A METODOLOGIA DE JESUS PARA INTERPRETAR AS ESCRITURAS E A TRADIÇÃO

Publicado em 05/02/2019 - ISBN: 978-85-5722-185-7

Título do Trabalho
A METODOLOGIA DE JESUS PARA INTERPRETAR AS ESCRITURAS E A TRADIÇÃO
Autores
  • ILDO PERONDI
Modalidade
PRORROGADO ENVIO DE RESUMOS ATÉ DIA 09/10
Área temática
Temas Bíblico-Hermenêuticos
Data de Publicação
05/02/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprteo/117085-a-metodologia-de-jesus-para-interpretar-as-escrituras-e-a-tradicao
ISBN
978-85-5722-185-7
Palavras-Chave
Jesus de Nazaré; Superação; Marginalizados.
Resumo
Em várias ocasiões Jesus de Nazaré enfrentou conflitos com as autoridades judaicas por colocar-se em conflito com as tradições ou com a Lei. Em geral estes conflitos estavam ligados às separações que eram feitas pelos judeus: puro x impuro; judeus x estrangeiros; homem x mulher; escravo x livre; sagrado x profano... Jesus não está se colocando contra as Sagradas Escrituras, mas procura dar-lhe o pleno cumprimento e uma nova interpretação. O que Jesus faz é diferente do que os escribas da sua época faziam que era a interpretação literal – diríamos hoje “ao pé da letra” – dos textos sagrados. Ele segue um método que era empregado por alguns mestres. Diante de situações em que as normas da Lei já estavam ultrapassadas pelo tempo, utilizava-se um esquema que visava o cumprimento das Escrituras. Este esquema consistia em três pontos fundamentais: ruptura com uma situação, continuidade e superioridade da revelação (VANHOYE (1993, p. 41), que podem ser resumidos desta forma: a) Ruptura / novidade: devia-se propor algo que não fosse semelhante ao que já fora anunciado, do contrário, estaríamos ainda no nível das preparações em vez de passar ao nível da realização definitiva. Um cumprimento divino não é nunca uma mera repetição do que já foi dito e do que já se fez, mas supõe sempre uma diferença, uma novidade melhor e proporciona também uma ruptura com aquilo que já está superado e que se encontrava em outro nível. b) Continuidade: era necessário que houvesse continuidade entre o novo ensinamento que se estava propondo e que este se situasse dentro dos desígnios de Deus já revelados. Não poderia ser algo que substituísse de todo o que estava sendo questionado, portanto que fosse uma inovação pura, totalmente novo. c) Superioridade: As novidades apresentadas precisam eliminar os limites e as imperfeições antigas e precisam encaminhar-se em direção num progresso decisivo que manifesta a intenção criadora de Deus. Caso contrário se tria unicamente uma variação de valor discutível. O uso deste esquema pode ser observado em situações concretas onde Jesus interpreta as Escrituras a serviço da vida das pessoas, sobretudo aquelas mais excluídas: pobres, doentes, excluídos, leprosos, pessoas de profissão consideradas desprezíveis ou diante de tradições acrescidas à Lei, como as abluções que deveriam ser feitas antes das refeições. Outro conflito evidente que Jesus reinterpreta as Escrituras foi diante do rigorismo aplicado ao Dia de Sábado. Algumas passagens onde pode ser observado este esquema: - Cura da sogra de Pedro (Mt 8,14-15); Mc 1,32-34; Lc 4,38-39); - Purificação de leprosos, Jesus toca neles (Mt 8,2-4; Mc 1,40-45; Lc 5,12-16; 17,11-19) - Dá novo sentido ao Sábado, pois ele é senhor do sábado (Mt 12,1-18; Mc 2,23-28; Lc 6,1-5). - Chama para discípulo um cobrador de impostos e vai almoçar em sua casa (Mt 9,9-13; Mc 2,13-17; Lc 5,27-32); - Permite que uma mulher pecadora se aproxime, banhe seus pés com as lágrimas e enxugue-os com os seus cabelos (Lc 7,36-50); - Aceita que mulheres sejam suas discípulas e o sigam (Lc 8,1-3); - Não se importa que seus discípulos comam sem fazer as abluções e discute sobre as tradições dos fariseus e escribas (Mc 7,23); - Permite que uma mulher com fluxo de sangue o toque e fique curada (Mt 9,20-22; Mc 5,25-34; Lc 8,43-48); - Liberta a filha de uma mulher estrangeira (Mt 15,21-28; Mc 7,24-30); - Cura uma mulher encurvada em dia de Sábado (Lc 13,10-17); - Vai se hospedar na casa de um chefe dos cobradores de impostos e leva a salvação à sua casa (Lc 19,1-10). São alguns exemplos onde Jesus utiliza estes três pontos: ruptura, continuidade e superioridade que geram a superação de uma situação para que se realize um verdadeiro cumprimento entre a realidade nova que se estabelece e que segue em continuidade com a revelação antiga. Este esquema está presente em todas as superações daquelas situações que Jesus propõe uma superação. Jesus torna-se assim o verdadeiro intérprete das Sagradas Escrituras, sem anulá-las. E retira dos textos sagrados aquelas normas rígidas, e quase impossíveis de serem praticadas, que a tradição acrescentou às Escrituras e que eram até impossíveis de serem cumpridas até pelos mestres da Lei, muito mais pelo povo pobre e marginalizado que ainda recebia a pecha se “serem uns malditos que não cumprem a Lei” (Jo 7,49). Esta prática de Jesus ilumina a realidade de hoje quando nos defrontamos com tantos fundamentalismos religiosos que querem impor práticas rigorosas e intolerantes que causam discriminação contra pessoas ou grupos étnicos e sociais. Jesus de Nazaré continua nos ensinando que as Sagradas Escrituras devem estar sempre a serviço da Vida e assim revelar o verdadeiro rosto de Deus.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Teologia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
I Congresso Humanitas: I Congresso Internacional do PPGT e XIII Congresso de Teologia PUCPR
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PERONDI, ILDO. A METODOLOGIA DE JESUS PARA INTERPRETAR AS ESCRITURAS E A TRADIÇÃO.. In: I Congresso Humanitas: I Congresso Internacional do PPGT e XIII Congresso de Teologia PUCPR. Anais...Curitiba(PR) PUCPR, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprteo/117085-A-METODOLOGIA-DE-JESUS-PARA-INTERPRETAR-AS-ESCRITURAS-E-A-TRADICAO. Acesso em: 16/07/2025

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