HANSENÍASE: UMA ANÁLISE CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DE UM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO DO OESTE DO PARÁ

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
HANSENÍASE: UMA ANÁLISE CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DE UM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO DO OESTE DO PARÁ
Autores
  • VICTOR ALEXANDRE SANTOS GOMES
  • Pollyanna Ribeiro Damasceno
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
  • TATIANE COSTA QUARESMA
  • FRANCIANE DE PAULA FERNANDES
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
2. Doenças infecciosas e parasitarias no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/780896-hanseniase--uma-analise-clinica-e-epidemiologica-de-um-municipio-hiperendemico-do-oeste-do-para
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Hanseníase; Epidemiologia; Saúde Pública.
Resumo
Contextualização: Em 1874, o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen fez a primeira identificação da Hanseníase, também conhecida como Mal de Hansen. Atualmente, compreendemos que se trata de uma enfermidade infecciosa, de curso prolongado e passível de cura. Seu sintoma predominante são lesões na pele, acompanhadas de perda de sensibilidade à dor, ao calor e ao toque, devido à ação do bacilo Mycobacterium leprae, resistente ao álcool e ao ácido, alojando-se nas células nervosas periféricas, especialmente nas células de Schwann. Afetando pessoas de todas as idades e gêneros e se não for tratada de maneira precoce, a doença progride e se torna contagiosa, podendo levar a deformidades, lesões e perda da capacidade funcional. Com isso, a presença dessas previsões físicas muitas vezes resulta em sentimentos de exclusão, preconceito e estigmatização, que têm um impacto negativo nas relações sociais dos indivíduos afetados. Embora a hanseníase tenha sido controlada em muitos países, com uma prevalência de menos de 1 caso para cada 10 mil habitantes, o Brasil destaca-se como o segundo país com o maior número absoluto de casos confirmados. Desse modo, dada a prevalência da hanseníase como um problema de saúde pública no Brasil, é importante ressaltar que esta doença é tratável, e que as pessoas afetadas têm acesso a programas de reabilitação e tratamento disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, é crucial conduzir estudos clínico-epidemiológicos, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos elementos relacionados à doença, permitindo uma gestão mais informada e estratégica do tratamento (PINHEIRO, 2017; TAVARES, 2021). Objetivo: Conhecer as características clínicas e epidemiológicas de pessoas diagnosticadas com hanseníase no município de Santarém-PA. Métodos: Este é um estudo de natureza ecológica, que adota uma abordagem transversal, descritiva e exploratória. Ele se baseia em dados secundários referentes às taxas de incidência da hanseníase no município de Santarém, localizado no estado do Pará. Esses dados foram encontrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e foram obtidos por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), acessado no site oficial (https://datasus.saude.gov.br). A coleta de dados ocorreu durante o mês de setembro de 2023, e o período de análise abrangeu os anos de 2018 a 2022. Foram consideradas diversas variáveis, como o número de casos confirmados por ano de notificação, sexo, faixa etária, raça/cor, nível de escolaridade, classificação operacional, notificação de baciloscopia, forma clínica, grau de incapacidade física, número de lesões e esquema terapêutico. É importante ressaltar que, uma vez que esses dados são de domínio público, não houve identificação de indivíduos, obedecendo aos princípios éticos estabelecidos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Portanto, não foi necessário obter o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa para conduzir este estudo. Resultados: No período compreendido entre 2018 e 2022, no município de Santarém, foram divulgadas um total de 2016 casos de hanseníase. Os registros anuais variaram, com 47 casos em 2018, 53 em 2019, 20 em 2020, 45 em 2021 e 41 em 2022. É notável que houve uma maior ocorrência entre indivíduos do sexo masculino, representando 133 casos, o que. A faixa etária de 15 anos ou mais foi a mais afetada, com 208 casos. A raça/cor parda foi a mais comum entre os pacientes, somando 166 casos, e a maioria das manifestações apresentadas tinha nível de escolaridade até o ensino fundamental incompleto, realizando 91 casos. No que diz respeito às características clínicas, a forma clínica dimorfa prevaleceu, totalizando 84 casos, seguida pela forma virchowiana, com 68 casos. Quanto ao grau de incapacidade física, 117 dos casos foi designada com grau zero. A classificação operacional destacou uma predominância de casos multibacilares, representando 164 do total em comparação aos casos paucibacilares, que corresponderam a 52. A baciloscopia apresentou resultado positivo em 37 dos casos. Por outro lado, 37 dos casos não realizaram o exame de baciloscopia no período definido. Quanto ao número de lesões identificadas, foi observado que 48 casos apresentaram lesões únicas, enquanto 53 casos tinham de 2 a 5 lesões, e 