DESAFIOS DO ACESSO À SAÚDE DA POPULAÇÃO QUILOMBOLA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: REVISÃO DE LITERATURA

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
DESAFIOS DO ACESSO À SAÚDE DA POPULAÇÃO QUILOMBOLA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: REVISÃO DE LITERATURA
Autores
  • Fabielle Pimentel de Aguiar
  • EMILLY ALINE SANTOS DA CUNHA
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • FRANCIANE DE PAULA FERNANDES
  • TATIANE COSTA QUARESMA
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
4. Assistência a populações tradicionais no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/779982-desafios-do-acesso-a-saude-da-populacao-quilombola-no-sistema-unico-de-saude--revisao-de-literatura
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
população negra; comunidades quilombolas; sistema único de saúde.
Resumo
Contextualização: De acordo com o art.196 a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos (Brasil, 1988). Contudo, ao considerarmos a população negra, deparamo-nos com processos socioeconômicos e culturais injustos, além do persistente racismo que contribui para sua morbimortalidade. Em resposta a essas disparidades, o Ministério da Saúde implementou a Política Nacional de Saúde Integral da população negra (PNSIPN), visando mitigar as desigualdades no acesso à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na redução das disparidades étnico-raciais e na eliminação da discriminação nos serviços de saúde (Brasil, 2017). Objetivo: Este estudo tem como propósito analisar os desafios enfrentados pela população quilombola no acesso ao SUS, visando uma assistência que respeite e incorpore suas práticas tradicionais de saúde. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura que utilizou de banco de dados computadorizados recorrendo ao CAPES periódicos, SciELO, LILACS, BVS no qual foi filtrada a Base de Dados para Ministério da Saúde; Assunto: População Negra; Coleção: Saúde da População Negra sendo encontrados 50 artigos específicos e selecionados 5 artigos que abordam diretamente os desafios de acesso à saúde da população quilombola no contexto do SUS, utilizou-se também de forma isolada descritores como Política de Saúde, População Negra, Saúde das Minorias, Populações Minoritárias, Vulneráveis e Desiguais em Saúde, Promoção da Saúde, Vigilância em Saúde Pública, Sistema Único de Saúde, Educação e Saúde, no idioma português e inglês dos últimos 13 anos que conferiam aos períodos de publicação dos anos de 2005 a 2018. Resultados: A população quilombola reside em áreas distantes dos centros urbanos, enfrentando dificuldades de acesso, o que requer deslocamentos significativos em busca de tratamento de saúde. Observa-se que a população negra apresenta predisposição genética ou hereditária para doenças como anemia falciforme (6% a 10%), Diabetes Mellitus Tipo II (com maior incidência em homens negros, 9% a mais que em brancos, e mulheres negras, cerca de 50% a mais do que mulheres brancas) e hipertensão arterial (prevalente em ambos os sexos). Em relação à saúde dessa população, 60% das mortes maternas são em mulheres negras, e em 2013, as maiores taxas de detecção de sífilis em gestantes foram observadas na raça/cor preta. Quanto à juventude negra, este é um dos grupos vulneráveis mais afetados pelo suicídio, com uma elevação de 53,3% em 2012 para 55,4% em 2016. Os impactos do racismo geram efeitos que incidem diretamente no comportamento das pessoas negras, normalmente associados à humilhação racial e à negação de si, podendo levar a diversas consequências, inclusive às práticas de suicídio. Os indicadores de saúde, quando relacionados às características socioeconômicas (desigualdade na distribuição de rendimento, analfabetismo e desigualdade no trabalho/ocupação), revelam a importante relação entre saúde, seus determinantes sociais e a organização do sistema de saúde. Para alcançar a equidade em saúde da população negra e assegurar o direito fundamental à saúde, deve ser atribuída responsabilidade às três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal, representando um avanço para a saúde em áreas quilombolas. Na esfera Federal, a responsabilidade inclui reorientar a formulação e operacionalização da política de saúde, compreendendo o racismo como categoria fundamental nas políticas afirmativas e no processo saúde/doença. Além disso, deve-se preservar e estimular as práticas curativas e preventivas de matrizes africanas nas comunidades quilombolas e fortalecer a articulação entre os vários órgãos do Governo Federal