DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES EM SAÚDE NAS POPULAÇÕES INDÍGENAS NO BRASIL

Publicado em 07/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0256-1

Título do Trabalho
DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES EM SAÚDE NAS POPULAÇÕES INDÍGENAS NO BRASIL
Autores
  • Daniel Dantas Silveira
  • Ruan Nogueira do Nascimento
  • Lívia de Aguiar Valentim
  • TATIANE COSTA QUARESMA
  • Franciane de Paula Fernandes
  • SHEYLA MARA SILVA DE OLIVEIRA
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
4. Assistência a populações tradicionais no contexto amazônico
Data de Publicação
07/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iicofs/777553-desafios-na-implementacao-de-acoes-em-saude-nas-populacoes-indigenas-no-brasil
ISBN
978-65-272-0256-1
Palavras-Chave
Saúde Indígena; Atenção à Saúde; Choque Intercultural; Profissionais de Saúde
Resumo
Introdução: A formação histórica do Brasil é intrinsecamente ligada à chegada de povos europeus e africanos, mas é crucial reconhecer que o território já abrigava povos indígenas antes desse contato. Atualmente, o país abriga uma diversidade notável, com aproximadamente 305 etnias indígenas, totalizando 896,9 mil indivíduos. Contudo, apesar dessa riqueza cultural, as políticas culturais ao longo da história negligenciaram frequentemente os direitos dos povos indígenas. A medicina tradicional, liderada pelos pajés, desempenha um papel vital na saúde indígena, transmitindo conhecimentos hereditários por meio de práticas religiosas e terapêuticas. Desde a década de 1970, a Organização Mundial de Saúde recomenda a integração das medicinas tradicionais aos sistemas de saúde nacionais, destacando a importância de reconhecer e respeitar as práticas de saúde indígenas. No entanto, o desafio persiste na implementação efetiva dessas recomendações. Objetivo: Analisar e compreender os desafios enfrentados na implementação de ações de saúde voltadas para as populações indígenas no Brasil, com ênfase nos anos de 2010 a 2023. Metodologia: Busca-se, por meio de uma revisão bibliográfica qualitativa, investigar a efetividade das políticas de saúde, a logística de atendimento, as barreiras linguísticas, a rotatividade de profissionais de saúde e o impacto do choque intercultural. O período selecionado para esta análise compreendeu os anos de 2010 a 2023, visando abranger uma janela temporal representativa que incorporasse tanto avanços recentes quanto contextos históricos relevantes no âmbito da saúde das populações indígenas no Brasil. A primeira etapa da metodologia consistiu na identificação e seleção de fontes de informação relevantes. Para alcançar esse objetivo, foram exploradas e consultadas as renomadas bases de dados SciELO, PubMed e LILACS. O processo de seleção dos artigos foi conduzido de maneira criteriosa, considerando a relevância direta para a temática da saúde nas populações indígenas. Inicialmente, foi realizado um levantamento amplo, identificando um total de 80 artigos potencialmente pertinentes ao escopo do estudo. A seguir, foram aplicados critérios rigorosos de inclusão e exclusão, buscando assegurar a representatividade e a qualidade das fontes utilizadas. Dentre os 80 artigos inicialmente identificados, apenas 10 foram finalmente selecionados. Vale ressaltar que a escolha de focar em uma revisão bibliográfica qualitativa busca explorar em profundidade o conhecimento existente sobre a temática, proporcionando uma análise crítica e reflexiva da literatura científica disponível. Esta abordagem permite a compreensão de tendências, lacunas e perspectivas emergentes no campo da saúde indígena, contribuindo para uma base sólida e informada no desenvolvimento das discussões e conclusões deste estudo. Resultados: A logística de deslocamento entre os polos de saúde e as comunidades indígenas apresenta desafios significativos, sobretudo devido à localização remota das aldeias, muitas das quais são acessíveis apenas por via fluvial. A criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI) representou um avanço, porém, a distância entre os postos de saúde e as comunidades ainda limita o acesso, aumentando o risco de doenças. A barreira linguística emerge como um obstáculo central na comunicação entre profissionais de saúde e comunidades indígenas, que falam 275 línguas nativas. A falta de referência às competências comunicativas e linguísticas necessárias para contextos interculturais é evidente, prejudicando a eficácia dos serviços de saúde. Apesar das políticas públicas, a Atenção Primária à Saúde (APS) muitas vezes não considera as especificidades dos 254 povos indígenas. A alta rotatividade de profissionais de saúde em comunidades indígenas dificulta o estabelecimento de relações de confiança e a compreensão da população local. Fatores como insegurança no vínculo trabalhista, exposição a riscos à saúde, insatisfação salarial e a necessidade de realizar além de suas obrigações contribuem para esse cenário. A localização remota das comunidades também é um fator que influencia na rotatividade. O choque intercultural entre as visões ocidentais e tradicionais do processo de saúde e doença é outro desafio significativo. Os indígenas frequentemente optam por práticas baseadas na sabedoria ancestral, refletindo a rica herança cultural. A