REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS DA CRISE CLIMÁTICA NAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS DA CRISE CLIMÁTICA NAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Autores
  • Alexsandro Bararuá Maia
  • Fernanda Alaine Santos Campos
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • Franciane de Paula Fernandes
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
  • TATIANE COSTA QUARESMA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
4. Assistência a populações tradicionais no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/779600-repercussoes-psicossociais-da-crise-climatica-nas-populacoes-ribeirinhas-da-amazonia--uma-revisao-de-literatura
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Populações ribeirinhas, Amazônia, Mudanças Climáticas, Impactos Psicossociais
Resumo
Contextualização: Historicamente, a Amazônia brasileira é ocupada por povos tradicionais, composta por uma variedade de grupos étnicos, decorrente do processo histórico do país no que refere a colonização que incidiu numa mistura racial e cultural. Os povos ribeirinhos resultam dessa interação, constituindo um modo de vida próprio, traduzido por uma identidade sociocultural e política singular. Essa população, possui uma relação direta com a natureza, especialmente com o uso dos recursos naturais para a sua sobrevivência. Diante disso, as mudanças climáticas globais, resultantes de ações humanas e forças naturais, estão significativamente impactando no modo vida desse segmento. A diversidade social, cultural, ecológica e climática do país, nesse contexto, interfere diretamente na resiliência individual e coletiva das populações expostas às mudanças climáticas, sobretudo aquelas que vivem às margens de rios, nas comunidades amazônicas, onde as disparidades sociais, políticas e econômicas colocam as populações em situação de vulnerabilidade. Essa vulnerabilidade é agravada pelos efeitos negativos dos determinantes sociais da saúde, uma vez que as mudanças climáticas intensificam fragilidades já existentes. A partir desse cenário, surgiu a seguinte pergunta: Como as populações ribeirinhas nas comunidades amazônicas estão sendo afetadas psicossocialmente pela crise climática, e de que maneira esses impactos se refletem em sua dinâmica de saúde/doença? Objetivo: Analisar as repercussões psicossociais da crise climática nas populações ribeirinhas, no contexto amazônico. Métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal e qualitativa, utilizando uma abordagem de revisão de literatura. A análise busca compreender como a literatura tem abordado a crise climática contemporânea e seus efeitos psicossociais na vida das populações ribeirinhas da Amazônia, além de explorar como esse contexto afeta a dinâmica de saúde/doença. Assim, a pesquisa se deu nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), utilizando os seguintes descritores: "mudança climática", "Amazônia", "ribeirinho" e, "impacto psicossocial" com uso do operador booleano "and". A pesquisa foi restrita a resultados em português dos últimos cinco anos, resultando na seleção de cinco estudos relacionados ao escopo da pesquisa. Adicionalmente, será realizada uma análise de conteúdo para extrair e sintetizar informações relevantes dos estudos selecionados, proporcionando uma compreensão mais aprofundada das implicações psicossociais identificadas. Resultados: Ao todo foram encontrados 31 artigos, sendo selecionados 5 estudos que atendiam aos critérios de inclusão da pesquisa. Após a seleção dos artigos conforme os critérios de inclusão previamente definidos, foram seguidos, nessa ordem, os seguintes passos: leitura exploratória; leitura seletiva e escolha do material que se adequassem aos objetivos e tema deste estudo; leitura analítica e análise dos textos, finalizando com a realização de leitura interpretativa e redação. Diante disso, considera-se que as mudanças climáticas impactam severamente a reprodução de vida da população ribeirinha que vivem no interior da Amazônia, haja vista que esses fenômenos provocam em especial, alterações de todo seu ambiente de vida, como inundações, período extenso de seca, extinção de animais, bem como transformação em todo ecossistema, produzindo assim, vulnerabilidades sociais. Tal fato, convida-nos a refletir acerca da importância da continuidade desses saberes e da reinvenção das tradicionalidades como