79 indivíduos tinham mais de 5 lesões. O esquema terapêutico mais utilizado foi o PQT/MB/12 doses, representando 163 dos casos, seguido pelo PQT/PB/6 doses 53 dos casos. Discussão: Os dados revelam uma variação significativa no número de casos de hanseníase publicados ao longo dos anos de 2018 a 2022 no município de Santarém, comuma tendência decrescente nos registros anuais, apesar de persistir uma carga específica da doença no estado. Essa constatação sublinhaa importância contínua de esforços de controle e prevenção da hanseníase, especialmente em áreas de alta prevalência. O impacto demográfico e socioeconômico é evidente, pois os dados indicam que homens, indivíduos com idade igual ou superior a 15 anos, aqueles com raça/cor parda e níveis de escolaridade mais baixos são mais afetados pela hanseníase. Isso sugere a influência de fatores demográficos e socioeconômicos na exposição e no diagnóstico da doença. Tais disparidades exigem adaptações nas intervenções de saúde pública, visando assegurar que grupos vulneráveis tenham acesso adequado ao diagnóstico precoce e tratamento. A predominância das formas clínicas dimorfa e virchowiana aponta para a diversidade de manifestações da hanseníase no Pará. Embora a maioria dos casos apresentegrau zero de incapacidade física é um indicativo positivo de diagnóstico precoce, mas a proporção de casos com baciloscopia positiva é uma área de preocupação, indicando a necessidade de melhorar as estratégias de diagnóstico e rastreamento da doença. A não realização da baciloscopia em um número significativo de casos também demanda investigação das razões subjacentes. O uso predominante do esquema terapêutico PQT/MB/12 doses sugere a adoção de protocolos de tratamento recomendados para casos multibacilares. No entanto, é necessário monitorizar a eficácia do tratamento e garantir a adesão dos pacientes a esses esquemas. Os dados destacam a necessidade contínua de programas de controle da hanseníase que visem a detecção precoce, tratamento adequado e acompanhamento eficaz para prevenir a propagação da doença e minimizar sequelas (BRASIL, 2017; PINHEIRO, 2017; TAVARES, 2021). Conclusão: Com base nos resultados apresentados neste estudo sobre a hanseníase no município em questão, no período de 2018 a 2023, podemos concluir que a doença continua a ser um desafio significativo de saúde pública na região. Apesar da diminuição nas taxas anuais de incidência, a carga específica da hanseníase persiste de maneira desigual, afetando principalmente grupos demográficos vulneráveis, como homens, indivíduos com níveis mais baixos de escolaridade, e pessoas de raça/cor parda. A diversidade nas formas clínicas destaca a complexidade do espectro clínico da doença, ressaltando a importância de profissionais de saúde bem treinados para reconhecer diferentes apresentações. Os resultados também indicam que programas de conscientização e educação são necessários para reduzir o estigma associado à doença e promover o acesso aos serviços de saúde. Na última análise, este estudo enfatiza a necessidade contínua de esforços de controle e prevenção da hanseníase no Pará, com foco na identificação de fatores de risco, diagnóstico precoce, tratamento eficaz e programas de acompanhamento. No entanto, é crucial mencionar que a abordagem holística e interdisciplinar é essencial para alcançar uma compreensão abrangente da dinâmica da hanseníase em Santarém. Considerando a complexidade socioeconômica e cultural da região, a conclusão deste estudo destaca a necessidade de estratégias inovadoras e inclusivas que envolvam a comunidade local. Iniciativas que promovam a participação ativa da população, combinadas com aprimoramentos na infraestrutura de saúde e educação continuada para profissionais, são cruciais para alcançar resultados sustentáveis no controle da hanseníase. A implementação de abordagens preventivas adaptadas à realidade local, além de medidas de suporte psicossocial, são essenciais para reduzir não apenas a incidência da doença, mas também seu impacto nas comunidades afetadas. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-DATASUS [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi. exe?sinannet/cnv/hanswbr.def BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/guia_pratico_hanseniase.pdf BRASIL. Resolução n° 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos [Internet]. Conselho Nacional de Saúde. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf PINHEIRO, Mônica Gisele Costa. SIMPSON, Clélia Albino. Preconceito, estigma e exclusão social: trajetória de familiares influenciada pelo tratamento asilar da hanseníase. Rev Enferm UERJ. 2017. TAVARES, Aline Menezes Rossi. Perfil epidemiológico da hanseníase no estado de Mato Grosso: estudo descritivo. Einstein (São Paulo). 2021.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, VICTOR ALEXANDRE SANTOS et al.. HANSENÍASE: UMA ANÁLISE CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DE UM MUNICÍPIO HIPERENDÊMICO DO OESTE DO PARÁ.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/780896-HANSENIASE--UMA-ANALISE-CLINICA-E-EPIDEMIOLOGICA-DE-UM-MUNICIPIO-HIPERENDEMICO-DO-OESTE-DO-PARA. Acesso em: 02/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes