O LUTO MATERNO PERINATAL E IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

Publicado em 18/04/2023 - ISBN: 978-85-5722-708-8

Título do Trabalho
O LUTO MATERNO PERINATAL E IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Autores
  • DULCE QUADROS PEREIRA
  • Glória Letícia
  • Larissa De Cássia Pinheiro Da Conceição
  • SILVIA CRISTINA SANTOS DA SILVA
  • Sthefanie Ferreira Lucas
Modalidade
2. Resumo Expandido
Área temática
Enfermagem Obstétrica e Neonatal fazendo a diferença no cenário nacional e amazônico, experiências exitosas na assistência ao parto, nascimento.
Data de Publicação
18/04/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/i-congresso-regional-de-enfermagem-obstetrica-e-neonatal-276973/603120-o-luto-materno-perinatal-e-implicacoes-para-a-assistencia-de-enfermagem--revisao-integrativa-de-literatura
ISBN
978-85-5722-708-8
Palavras-Chave
Gravidez, Óbito Fetal, Morte Perinatal
Resumo
Introdução: A gravidez é uma experiência vivenciada, por cada mulher, de maneira única. E, que além das transformações físicas e fisiológicas, desperta sentimentos ambíguos, tais como: a felicidade e o prazer de gerar uma nova vida, associados à angústia e ao medo, ocasionados pela incerteza de como será trilhar o caminho para a maternidade. Uma vez que, para muitos, o ato de gestar está relacionado a um projeto de vida, que requer toda uma preparação para a chegada do novo integrante da família. O processo de gestar e parir é visto como algo natural e de transcendência da feminilidade, que cria a feliz espera em torno de uma nova vida. Portanto, quando há a quebra dessa promessa, que por vezes se dá de maneira repentina, toda a simbologia da vida é rompida e os pais tendem a enfrentar o processo de morte e luto em meio ao mundo obstétrico/pediátrico onde, tanto estes quanto a maioria dos profissionais de enfermagem, não estão preparados para enfrentá-los, o que acaba ocasionando marcas e traumas profundos, principalmente nas genitoras.1 Experimenta-se, desta forma, vivências opostas. Onde esperava-se a vida, vem a morte e o luto, o qual caracteriza-se por uma reação psíquica gerada em decorrência da perda, ocasionada pela descontinuidade da relação que a família e, principalmente a genitora, mantinham com a criança. E, quando esse luto não é vivenciado corretamente, é possível que a mãe desenvolva o luto patológico, que pode leva-la à incapacidade de superar a perda.3,4 Portanto, enlutar-se é um processo doloroso que demonstra a importância de oferecer uma assistência adequada para as mulheres que tiveram perda perinatal. Objetivo: Identificar, através da literatura científica, como as genitoras vivenciam o luto perinatal, e de que maneira os enfermeiros lidam com esse processo, assistem essas mulheres e as auxiliam no enfrentamento do luto. Métodos: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, através de uma revisão integrativa de literatura (RIL). Os descritores utilizados, são válidos na base de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e foram cruzados em trio, com o operador booleano “and”, realizou- se quatro cruzamentos na seguinte ordem: (1) gravidez and óbito fetal and assistência de enfermagem; (2) gravidez and morte perinatal and assistência de enfermagem; (3) óbito fetal and luto and assistência de enfermagem e (4) morte fetal and luto and assistência de enfermagem. O número de literaturas encontradas, com o cruzamento desses descritores controlados, foi no total de 387 artigos. Os critérios de inclusão para essa pesquisa foram os seguintes: artigos científicos, monografias, teses e livros publicados entre 2015 e 2020 em periódicos nacionais e internacionais, em língua portuguesa e inglesa, com os textos na íntegra, considerando a relevância do tema. Os critérios de exclusão foram: artigos que não contemplavam o tema proposto, bem como aqueles que se repetiram em mais de uma base de dados e artigos pagos. A análise crítica dos dados ocorreu de forma descritiva, com o cruzamento dos descritores controlados, foram encontrados 387 artigos, sendo 29 no SciELO e 356 nas Bases de dados da BVS, a saber: 337 no MEDLINE, 14 na LiLACS e 5 na BDENF. Entretanto, apenas 7 destes foram selecionados para a extração dos dados, uma vez que estavam dentro dos critérios de inclusão, objetivo do estudo e contribuíram para responder à questão