para integrar as ações em comunidades quilombolas rurais e urbanas. No âmbito Estadual, é crucial garantir serviços de alta complexidade na Atenção à Saúde da população quilombola, bem como garantir formas de financiamento para mobilização, articulação e mapeamento dos territórios quilombolas, reconhecendo as práticas de saúde dos espaços religiosos e a possibilidade de trabalho conjunto com o SUS. A esfera Municipal deve assumir a responsabilidade por identificar as comunidades quilombolas, garantir transporte entre as comunidades e as unidades de saúde, identificar as doenças prevalentes e assegurar serviços de média e alta complexidade na Atenção à Saúde, reconhecendo práticas populares de saúde, entre outros. A PNSIPN surge como resultado do reconhecimento das iniquidades em saúde dessa população, da necessidade de priorizar a redução dos agravos que incidem desproporcionalmente, segundo as taxas de morbidade e mortalidade nesse grupo populacional, e a partir da organização e reivindicação dos movimentos sociais. Como exemplo de implementação eficaz da PNSIPN, destaca-se a promoção do reconhecimento dos saberes e práticas populares de saúde, incluindo aqueles preservados pelas religiões de matrizes africanas. Aliadas a ela, estão a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que se caracterizam como instrumentos importantes na valorização dos conhecimentos tradicionais. Discussão: Segundo a resolução 16/2017 da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra destaca-se a necessidade de os gestores conhecerem a realidade de sua população territorial, identificando indicadores de saúde e desenvolvendo estratégias específicas para atender às suas necessidades. Assim, para promover a equidade na saúde da população negra, é essencial compreender os determinantes sociais e sua influência direta no bem-estar, possibilitando a elaboração e oferta de serviços de saúde eficazes (Cavalcante, 2011). As condições socioeconômicas, habitação e renda persistem como determinantes que dificultam o acesso à saúde (Brasil, 2017). A localização remota e de difícil acesso das comunidades negras contribui para a necessidade de deslocamento em busca de atendimento (Brasil, 2018). Além disso, a falta de condições sanitárias adequadas nas moradias aumenta a prevalência de enfermidades que poderiam ser prevenidas com uma atenção primária mais eficiente. Desse modo, a participação ativa da comunidade e sua inclusão em discussões sobre práticas populares de saúde e promoção do bem-estar são aspectos cruciais na implementação efetiva das políticas de saúde (Brasil, 2005). Portanto, apesar da existência de políticas públicas, a implementação eficaz requer a criação de comitês de saúde específicos, visando aumentar a participação da população e promover discussões sobre a PNSIPN e seus direitos (Resolução 16/2017). CONCLUSÃO: A análise dos resultados revela nuances significativas nas condições de saúde e nos desafios enfrentados pela população quilombola no acesso ao SUS. A interseção entre indicadores de saúde, características socioeconômicas e determinantes sociais destaca uma complexa rede de influências que moldam a saúde dessa comunidade. A implementação da PNSIPN emerge como um avanço significativo, mas os resultados sugerem que ajustes contínuos são necessários para maximizar seu impacto. É crucial reconhecer os sucessos alcançados e, ao mesmo tempo, identificar áreas que demandam maior atenção, especialmente em termos de adaptação cultural e sensibilidade às práticas populares de saúde específicas das comunidades quilombolas, reforça-se a importância de uma abordagem holística e inclusiva na promoção da saúde da população quilombola. A territorialidade e as particularidades culturais dessas comunidades devem ser não apenas reconhecidas, mas integradas às políticas de saúde para garantir um acesso verdadeiramente equitativo e respeitoso ao SUS. O compromisso contínuo com a pesquisa, o diálogo e a ação colaborativa são essenciais para transformar os desafios identificados em oportunidades para a construção de um sistema de saúde mais inclusivo e eficaz.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

AGUIAR, Fabielle Pimentel de et al.. DESAFIOS DO ACESSO À SAÚDE DA POPULAÇÃO QUILOMBOLA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: REVISÃO DE LITERATURA.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/779982-DESAFIOS-DO-ACESSO-A-SAUDE-DA-POPULACAO-QUILOMBOLA-NO-SISTEMA-UNICO-DE-SAUDE--REVISAO-DE-LITERATURA. Acesso em: 29/05/2025

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