UMA VIAGEM PELO SABER MATEMÁTICO PRESENTE NA FEIRA LIVRE DA CIDADE DE BRAGANÇA - PA

Publicado em 03/05/2023 - ISBN: 978-85-5722-738-5

Título do Trabalho
UMA VIAGEM PELO SABER MATEMÁTICO PRESENTE NA FEIRA LIVRE DA CIDADE DE BRAGANÇA - PA
Autores
  • Cleito Moraes da Silva
  • Alessandra Mariana dos Santos Oliveira
Modalidade
Comunicações Orais - Resumo Expandido
Área temática
GT 3 - Educação Linguagens e saberes Interculturais nas territorialidades amazônicas
Data de Publicação
03/05/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iii-silssa/617083-uma-viagem-pelo-saber-matematico-presente-na-feira-livre-da-cidade-de-braganca---pa
ISBN
978-85-5722-738-5
Palavras-Chave
Saber Matemático, Feira Livre, Venda de Produtos.
Resumo
INTRODUÇÃO A Matemática, como ciência base do conhecimento, está presente, mesmo que de forma subtendida, em todos os lugares que vamos e em todas as atividades que desenvolvemos. D’Ambrosio (2019) diz que: a Matemática como o conhecimento em geral, é resposta às pulsões de sobrevivência e de transcendência, que sintetizam a questão existencial da espécie humana. A espécie cria teorias e práticas que resolvem a questão existencial. Visando essa temática abordada pelo autor, este artigo propõe realizar uma “viagem” pelos saberes matemáticos utilizados pelos feirantes na feira livre da cidade de Bragança-PA, trazendo à tona aspectos relacionados aos modos que utilizam para vender seus produtos e como cada um utiliza de suas técnicas numéricas próprias, mesmo que muitas das vezes, sem possuírem um nível de conhecimento mais aprofundado. Com isso, este estudo vem mostrar para o público interessado que a Matemática não consiste apenas em números e, muito menos, que esteja presente só no ambiente escolar, mas sim, em tudo aquilo que se possa ver e praticar. OBJETIVO Identificar os saberes matemáticos presentes na feira livre da cidade de Bragança-PA, sob o escopo das grandezas e medidas envolvidas na comercialização de três produtos: caranguejo, peixe e farinha. METODOLOGIA Neste trabalho, foi usada uma metodologia baseada na fundamentação teórica por meio de livros, sites e revistas acadêmicas, complementada por uma pesquisa de campo, tendo como lócus principal a feira livre da cidade de Bragança-PA. Nesta, foram feitas visitas que permitiram descrever qualitativamente a composição deste espaço, os tipos de produtos vendidos ao consumidor e suas formas de comercialização. Na sequência, foram feitas entrevistas com os comerciantes, com a finalidade de compreender como eles se utilizam da Matemática no cotidiano. A análise dessas entrevistas mostra que, mesmo as vezes sem a presença do conhecimento aprofundado da Matemática, o comerciante possui a base necessária para realizar o seu trabalho diariamente. RESULTADOS A feira livre de Bragança é um local de comercialização de diversos produtos e foram selecionados três deles (caranguejo, peixe e farinha) para identificar como seus comerciantes utilizam da matemática na venda desses produtos. O caranguejo pode ser encontrado em vasta escala pelas áreas costeiras da região, uma vez que Bragança possui uma das maiores áreas de mangue do Brasil. É comercializado na forma de “cambada”, onde uma cambada contém 14 caranguejos, sendo cada uma comercializada em torno de R$15,00 a R$25,00. Esses valores variam de acordo com a demanda do crustáceo. Na sua comercialização, identificamos que as operações que são utilizadas pelos vendedores geralmente são a adição e multiplicação. Perguntado sobre como faz para obter o valor final sobre seu produto, seu Bena, feirante que trabalha no ramo há 46 anos, e que possui apenas o ensino fundamental, diz que leva em consideração o descarte dos caranguejos que vem mortos nas cambadas que compra do marisqueiro, que é o indivíduo que retira o crustáceo do mangue. Ele diz que vem, em média, dois caranguejos mortos por cambada, ou seja, se ele comprar 20 cambadas de caranguejo (280 unidades) a R$12,00 cada uma (R$0,85 cada unidade), ele estará perdendo 40 unidades do mesmo, ou seja, quase três cambadas, o que dá um saldo negativo de aproximadamente R$34,00 ou com mais precisão ainda, perda de R$1,70 por cambada. Desta forma, seu Bena vende a R$18,00 para poder obter um lucro de aproximadamente R$4,30 por cambada. Ele relata também que faz utilização da calculadora, somente quando precisa fazer operações mais complexas. O pescado é, sem dúvida