da pesquisa. A extração dos dados dos artigos selecionados foi feita com o uso de um instrumento modelo validado por Ursi, (2005). Para a avaliação do rigor metodológico, foi baseado no Crittical Appraisal Skills Programme (CASP), porém incluso no fichamento de URSI, na qual conta-se 1 ponto para cada resposta sim, aos seguintes itens: 1- objetivo; 2- adequação metodológica; 3- apresentação dos procedimentos teóricos e metodológicos; 4- seleção da amostra; 5- procedimento para coleta de dados; 6-relação entre pesquisador e pesquisados; 7- consideração dos aspectos éticos; 8- procedimento para análise dos dados; 9- apresentação dos resultados e 10- importância da pesquisa. Sendo que os estudos podem ser classificados em nível A (6 - 10 pontos) e B (até 5 pontos). Resultados: Nem sempre o luto perinatal é reconhecido pela sociedade, profissionais e familiares. E, esse não reconhecimento se caracteriza pela falta de compreensão, assistência e amparo emocional, ocasionando uma inibição e silenciamento do processo de luto dos pais.1 As mulheres expressaram uma angustia e sofrimento profundos quanto ao enfrentamento do luto gerado pela perda gestacional e, que os momentos mais difíceis para essas mães foi ter que receber a notícia da morte do filho e voltar para casa sem a criança esperada.4 O constrangimento social, ocasionado pela perda, gera sentimentos antagonistas, como: a vontade compensatória de ter logo outro filho para poder se sentir completa ou a repulsa e medo de engravidar novamente e passar por outra perda gestacional. O luto é um processo psíquico doloroso, de abrupta mudança de perspectiva visto que há a perda do objeto amado e esperado que, para os pais envolvidos, sobretudo, as mães, é gerador de sentimentos negacionista, desamparo e tristeza. E, quando não vivenciado, se prolonga, causando traumas psíquicos para a mulher, a falta de suporte para o enfrentamento desses sentimentos, torna-se potencializador dos sintomas pós-traumáticos.3 O modo com que é prestada a assistência durante todo o processo da perda gestacional influencia na qualidade do cuidado de forma integral, o que foi indicado por mães enlutadas ao destacarem o bom trato que receberam durante a internação. Por isso, destaca-se a importância de uma assistência humanizada que pode amenizar, auxiliar e confortar a mulher que passa pelo processo de perda e luto, oferecendo um cuidado integral à saúde.3 Na visão das genitoras, muitos enfermeiros acabam se atendo apenas aos cuidados físicos destas, e evitam o envolvimento emocional, pois parte deles agem com distanciamento e a frieza diante de tal situação e assim são avaliados, por estas, como profissionais insensíveis ou alguém que não dá abertura para que elas exprimam a sua dor por não saberem o que dizer ou como lidar com essa situação, portanto não estão preparados para o enfrentamento do luto e para a prestação de uma assistência adequada.4 Muitas mulheres acabam por desenvolver sentimentos como revolta e tristeza voltados para aqueles que foram responsáveis por seus cuidados, quando estes não ocorrem de forma adequada, por isso é necessário que a equipe de enfermagem esteja muito bem estruturada e embasada cientificamente, para prestar um cuidado, não somente físico, mas emocional, para as mães que vivenciam uma perda perinatal. Por vezes, muitos profissionais de enfermagem não estão preparados para enfrentar o luto materno e, por isso, acabam utilizando frases que, apesar do intuito de consolo, soam como desmerecimento da dor dessas mães.2 Outro problema no enfrentamento do luto materno por parte do profissional de enfermagem, está na falha da comunicação e na insensibilidade com que as notícias são repassadas e em como as mães são tratadas após a perda do seu bebê. É necessário que a informação seja passada de forma clara, para que seja facilmente compreendida e, que, deve ser empática e humanizada, apesar de segura e precisa. Outro fator é a insensibilidade com as mães, que pode ser percebida desde a admissão, perpassando pelo parto e pós-parto. Como os casos de mães, que após perder o seu bebê, são mantidas na mesma enfermaria com outras mães com filhos vivos, esse fato evidencia a falta de cuidado e empatia com a dor dessas mães. Essa insensibilidade, demonstra não somente o despreparo desses profissionais, como acaba por se configurar numa forma de violência obstétrica.2 As ações, voltadas para o cuidado emocional, prestadas às mulheres em situação de perda perinatal, são de fundamental importância, uma vez que irão contribuir para a criação de memórias com significados singulares que facilitarão a vivência do luto. Dentre essas memórias, pode estar o reconhecimento do luto por parte do profissional de saúde, o qual irá permitir que essa mãe fale sobre o que ela está sentindo naquele momento, ou seja, dar voz e visibilidade para o luto dessa mãe, fazendo com que ela sinta que a sua dor está sendo reconhecida e não silenciada. Diversas são as possibilidades que os profissionais de enfermagem podem utilizar para ajudar na criação das lembranças, como por exemplo: permitir que os pais vejam e toquem no bebê, fazer uma caixinha de recordações com fios de cabelo, impressões digitais dos pés e mãos da criança. Essa inserção da criança na memória familiar, além de criar uma identidade, contribui para diminuir as emoções negativas.2 Entretanto, só deverá ser feita se os pais desejarem e, qualquer decisão destes deve ser aceita e respeitada. Os grupos de apoio aos pais enlutados, também se configuram numa principal estratégia para auxiliar aqueles que perderam seus filhos, tais grupos são uma forma de incentivo para que os pais possam compartilhar suas histórias e vivências, aprendendo, conjuntamente, como enfrentar esse momento tão difícil e ajudando outros pais a passarem por essa dor de forma mais humana. Para que haja uma melhor elaboração do luto, as mães precisam ser incentivadas a compartilhar os sentimentos gerados pela perda sofrida. Uma vez que não existe um método para diminuir a dor, é preciso demonstrar à mulher enlutada que ela não está sozinha no enfrentamento desta. Por isso, é necessário haver uma preparação adequada da equipe de enfermagem para que, diante de tal situação, consigam prestar uma assistência adequada e de qualidade.1 Conclusão: Notou-se que a falta de sensibilização à mulher enlutada, uma vez que o luto perinatal é silenciado devido a não materialização do objeto esperado na perspectiva social, quando há a quebra dessa expectativa os familiares e sociedade reprimem o luto, gerando na mulher sentimentos de vulnerabilidade, desamparo e negação perante a morte. A pesquisa aponta também a falta de preparo nos profissionais para lidar com a morte o que corrobora para maior trauma nas mães enlutadas, visto que, desde a graduação esses profissionais não são preparados para lidarem com essas situações no cenário obstétrico e também há uma ruptura abrupta de expectativas do profissional sobre a maternidade, que gera sentimentos de repressão tornando sua assistência tecnicista ocasionando uma quebra na integralidade no cuidado a mulher. Contribuições e/ou implicações para a enfermagem obstétrica: Este trabalho contribui para a possibilidade de formação de novos protocolos de internação hospitalar e atendimento especializado, com fluxograma voltado para as mulheres que sofreram óbito fetal, uma vez que é necessário ter uma assistência qualificada e especifica para essas mulheres, sendo também importante explanação acerca da capacitação dos profissionais obstétricos sobre a temática através de cartilhas, palestras e educação em saúde. Ressalta-se também a importância da inclusão da matéria de tanatologia nas grades curriculares dos cursos de enfermagem, visto que a maior dificuldade dos profissionais em saberem lidar com o luto perinatal é falta de preparo e conhecimento do processo de morte durante sua formação acadêmica.
Título do Evento
I CONGRESSO REGIONAL DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL
Cidade do Evento
Belém
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Regional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PEREIRA, DULCE QUADROS et al.. O LUTO MATERNO PERINATAL E IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA.. In: Anais do Congresso Regional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Belém(PA) ICJ - UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/i-congresso-regional-de-enfermagem-obstetrica-e-neonatal-276973/603120-O-LUTO-MATERNO-PERINATAL-E-IMPLICACOES-PARA-A-ASSISTENCIA-DE-ENFERMAGEM--REVISAO-INTEGRATIVA-DE-LITERATURA. Acesso em: 03/06/2025

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