A INCULTURAÇÃO À LUZ DOS QUATRO PRINCÍPIOS DE FRANCISCO

Publicado em 05/02/2019 - ISBN: 978-85-5722-185-7

Título do Trabalho
A INCULTURAÇÃO À LUZ DOS QUATRO PRINCÍPIOS DE FRANCISCO
Autores
  • Renato Vieira
Modalidade
PRORROGADO ENVIO DE RESUMOS ATÉ DIA 09/10
Área temática
Temas de Teologia Pastoral
Data de Publicação
05/02/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprteo/123917-a-inculturacao-a-luz-dos-quatro-principios-de-francisco
ISBN
978-85-5722-185-7
Palavras-Chave
Inculturação. Principios. Francisco
Resumo
No documento programático Evangelii Gaudium, o papa Francisco nos apresenta, ao falar da doutrina social da Igreja, quatro princípios de trabalho (EG 221-237), quais sejam: O tempo é superior ao espaço, a realidade é mais importante do que a ideia, o todo é superior à parte e a unidade prevalece ao conflito. Creio que estes princípios podem nos ajudar a aprofundar o tema da inculturação, ou pelos menos, oxigenar esta questão articuladora de uma nova evangelização. Digno de nota é que o papa trata do tema da inculturação principalmente nos nn. 68 -75; 115-134, do referido documento. E ele lembra que a inculturação hoje, precisa acontecer também nas diferentes culturas que habitam as grandes cidades. Depreende-se que evangelizar as culturas é um grande desafio. Cremos que a Igreja existe para evangelizar, mas o que isto significa exatamente? Por quantas vezes e de quantos modos se confundiu evangelização com colonização? Se negou ao diferente a possibilidade de ser uma alteridade e de se entabular um diálogo verdadeiramente enriquecedor. Confundiu-se o Evangelho com sua roupagem cultural. Esqueceram-se das sementes do Verbo presentes nas diferentes culturas e da origem divina de todos os povos e nações. Como faz falta, muitas vezes, uma boa e equilibrada teologia da criação e uma boa Pneumatologia, pois antes do missionário, sempre chega o Espírito Santo! A inculturação é um desafio, mas também é uma oportunidade. Claro que não existe fé que não seja inculturada, mas é preciso dar a chance para que o Evangelho tenha um rosto outro, diferente do branco, ocidental, europeu, romano, masculino. Não se pode esquecer que a Igreja nasceu plural. Um simples exemplo, já nos ajuda a pensar: Há quatro versões canônicas do Evangelho, para atender as diferentes comunidades. Da confluência dos judeus e pagãos convertidos vai se estabelecendo uma rica síntese, mas que é também algo novo. Estudos mostram nos primórdios da Igreja, a instituição e a saudável convivência dos patriarcados numa Pentarquia (Constantinopla, Antioquia, Roma, Alexandria e Jerusalém). Tematizando a problemática da inculturação com os princípios de Francisco, se podem tecer algumas considerações interessantes como: inculturar não é conquistar espaços de poder, ou de dominação, totalmente nefastos e alheios à lógica misericordiosa e serviçal do Evangelho, mas iniciar processos de vivência cristã, num caminho de discipulado e convivialidade. De fato, o processo é vagaroso, pois para se conquistar a confiança e a reciprocidade dos povos em suas diferentes culturas, é preciso dar tempo ao tempo. Acolhimento é fundamental, ainda que ele não signifique necessariamente concordância. Afinal de contas, como o ser humano, e por ser fruto do seu fazer, a cultura é ambígua e marcada pela realidade da graça e do pecado. Dessa forma, tudo que numa cultura não contribui para a humanização, pode e, muitas vezes deve, ser aperfeiçoado pelo Evangelho; num legítimo processo de inculturação, de fato, a realidade é mais importante do que a ideia. É preciso ver a realidade e separar-se dos preconceitos criados para atender mais à cultura do dominar, do que a verdade do Evangelho. Ver o outro como ele é, no seu ambiente, nas suas relações com o mistério, com a natureza, com seus semelhantes e com os que chegam de fora. Trata-se de uma atitude respeitosa e cordial. Quando se anuncia o Evangelho, se anuncia uma realidade inesgotável. Nenhuma cultura, mesmo uma pretensamente cristã, é capaz de esgotar o todo que é o próprio Deus. Assim todas as culturas, ao mesmo tempo em que são insuficientes e incapazes de dar conta do mistério divino, podem colaborar e complementar umas as outras no conhecimento de Deus. Realmente, não se tem acesso à verdade absoluta. A fé e a cultura são sempre interpretadas. É salutar que um processo hermenêutico ajuda a dar conta da inculturação e do seu estatuto epistemológico. Finalmente, o conflito num processo de inculturação não deve ser negado. Ele pode estar revelando que a postura do missionário não é verdadeiramente testemunhal. Se lhe falta aderência ao chão da vida, facilmente as palavras se perderão pelos caminhos do esquecimento. Por outro lado, pode indicar também a contestação da profecia, que como sabemos, desinstala e acerta em cheio nos muros de privilégios erguidos injustamente. A resistência sempre é grande. De mais a mais, a unidade de fundo evangélico, nunca é uniformidade. O outro não pode ser sufocado. Sua alteridade torna o céu eclesial ainda mais belo porque mais estrelado. É preciso, pois do discernimento que é uma espada de dois gumes a cortar fora os excessos e preconceitos de todos os envolvidos. O que parece aglutinar todos esses princípios com a inculturação em chave de nova evangelização é uma mística de “olhos abertos”. Trata-se, além disso da reforma franciscana em andamento, plasmada no verbo sair. Referencial teórico para essa empreitada teológica são os autores Paulo Suess (inculturação), Leonardo Boff (colonização), Gustavo Baena (inculturação e Bíblia), França Miranda (inculturação e teologia) e Agenor Brighenti (Evangelização: pressupostos, princípios pedagógicos e passos metodológicos).
Título do Evento
Congresso Humanitas | Teologia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
I Congresso Humanitas: I Congresso Internacional do PPGT e XIII Congresso de Teologia PUCPR
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

VIEIRA, Renato. A INCULTURAÇÃO À LUZ DOS QUATRO PRINCÍPIOS DE FRANCISCO.. In: I Congresso Humanitas: I Congresso Internacional do PPGT e XIII Congresso de Teologia PUCPR. Anais...Curitiba(PR) PUCPR, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprteo/123917-A-INCULTURACAO-A-LUZ-DOS-QUATRO-PRINCIPIOS-DE-FRANCISCO. Acesso em: 16/06/2025

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