A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO COTIDIANO DO PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO

Publicado em 18/04/2023 - ISBN: 978-85-5722-708-8

Título do Trabalho
A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO COTIDIANO DO PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO
Autores
  • Elizabeth Pinheiro Araújo
  • Diego Pereira Rodrigues
  • Ingred Costa de Lima
  • Jamylle Carina Ribamar Vila Real
  • SÍLVIO ÉDER DIAS DA SILVA
Modalidade
2. Resumo Expandido
Área temática
Enfermagem Obstétrica e Neonatal fazendo a diferença no cenário nacional e amazônico, experiências exitosas na assistência ao parto, nascimento.
Data de Publicação
18/04/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/i-congresso-regional-de-enfermagem-obstetrica-e-neonatal-276973/602294-a-violencia-obstetrica-no-cotidiano-do-processo-de-parto-e-nascimento
ISBN
978-85-5722-708-8
Palavras-Chave
Enfermagem; Violência obstétrica; Assistência humanizada
Resumo
Introdução: O período gravídico-puerperal é o evento mais especial e exclusivo na vida de uma mulher. A partir do século XX, o parto, que era um evento puramente feminino e íntimo, passa a ser de caráter tecnicista. Apesar de não haver um consenso global entre quais práticas podem ser consideradas violência obstétrica, sintetizam os maus-tratos às mulheres durante o parto como sendo abuso físico, sexual, verbal, estigma e discriminação, falha no atendimento aos padrões preestabelecidos profissionalmente e falha de relacionamento entre mulheres e profissionais1-2. No Brasil, evidencia-se que a violência obstétrica pode ocorrer de diversas formas, inclusive com a submissão das mulheres a um conjunto de normas e procedimentos padronizados, colocando o parto como parte de um processo-padrão de um evento hospitalar, cuja definição refere àquela que acontece no momento da gestação, parto, nascimento e/ou pós-parto, inclusive no atendimento ao abortamento3. Pode ser física, psicológica, verbal, simbólica e/ou sexual, além de negligência, discriminação e/ou condutas excessivas ou desnecessárias ou desaconselhada. Essas práticas submetem mulheres a normas e rotinas rígidas e muitas vezes desnecessárias, que não respeitam os seus corpos e os seus ritmos naturais e as impedem de exercer seu protagonismo. Tal prática expõe a necessidade de sua discussão uma vez que está acompanhada pela dificuldade de profissionais em reconhecer tais condutas como uma violação à mulher e por isso há a demanda em se discutir a temática no âmbito de enfermagem obstétrica. Objetivo: Descrever os significados atribuídos da violência obstétrica pelos enfermeiros(as) obstétricos(as). Método: Estudo descritivo-exploratório, abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real e fazer a análise a partir desses dados. A pesquisa foi desenvolvida na Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do Estado do Pará (ABENFO-PA) por meio do projeto de pesquisa intitulado: “Os significados expressos da enfermagem obstétrica do Estado do Pará: estratégia de visibilidade da violência contra a mulher no campo do parto e nascimento” tendo como participantes, vinte e cinco (25) enfermeiros(as) obstétricos(as), sujeitos aos seguintes critérios de inclusão: 1) ser enfermeiro(a) obstétrico(a); 2) está associado à Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do Estado do Pará; 3) atuando em seu exercício profissional no centro obstétrico ou no Pré-parto, Parto, Puerpério - PPP. Aqueles que atenderam a esses critérios, foram convidados pelo pesquisador a participar voluntariamente da pesquisa. E, aqueles com menos de 6 meses de atuação na assistência à mulher no campo do parto e nascimento, e estudantes de curso de graduação ou técnico de enfermagem foram excluídos do estudo. O instrumento de coleta de dados empregado foi um roteiro de entrevista semiestruturado, sendo o mais indicado para a pesquisa qualitativa, visto que se pode realizar perguntas abertas e fechadas, direcionadas ao tema proposto, buscando os significados do entrevistado sobre o assunto. Quanto às dimensões éticas, o estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (UFPA), como preconiza a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e obteve a aprovação conforme o nº4.152.422/2020, CAAE: 33627220.6.0000.0018 de 13 de julho de 2020. Resultados: A violência é evidenciada por xingamentos, agressões verbais, piadas, falas ríspidas, a obrigatoriedade de adesão de posição litotômica durante o trabalho de parto, a realização de episiotomia, aplicação da manobra de Kristeller e a negligência de assistência a mulher do sistema prisional. Nesse cenário, muitas das práticas citadas são realizadas sem o consentimento