cadáver podem ser utilizadas como um relógio microbiano pós-morte, ajudando a determinar o intervalo pós-morte (IPM), essencial para a reconstrução de cenas de morte, seja por homicídios, mortes suspeitas ou naturais. A análise do microbioma de diferentes partes do corpo e ambientes pode ser empregada para determinar a localização geográfica de crimes, bem como para identificar a causa da morte e a identidade dos indivíduos. Conforme constata Novaes et al. (2021, p.246), o uso da microbiota da pele humana apresenta-se como um método alternativo promissor para a geração de perfis de STR, repetições curtas em tandem, utilizando marcadores genéticos microbianos para comparar a microbiota da pele com os microrganismos presentes em objetos manipulados. Com isso, diversos estudos têm demonstrado a comparação entre o perfil microbiano de uma pessoa e os objetos a ela associados. Além disso, os referidos autores (p.248) acrescentam que, para a aplicação prática, ainda são necessários estudos adicionais, incluindo novas comparações entre a microbiota da pele e o ambiente, bem como com outras pessoas, utilizando metodologias mais recentes e em diferentes intervalos de tempo. De acordo com Lax et al. (2015, p.1), a troca microbiana entre ambientes e humanos revelou o potencial forense do microbioma. Em alguns casos, “assinaturas microbianas humanas” têm sido usadas para associar indivíduos a objetos com os quais interagiram, como teclados de computador e celular. Estudos da microbiota em superfícies residenciais mostraram que a assinatura microbiana de uma família pode ser preditiva do microbioma da casa e que os indivíduos dentro de uma casa podem ser diferenciados. Além disso, pesquisas recentes sobre as associações microbianas em smartphones demonstraram que os indivíduos deixam parte da microbiota da pele na superfície desses dispositivos. Entretanto, de acordo com Wang et al. (2019, p.162), estudos utilizando Análise de Fusão de Alta Resolução (HRM) com base em 16SrRNA para identificação pessoal com a microbiota oral humana revelaram discrepâncias entre humanos. Essas diferenças são fundamentais para a identificação pessoal, sugerindo a aplicação de métodos mais precisos, como o sequenciamento, para uma análise mais aprofundada. A microbiota oral humana mostra potencial como um marcador promissor para aplicações forenses. Dito isso, para Barbosa et al. (2012, p.12), os fungos na micologia forense têm diversas aplicações, como fornecer evidências residuais, estimar o tempo desde a morte, determinar o tempo de deposição, investigar a causa da morte (intoxicações ou alucinações) e localizar cadáveres enterrados. Essas aplicações destacam o potencial significativo dos fungos na resolução de crimes. Tendo como exemplo prático a aplicabilidade de fungos, os referidos autores (p.14) trazem um caso descrito na literatura que envolveu um homem de 71 anos encontrado morto em um poço em seu jardim. O cadáver apresentava colônias brancas de fungos, identificadas como Penicillium sp. e Aspergillus terrous, no rosto, que podem colonizar em 3-7 dias nas partes expostas. A análise da decomposição dos órgãos indicou que o homem estava morto há aproximadamente 10 dias, destacando a utilidade dos fungos na estimativa do intervalo mínimo de morte. Outrossim, os autores Dalzoto e Weçoski (2023, p.118) também descrevem que em Dundee, na Escócia, o corpo de uma mulher estuprada e morta foi cremado antes que um micologista pudesse examiná-lo. No entanto, com anotações sobre o estado do corpo e o crescimento extensivo de fungos, foi possível estimar que a mulher esteve no local por pelo menos duas semanas. O pólen encontrado e os esporos de fungos estabeleceram uma ligação com o suspeito e o local do crime. Outras evidências, como filmagens de câmeras e uma extensa ficha criminal, resultaram na condenação do suspeito. 5. Conclusão Diante do exposto, conclui-se que a Microbiologia Forense é uma área recente e promissora, viabilizando o aperfeiçoamento de técnicas periciais, contribuindo significativamente para o avanço da ciência forense moderna. O desenvolvimento dessa área, por meio da análise de fungos, vírus e bactérias, assegura importantes avanços para a identificação de microrganismos em cenas de crime, auxiliando na obtenção de provas concretas que podem ser utilizadas em ações jurídicas. Possibilitando, desse modo, a obtenção de resultados de processos como: a estimativa precisa de intervalo post-mortem e a identificação das causas de óbito e dos indivíduos envolvidos em casos criminais e, consequentemente, fornecendo um suporte detalhado para investigações criminais. Por conseguinte, para um contínuo avanço da área, evidencia-se a importância da realização de mais estudos, visando viabilizar ainda mais suas aplicações.
Título do Evento
III Simbiotec
Cidade do Evento
João Pessoa
Título dos Anais do Evento
Anais do Simbiotec
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Camilly Rosendo da et al.. MICROBIOLOGIA FORENSE: INOVAÇÕES E IMPACTOS NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL MODERNA.. In: Anais do Simbiotec. Anais...João Pessoa(PB) UFPB, 2024. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-simbiotec-427979/860445-MICROBIOLOGIA-FORENSE--INOVACOES-E-IMPACTOS-NA-INVESTIGACAO-CRIMINAL-MODERNA. Acesso em: 02/05/2025

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