falta de compreensão das relações interculturais pode resultar em escolhas autônomas dos indígenas em relação à atenção primária, destacando a necessidade de uma abordagem intercultural na prestação de cuidados de saúde. Discussão: A discussão dos resultados revela uma complexidade intrínseca aos desafios enfrentados na implementação de ações de saúde voltadas para as populações indígenas no Brasil. Os fatores interconectados, como a logística de deslocamento, a barreira linguística, a rotatividade de profissionais e o choque intercultural, emergem como elementos que se entrelaçam, criando um cenário desafiador e multifacetado. A logística de deslocamento apresenta-se como um dos pilares fundamentais dessa complexidade. A distância geográfica entre os polos de saúde e as comunidades indígenas não apenas dificulta o acesso físico aos serviços de saúde, mas também impacta diretamente na comunicação efetiva e na manutenção de profissionais comprometidos. A logística, muitas vezes complicada pela localização remota das aldeias, que frequentemente são acessíveis apenas por via fluvial, amplia a vulnerabilidade dessas comunidades, contribuindo para um maior risco de doenças devido à dificuldade de acesso a serviços de saúde oportunos e adequados (Abati, et al, 2018; Gomez, Esperidião, 2017 ). A barreira linguística, por sua vez, revela-se como um desafio crucial na comunicação entre os profissionais de saúde e as comunidades indígenas, que se expressam em 275 línguas nativas. Essa diversidade linguística destaca a necessidade premente de políticas de saúde que considerem não apenas a formação técnica dos profissionais, mas também as competências comunicativas e linguísticas necessárias para estabelecer um diálogo efetivo e culturalmente sensível (Geronasso, 2021; IBGE, 2010). A rotatividade de profissionais de saúde em comunidades indígenas surge como um problema sistêmico que compromete a construção de relações de confiança e a compreensão aprofundada das necessidades locais. Fatores como insegurança no vínculo trabalhista, exposição a riscos à saúde, insatisfação salarial e demandas além das obrigações profissionais contribuem para a instabilidade e dificuldade na prestação consistente de cuidados (Diehl; Pellegrini, 2014; Vincent, et al, 2022; Cardoso, et al, 2013). O choque intercultural, evidenciado pela discrepância entre as visões ocidentais e tradicionais do processo de saúde e doença, emerge como um desafio adicional. A preferência dos indígenas por práticas baseadas na sabedoria ancestral destaca a necessidade premente de uma abordagem intercultural na prestação de cuidados de saúde. A falta de compreensão das relações interculturais pode resultar em escolhas autônomas dos indígenas em relação à atenção primária, sublinhando a importância de uma sensibilidade cultural e da integração de práticas tradicionais nos serviços de saúde (Pedrana, et al, 2018). A interculturalidade, como elemento-chave na discussão, ressalta a importância de uma abordagem de saúde que reconheça e respeite os saberes tradicionais das comunidades indígenas. Isso não apenas promove a inclusão cultural, mas também pode melhorar a aceitação e eficácia das intervenções de saúde (Arias-Murcia; Penna 2021). Compreender integralmente esses elementos, a logística, a barreira linguística, a rotatividade de profissionais e o choque intercultural, é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes e sustentáveis que superem os desafios e promovam a saúde de maneira holística nas comunidades indígenas. Essa compreensão integrada servirá como base para a formulação de políticas e práticas de saúde mais inclusivas e culturalmente competentes. Conclusão: A escassez de estudos sobre saúde indígena na América do Sul indica a necessidade urgente de uma maior atenção a essa temática. Os sistemas de saúde nacionais devem adotar uma abordagem intercultural, considerando as diferentes formas de cuidado e as particularidades culturais. Estratégias para fixar profissionais nessas comunidades, promovendo o aprendizado e a incorporação da cultura local, são essenciais para superar a alta rotatividade e estabelecer relações de confiança. A construção de um diálogo linguístico efetivo é fundamental para superar a barreira linguística, enquanto a valorização das práticas tradicionais é um passo crucial para garantir a saúde das populações indígenas. Em última análise, é imperativo que as políticas de saúde reconheçam e respeitem a diversidade cultural e promovam uma abordagem inclusiva e intercultural na prestação de serviços de saúde às comunidades indígenas, visando um futuro mais saudável e equitativo para todos.
Título do Evento
II CONGRESSO DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA REGIÃO NORTE: DA GRADUAÇÃO A PÓS-GRADUAÇÃO
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVEIRA, Daniel Dantas et al.. DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES EM SAÚDE NAS POPULAÇÕES INDÍGENAS NO BRASIL.. In: Anais do Congresso de Formação em Saúde da Região Norte: da graduação a pós-graduação. Anais...Santarém(PA) UEPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IICOFS/777553-DESAFIOS-NA-IMPLEMENTACAO-DE-ACOES-EM-SAUDE-NAS-POPULACOES-INDIGENAS-NO-BRASIL. Acesso em: 05/05/2025

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