formas de enfrentamento de cheias e vazantes atípicas nas várzeas amazônicas, o que pode ser feito em planos de governança do risco. Ademais, conforme o relatório da Associação Americana de Psicologia e a ecoAmerica, as alterações climáticas têm um impacto mais profundo para as populações tornadas vulneráveis pelas circunstâncias sociais e econômicas, tais como as populações tradicionais. Os dados indicam que esse fenômeno pode levar ao: estresse, ansiedade, depressão, Transtorno do Estresse Pós Traumático, suicídio, complicações neurológicas, déficits cognitivos, além de ocasionar uma maior exposição à violência e ao crime e taxas mais altas de encarceramento. Outrossim, essas populações relatam conflitos sociais, interrupção da agricultura e escassez de alimentos, proliferação de doenças e alteração nas práticas culturais. Discussão: As atividades desenvolvidas pelas populações ribeirinhas como agricultura, caça, pesca, coleta e extração, são moldadas de acordo com suas necessidades e os recursos naturais disponíveis. Há um padrão complexo na organização da produção e gestão desses recursos, atividade que vai na contramão do uso indiscriminado dos recursos da floresta e na causa do desmatamento desenfreado. Sabe-se que a Amazônia possui um grande acervo de recursos naturais, convivendo com um processo de exploração contínua em prol de um desenvolvimento econômico, onde o lucro está acima do direito de preservação da Amazônia, e consequentemente, da preservação da vida. Diante disso, as mudanças climáticas em curso no território amazônico têm forte ligação com a ação humana. A saúde da população é dependente de aspectos sociais, econômicos, ambientais e de políticas públicas que integrem essa questão como estratégia para o desenvolvimento do país, estado ou município. Os impactos na saúde resultantes das alterações climáticas globais dependerão do estado geral de saúde das populações expostas que, por sua vez, dependem de condições dos determinantes sociais da saúde como a cobertura de saúde universal, a governança socioambiental, políticas públicas e os rumos do modelo de desenvolvimento do país. Assim, a discussão ambiental deve ser promovida e compreendida em sua dimensão sociocultural. Nesse sentido, faz-se necessário gerar conhecimentos e informações qualificadas para promover ações de desenvolvimento social e econômico sustentável, especialmente em relação às populações ribeirinhas, levando em consideração questões de vulnerabilidades, impactos e adaptações nas relações entre os seres humanos, suas atividades e os ambientes. A literatura tem apontado a importância de atenuar a distância entre o diálogo científico e o empírico, entre cientistas e ribeirinhos, sobre questões climáticas e seus efeitos, motivando e fortalecendo a inclusão desses comunitários nos debates, com intuito de reforçar suas capacidades adaptativas diante das mudanças ambientais em curso e construir um canal efetivo de comunicação entre peritos, ribeirinhos e políticas públicas, para garantir que estas políticas sejam efetivas e duradouras, empregadas antes de momentos de emergências e calamidades. Conclusão: Diante dos apontamentos apresentados, ressalta-se que a discussão ambiental deve ser promovida e compreendida em sua dimensão psicossocial. Nesse sentido, embora os impactos destrutivos das alterações climáticas sejam sentidos de alguma forma por todos, os encargos das alterações climáticas recaem pesadamente sobre aqueles que são oprimidos pelas dinâmicas de poder sociais, econômicas, geográficas e políticas, tornando algumas populações mais propensas a dificuldades de saúde mental. Os mesmos grupos também têm frequentemente menos recursos ou capacidade para lidar com os efeitos das alterações climáticas. Assim, surge a necessidade de gerar conhecimentos e informações qualificadas para promover ações, levando em consideração questões de vulnerabilidades, impactos e adaptações nas relações entre as populações ribeirinhas, suas atividades e os ambientes.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MAIA, Alexsandro Bararuá et al.. REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS DA CRISE CLIMÁTICA NAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/779600-REPERCUSSOES-PSICOSSOCIAIS-DA-CRISE-CLIMATICA-NAS-POPULACOES-RIBEIRINHAS-DA-AMAZONIA--UMA-REVISAO-DE-LITERATURA. Acesso em: 09/05/2025

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