da mulher, a exemplo, a episiotomia e a manobra de Kristeller, expondo o desrespeito e discriminação a sua fisiologia. Tais condutas vão na contramão das recomendações científicas de uma eficiente assistência ao parto, o que reflete não apenas na integridade física dessa mulher, mas também psicológica. Os episódios são reflexos da relação de poder criada entre profissionais de saúde e pacientes, onde prevalece o autoritarismo e o exercício de poder institucionalizado, o que conduz a sua assistência de acordo com as suas próprias convicções e visões de mundo. Os fatos apresentados revelam a importância do incentivo profissional por meio da educação continuada e permanente na saúde visando a melhoria dos serviços prestados à comunidade, mas principalmente, a mulher, personagem central da questão apresentada, com foco em uma conduta assistencial obstétrica apropriada. Outro aspecto relevante a ser analisado diz respeito à condução de uma assistência obstétrica pertencente à herança patriarcal, caracterizando, assim, a alienação da mulher ao próprio corpo e a aceitação de uma situação de violência e brutalidade como algo normal a ser vivido no parto4. A apropriação do corpo da mulher é gerada pela concepção de que o conhecimento está acima do processo fisiológico, e os profissionais que realizam esses atos projetam na parturiente um sentimento de refém aos danos causados pelo seu próprio corpo. Sob outro enfoque é relativo expor também que a violência obstétrica constitui uma violência baseada no gênero: uma violência contra a mulher, pelo fato de ser mulher, e estar no período suscetível a uma violência, pela sua própria vulnerabilidade, atingindo seus direitos constitucionais exprimindo a dominação masculina sobre a mulher5. Conclusão: Portanto, é importante salientar o contexto em que está inserida a prática de violência obstétrica, e que ela, como abordado, é o reflexo da carência de uma assistência humanizada e adaptada a figura feminina no período gravídico-puerperal, em que impera a utilização de intervenções desnecessárias e a negligência profissional, sendo estes e outros fatores evidenciados pelos entrevistados. Outrossim, é significativo que a prática seja refutada e discutida em todos os âmbitos da sociedade, e, a imprescindível reconstrução do modelo assistencial obstétrico vigente com base em prestação de assistência humanizada adequada durante todo o período gravídico-puerperal, garantindo, assim, a essa mulher a oportunidade de vivenciar a gestação e o parto como um momento em que pode exercer sua autonomia. Contribuições e implicações para a Enfermagem: Refletir a importância de discussão sobre este tipo de violência no contexto de enfermagem obstétrica, assim como a necessidade de modificar, desde a base educacional ao ambiente de trabalho, para ofertar assistência humanizada pertinente e holística a mulher no período gravídico-puerperal. Referências: 1. Alves VH, Alves PMS, Padoin SMM. A tecnicização e a prática do cuidado ao parto: uma abordagem fenomenológica a partir de Husserl. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 25, n. 3, p. 1-6, 2016. 2. Ladeira FMB, Borges WA. Colonização do corpo e despersonificação da mulher no sistema obstétrico. Revista de Administração de Empresas. 2022; 62(4). 3. Marques SB. Violência obstétrica no Brasil: um conceito em construção para a garantia do direito integral à saúde das mulheres. Cadernos Ibero-americano de Direito Sanitário, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 97-119, 2020. 4. Philipp RR, Cunha TAR, Cruz ZV. Breve discussão sobre a violência obstétrica contra as mulheres: “Na hora de abrir as pernas ninguém reclama. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 10, n. 21, p.110-123, 2018. 5. Pontes MGA, Lima GMB, Feitosa IP, Trigueiro JVS. Parto nosso de cada dia: um olhar sobre as transformações e perspectivas da assistência. Revista Ciência Saúde Nova Esperança, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 69-78, 2014.
Título do Evento
I CONGRESSO REGIONAL DE ENFERMAGEM OBSTÉTRICA E NEONATAL
Cidade do Evento
Belém
Título dos Anais do Evento
Anais do Congresso Regional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ARAÚJO, Elizabeth Pinheiro et al.. A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO COTIDIANO DO PROCESSO DE PARTO E NASCIMENTO.. In: Anais do Congresso Regional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Anais...Belém(PA) ICJ - UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/i-congresso-regional-de-enfermagem-obstetrica-e-neonatal-276973/602294-A-VIOLENCIA-OBSTETRICA-NO-COTIDIANO-DO-PROCESSO-DE-PARTO-E-NASCIMENTO. Acesso em: 06/06/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes