OS RISCOS DA MÁ UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO: LIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA E DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM

Publicado em 09/05/2022 - ISBN: 978-65-5941-656-1

Título do Trabalho
OS RISCOS DA MÁ UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO: LIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA E DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM
Autores
  • Francisco Helio Cavalcante Felix
Modalidade
Resumo Acadêmico
Área temática
Epistemologia, Lógica e Metafísica
Data de Publicação
09/05/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/iepgfilunb/455604-os-riscos-da-ma-utilizacao-do-conhecimento-cientifico--licoes-da-neurociencia-e-da-filosofia-da-linguagem
ISBN
978-65-5941-656-1
Palavras-Chave
Filosofia da Linguagem, Neurociência, Cientificismo, Desinformação
Resumo
O conhecimento científico já desafiou a sabedoria estabelecida por inúmeras vezes, desde a revolução copernicana até os achados sobre evolução das espécies. A Filosofia não ficou incólume diante da Ciência. Alguns constructos filosóficos foram postos à prova perante descobertas científicas e, por outro lado, todo um ramo do pensar filosófico surgiu a partir da necessidade de se dar uma fundamentação e uma coerência epistemológica ao saber que emana da Ciência, o que deu margem a uma Filosofia da(s) Ciência(s). A interação entre o conhecimento científico e o conhecimento filosófico tornou-se inescapável. Contudo, essa relação não se mostrou isenta de ruídos. O espectro do cientificismo, concepção equivocada de que o conhecimento científico traria respostas precisas e verdadeiras – além de ser um conhecimento pretensamente superior –, é sempre um risco. Como exemplo, cite-se o racialismo pretensamente fundamentado pela ciência que assolou boa parte do século XX. Vários estudiosos já levantaram alertas nesse sentido, como as críticas ao fisicalismo radical, a questão da lacuna explanatória, entre outros. Um consectário específico do cientificismo tem adquirido destaque, por ter ganhado espaço em ondas de desinformação. Trata-se de uma nuance menos lembrada, mas bastante perigosa: a apropriação e a instrumentalização, por parte de grupos sectários (geralmente políticos ou religiosos), de um simulacro de discurso científico para tentar alicerçar suas crenças ou interesses escusos. Tentariam legitimar suas ideias por meio de sua caracterização como científicas, faceta que atingiu um tom dramático durante a pandemia da Covid-19. Contudo, uma reflexão acerca da interação mais adequada entre ciência e filosofia da linguagem pode mostrar o melhor caminho para se evitar as armadilhas mais comuns nesse âmbito, além de qualificar o debate mais amplo sobre o conhecimento científico. A partir das contribuições teóricas de Grice e de Kripke na filosofia da linguagem, pode-se tentar uma interação com a neurolinguística (neurociência ligada à linguagem). O arcabouço teórico não-mentalista de Kripke em relação ao significado parece se coadunar bem com os achados de processamento de linguagem (e de significado) encontrados em crianças até os três anos de idade, quando há a construção do aparato semântico, que se caracteriza pela dependência do contexto. Uma vez estabilizado o aparato semântico, a partir da juventude e perdurando por toda a vida adulta, o quadro muda. Aqui, o arcabouço teórico mentalista de Grice, com ênfase em conteúdos de estados mentais e em representações mentais, ganha força. Defende-se, assim, uma interação cuidadosa, na qual a ciência funcione como um filtro, um prisma que permite destacar e reforçar certas teorias filosóficas acerca de questões complexas sem que sejam excludentes entre si, além de se evitar as armadilhas mais comuns dessa interface. Isso só é possível levando-se em conta todos os problemas que podem ser causados pelo cientificismo e pela instrumentalização da ciência. Uma vez respeitados tais passos, os achados de neurolinguística e as reflexões de algumas das principais teorias filosóficas do significado parecem mostrar um potencial interativo auspicioso e que indica um caminho a ser seguido de modo mais amplo, evitando-se sectarismos e desinformação ligados à ciência.
Título do Evento
I ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UNB
Título dos Anais do Evento
Anais do Encontro Nacional de Pós-graduação em Filosofia da UnB
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FELIX, Francisco Helio Cavalcante. OS RISCOS DA MÁ UTILIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO: LIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA E DA FILOSOFIA DA LINGUAGEM.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/IEPGFilUnB/455604-OS-RISCOS-DA-MA-UTILIZACAO-DO-CONHECIMENTO-CIENTIFICO--LICOES-DA-NEUROCIENCIA-E-DA-FILOSOFIA-DA-LINGUAGEM. Acesso em: 05/07/2025

Trabalho

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