PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES POR OSTEOMIELITE NO PARÁ

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES POR OSTEOMIELITE NO PARÁ
Autores
  • Thainara Carina Almeida Dezincourt
  • Thaís Mara Silva Dezincourt
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • FRANCIANE DE PAULA FERNANDES
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
  • TATIANE COSTA QUARESMA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
1. Gestão e formação em saúde;
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/779284-perfil-epidemiologico-das-internacoes-por-osteomielite-no-para
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Osteomielite; Epidemiologia; Ortopedia.
Resumo
Contextualização: A osteomielite, uma condição inflamatória do osso secundária a uma infecção, representa um desafio significativo na ortopedia devido à sua gravidade e morbidade significativa. Ao longo do seu desenvolvimento, a osteomielite pode assumir duas formas distintas: aguda e crônica. A osteomielite aguda se manifesta entre um período de dias a semanas após a infecção inicial. Por outro lado, na osteomielite crônica o processo infeccioso persiste por mais de um mês; e consiste em um quadro de infecção persistente caracterizada pela presença de necrose e sequestro ósseo. Essa condição pode ter origem em diferentes mecanismos, sendo classificada como hematogênica, não hematogênica ou ser secundária a insuficiência vascular ou neuropatia. Em relação à sintomatologia pode ocorrer dor, febre, edema no local afetado e eritema, sintomas comuns entre todos os subtipos da doença. Na osteomielite aguda, os sintomas podem se manifestar de forma mais rápida e frequentemente estão associados à febre e os pacientes geralmente se apresentam sem necrose óssea nos dias a semanas após a infecção inicial. Em contraste, a osteomielite crônica é caracterizada pela presença de tratos fistulosos da pele ao ossos; úlceras de longa duração e fraturas que não se consolidam. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico de pacientes acometidos por osteomielite no estado do Pará durante o período de 2020 a setembro de 2023. Metodologia: Este estudo adota uma abordagem descritiva e transversal, baseando-se na análise de dados secundários da taxa de incidência de osteomielite ocorridos no Estado do Pará, no período de janeiro de 2020 a setembro de 2023. O estado do Pará está localizado no norte do Brasil, na Amazônia Oriental. Possui uma população aproximada de 8.121.025 habitantes, área territorial 1.245.870,707 km2, sendo o segundo estado de maior extensão do Brasil, representa 29,73% da Amazônia brasileira e 14,65% do território nacional. A escolha de conduzir a pesquisa com foco no Estado do Pará decorre da região norte ser uma área com notável incidência de osteomielite no Brasil. A coleta e análise dos dados foram realizadas por meio de consulta nas bases de dados de Morbidade hospitalar do SUS, disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis selecionadas para análise foram: Internações por região e estado; óbito; dados da vítima (idade e raça); taxa de mortalidade; Valores de gastos hospitalares; Valor de gastos com serviços profissionais e Dias de permanência hospitalar. Para análise dos dados, foram executadas análises estatísticas descritivas, abrangendo frequências relativa, absoluta e média. Os dados obtidos foram tratados e tabulados no programa Microsoft Excel ® 2016. Importante ressaltar que, por se tratar de dados de domínio público, não foi necessário submeter o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: Foram notificados nos anos de 2020, 2021, 2022, e nos meses de janeiro a setembro de 2023, 2.686 casos de osteomielite na região do norte do Brasil, com o estado do Pará como região com mais notificações com 1.129 casos, seguido de Roraima com 518 e Tocantins com 358 casos de osteomielite. De modo que, no estado do Pará foram registrados respectivamente, 283, 275, 306, 246 casos de osteomielite nos anos investigados, totalizando 1.129 notificações, com média de 282,25 casos por ano. Dos casos avaliados, 73,61% ocorreram em indivíduos do sexo masculino, 26,39% em indivíduos do sexo feminino. A faixa etária variou de menores de 1 ano a maiores de 80 anos, a população mais ativa (30 a 39 anos) foi a mais acometida com 186 (16,5 %), em seguida a faixa etária de 40 a 59 anos com 179 (15,9%), 50 a 59 anos com 159 casos (14,1%), 60 a 69 anos com 125 casos (11,1%). Em relação a raça, 73% se declaram pardo (824), 1,69% preta (19), branca 2,22% (25), indígena 0,26 % (3), amarela 0,71 % (8). Foram deixadas em branco ou ignoradas 22,20 % (250). Com relação ao caráter de atendimento a maioria foi de caráter de urgência 69,98 % (790), apresentando como valor médio de internação de 7,4 dias com um total de 8.343 dias de permanência em ambiente hospitalar para os pacientes