alguma, uma das principais fontes de economia do município. A feira do peixe é composta por dezenas de bancas, dividindo-se em duas outras feiras: a do peixe seco e a do peixe fresco. O peixe é vendido na feira por quilograma (kg) e em sua grande maioria são usadas balanças digitais que permitem saber o peso (massa) e o valor ao mesmo tempo. Assim como na comercialização do caranguejo, os peixeiros costumam fazer seus cálculos mentalmente, usando as quatro operações básicas, e em poucas oportunidades utilizam calculadora. Seu Astênio Benedito, mais conhecido como seu Chapéu, diz que: “... conforme o tamanho do peixe, o valor muda. Pois tem o peixe graúdo, médio e miúdo”. Além deste fator, o que também determina o valor final do produto é a quebra. De acordo com ele, a cada 100kg de peixe seco que compra, em média se quebra entre 5kg a 10kg. Já o peixe fresco a quebra é bem maior, ultrapassando os 15% a cada 100kg, o que equivale a uma perda de no mínimo 15kg. Com isto, seu Chapéu diz que se comprar 1kg de peixe a R$8,00, tem de vender a R$14,00 para que se tenha lucro. Derivada da mandioca e reconhecida como patrimônio cultural de natureza material do Estado do Pará, a farinha de Bragança tem um papel muito importante na economia da cidade. Produzida em fornos de ferro ou cobre na zona rural do município, é armazenada em sacos de 60kg cada e trazida para ser comercializada na feira livre. Assim como o caranguejo e o peixe, a farinha não tem um valor específico no mercado, sofrendo alterações, conforme a demanda. Durante as vendas, as operações como adição, subtração, multiplicação e divisão são corriqueiramente utilizadas. Observou-se também que o produto se utiliza da massa como grandeza e sua unidade de medida que é o quilograma (kg), diferentemente de feiras de outras localidades, onde a farinha é comercializada por litro. No início deste ano (2023), a saca da farinha teve um aumento bem considerado em relação aos meses anteriores, devido a demanda. A saca da farinha comum está custando em média R$480,00, enquanto a farinha lavada está em torno de R$600,00. Para obter o valor final, seu Gérre, que trabalha na feira há quase dois anos, diz que geralmente põe 20% sobre o valor no qual é comprado a saca. Desta forma, vende o quilo da farinha comum entre R$9,50 a R$10,00, enquanto a farinha lavada sai a R$12,00. CONCLUSÃO Ao final da pesquisa, percebeu-se que, embora todos os feirantes que ali se encontram saibam fazer seus cálculos mentalmente, muitos não possuem grau de estudos ou até mesmo são analfabetos. Por esses motivos, por mais que saibam fazer esses cálculos, não tem noção de que fórmulas matemáticas ali estão sendo empregadas, quando da venda de seus produtos. A falta de oportunidades de empregos, falta de estudos e responsabilidade com familiares, são fatores cruciais que muitas das vezes levam essas pessoas a ingressarem nas feiras livres, pois ali, através do trabalho informal, conseguem adquirir seus sustentos. Contudo, é necessário que órgãos municipais, estaduais e federais, juntamente com a sociedade em geral, possam dar incentivos que desperte o interesse do feirante em querer obter mais conhecimento, como por exemplo, participação em programas educacionais como a EJA (Educação de Jovens e Adultos). REFERÊNCIAS D’Ambrosio, Ubiratan. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 6ª ed., Belo Horizonte: Autentica Editora, 2019, pg 24. Oliveira, José Ribamar G. de. Alma das Ruas. Belém: IOE, 2017, pg 113. PARÁ. Lei Nº 9541/2022 de 28 de Abril de 2022. Declara como integrante do patrimônio cultural de natureza material do Estado do Pará, a Farinha de Bragança. Imprensa Oficial do Estado – IOE-PA, pg. 4.
Título do Evento
III SILSSA - Seminário Internacional Linguagens Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Cidade do Evento
Bragança
Título dos Anais do Evento
Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Cleito Moraes da; OLIVEIRA, Alessandra Mariana dos Santos. UMA VIAGEM PELO SABER MATEMÁTICO PRESENTE NA FEIRA LIVRE DA CIDADE DE BRAGANÇA - PA.. In: Anais do III Silssa - Seminário Internacional de Linguagens, Saberes e Sociobiodiversidade na Amazônia. Anais...Bragança(PA) UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/iii-silssa/617083-UMA-VIAGEM-PELO-SABER-MATEMATICO-PRESENTE-NA-FEIRA-LIVRE-DA-CIDADE-DE-BRAGANCA---PA. Acesso em: 06/07/2025

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