diagnosticados com osteomielite. Em relação aos gastos hospitalares, os valores dos serviços hospitalares utilizados no estado do Pará foram de 789.239,89 e valores com serviços profissionais foram de 277.702,87, bem como o valor médio da AIH durante os anos investigados foram de 945.03. Dos casos de osteomielite, 20 (1,78%) foram a óbito durante o período de coleta de dados, com maior ocorrência no estado do Pará com 6 casos (30%), 3 casos em Tocantins e Roraima (15%). Sendo as faixas etárias com maior taxa de óbito no estado do Pará, entre 50 a 59 anos (50%) e 70 a 79 anos (50%). Considerando-se a taxa de óbito da população, verificou-se que a taxa de mortalidade do estado do Pará correspondendo a 0,53, apresentando a maior taxa de mortalidade no ano de 2020 com 0,71 e 2023 com 0,41. Discussão: No presente estudo verificou-se incidência elevada de osteomielite no Pará, e pode ser associada a fatores como densidade populacional e características epidemiológicas específicas da região. O predomínio de casos em indivíduos do sexo masculino (73,61%) sugere uma possível correlação com eventos traumáticos, acidentes e procedimentos cirúrgicos mais frequentes nesse grupo. A faixa etária mais afetada foi a de 30 a 39 anos, o que coincide com a população economicamente ativa. Este resultado alinha-se com estudos anteriores que destacam o intervalo de idade de 20 a 49 anos como abrangendo quase metade dos casos de osteomielite no país. Comparativamente, apesar da região norte apresentar menor prevalência absoluta de casos, essa incidência é proporcional à densidade populacional. Contrapondo-se às regiões Sudeste e Sul, que registram maior número de internações por osteomielite, possivelmente relacionadas à necessidade de tratamentos cirúrgicos prolongados, como desbridamento e terapia endovenosa com antibióticos. Os dados evidenciam que as internações por osteomielite no Pará resultam principalmente de acidentes automobilísticos; os traumas ósseos causam grande impacto tanto na perspectiva financeira hospitalar e do paciente, assim como no aspecto social do paciente no qual interfere no desempenho ocupacional e laboral nas atividades de vida diária e devido o tempo de hospitalização frequentemente ocorre o afastamento do trabalho, gerando uma incerteza acerca da adaptação, reabilitação e emprego. O estudo identificou grupos de risco, como indivíduos imunossuprimidos por doenças crônicas, tabagismo, desnutrição, lesões traumáticas e cirurgias, destacando a osteomielite pós-traumática. Contudo, é crucial reconhecer as limitações, como possíveis falhas nos registros dos dados, ressaltando a importância de considerar tais aspectos na avaliação integral deste estudo ao longo dos vários anos analisados, proporcionando resultados mais fidedignos à realidade. Conclusão: Os resultados revelaram uma incidência considerável da doença na região, com destaque para o estado do Pará como o mais afetado. A predominância de casos em indivíduos do sexo masculino, na faixa etária de 30 a 39 anos, e com autodeclaração racial como pardo, sugere importantes associações entre fatores demográficos e a ocorrência da osteomielite. O estudo também destacou a relevância dos eventos traumáticos, especialmente acidentes automobilísticos, como principais impulsionadores das internações hospitalares por osteomielite, impactando não apenas a perspectiva financeira, mas também o contexto social e ocupacional dos pacientes. A comparação com outras regiões do país evidenciou a importância de considerar não apenas a prevalência absoluta de casos, mas também a relação proporcional com a densidade populacional. As nuances na distribuição geográfica e demográfica da osteomielite destacam a necessidade de abordagens diferenciadas nas políticas públicas de saúde. Os grupos de risco identificados, como pacientes imunossuprimidos e aqueles com histórico de lesões traumáticas, ressaltam a importância de estratégias preventivas e intervenções direcionadas a esses subgrupos. Contudo, é fundamental reconhecer as limitações inerentes aos dados analisados, como possíveis falhas nos registros, para uma interpretação mais cautelosa dos resultados. Diante disso, este estudo contribui significativamente para a compreensão da epidemiologia da osteomielite no contexto paraense, fornecendo subsídios valiosos para orientar futuras pesquisas e a implementação de medidas eficazes voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e manejo adequado dessa condição clínica complexa.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

DEZINCOURT, Thainara Carina Almeida et al.. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS INTERNAÇÕES POR OSTEOMIELITE NO PARÁ.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/779284-PERFIL-EPIDEMIOLOGICO-DAS-INTERNACOES-POR-OSTEOMIELITE-NO-PARA. Acesso em: 14/05/2025

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