CONSIDERAÇÕES SOBRE O EGOÍSMO: APROPRIAÇÃO, CRÍTICA E CRIAÇÃO EM NIETZSCHE

Publicado em 05/12/2018 - ISSN: 2176-3968

Título do Trabalho
CONSIDERAÇÕES SOBRE O EGOÍSMO: APROPRIAÇÃO, CRÍTICA E CRIAÇÃO EM NIETZSCHE
Autores
  • Flavio de Sousa
Modalidade
Prorrogado envio de Resumo até dia 09/10/2018
Área temática
Ética e Filosofia Política
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/124797-consideracoes-sobre-o-egoismo--apropriacao-critica-e-criacao-em-nietzsche
ISSN
2176-3968
Palavras-Chave
Egoísmo, Apropriação, Crítica, Criação, Fisiopsicologia
Resumo
A presente comunicação assume como ponto de partida a tese de que é possível identificar na filosofia de Friedrich Nietzsche elementos conceituais e artifícios críticos que conduzem para o processo de reinterpretação do valor e do sentido do egoísmo. Com base nesse pressuposto podemos analisar que as considerações de Nietzsche sobre o egoísmo ocorrem de acordo com uma lógica interna própria. Nesse caso podemos constatar que seus argumentos seguem o seguinte movimento: apropriação conceitual, seguida da crítica e posterior (re)determinação ou criação de novos sentidos para esse mesmo conceito. Nosso argumento defende que esse procedimento não é meramente formal, pois ao apropriar-se criticamente de um conceito, formulado segundo os critérios e valores da tradição, o filósofo desenvolve invariavelmente algo novo, embora, em muitos casos não lhe altere a nomenclatura. Nesse sentido o egoísmo é um conceito exemplar, pois em mais de uma ocasião, quando os seus textos expressam a necessidade de resolver as más compreensões entorno desse conceito, suas estratégias denotam um mesmo movimento interpretativo de apropriação, crítica e criação. Segundo nosso entendimento, a apropriação da noção já existente de Egoismus por Nietzsche tem como função tanto estabelecer diálogo com a produção axiológica da tradição filosófica, quanto conhecer os parâmetros a partir dos quais pode-se redeterminar o seu sentido; portanto, apropriação significará a condição a partir do qual torna-se factível superar o valor negativo do egoísmo conferido pela tradição. Nesse sentido, a apropriação do conceito é o que permite o distanciamento crítico do seu conteúdo semântico. Em Nietzsche, a crítica da noção de egoísmo é a crítica da má interpretação moral (Missdeutung des Moral) do egoísmo, que seria conduzida pela crença na oposição de valores e pela estupidez dos princípios da moral gregária, em favor dos instintos de rebanho; portanto, a crítica do egoísmo tem como função evidenciar que, como fenômeno humano fundamental, o comportamento egoísta não possui um valor previamente determinado e que as suas supostas propriedades não passam de má interpretações da tessitura das ações humanas. A base sob a qual opera a crítica de Nietzsche à noção de egoísmo é, portanto, interpretativa e perspectiva. É essa mesma base que oferece ao filósofo a compreensão de que as avaliações morais do egoísmo é uma sintomatologia, isto é, torna-se para ele uma semiótica, que permite constatar as condições fisiopsicológicas a partir das quais os juízos são elaborados. É a partir de tais elementos que Nietzsche pensa ser possível a criação de outros sentidos para um determinado conceito. Criação é sempre (re)determinação e recriação a partir de algo já dado, por isso o filósofo não principia sua discussão sobre o egoísmo substituindo ou alterando a sua nomenclatura. Esse recurso, embora suscite certas ambiguidades, busca distender o hábito dicotômico do pensamento, tornando perspectivo também o seu conteúdo semântico. Nesse sentido a reinterpretação do egoísmo não significa o mesmo que a afirmação categórica daquilo que é negação segundo a tradição moral, mas sim a recondução das tendências egoístas a outro âmbito de valoração que é o fisiopsicológico, ou seja, os afetos que interpretam segundo sua disposição interna para o domínio e a expansão. Desse ponto de vista, o valor e o sentido do egoísmo não são decididos pelo moralista e o instinto de rebanho que nele se faz presente, mas pela lógica mesma dos impulsos que constituem o homem. A criação de novas disposições de valor e de sentido para o egoísmo, tal como suscitadas pelas considerações de Nietzsche, não poderiam ser, portanto, uma atribuição arbitrária da vontade racional, que decide simplesmente inverter um cânone moral, tornando positivo o que antes era negativo. Trata-se antes, de um recuo metodológico da parte de Nietzsche, para evidenciar o âmbito efetivamente responsável pela elaboração dos juízos de valor, isto é, o âmbito do fisiopsicológico. De acordo com Nietzsche, seria do ponto de vista fisiopsicológico que os organismos decidem sobre o valor de algo. Assim, também os filósofos deveriam proceder ao avaliar os juízos, isto é, como se avaliassem organismos, dado que os juízos são invariavelmente expressão de forças ou de decadência dos impulsos. Seguindo esses pressupostos, Nietzsche desenvolve o critério para que se possa decidir sobre o valor do próprio egoísmo. Ele vale tanto quanto vale fisiologicamente aquele que o tem: pode valer muito, se representa a linha ascendente da vida, e pode carecer de valor e ser desprezível se representa a linha descendente da vida.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Filosofia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUSA, Flavio de. CONSIDERAÇÕES SOBRE O EGOÍSMO: APROPRIAÇÃO, CRÍTICA E CRIAÇÃO EM NIETZSCHE.. In: XVI CONGRESSO DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA DA PUCPR - O FUTURO DAS HUMANIDADES. Anais...Curitiba(PR) pucpr, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/124797-CONSIDERACOES-SOBRE-O-EGOISMO--APROPRIACAO-CRITICA-E-CRIACAO-EM-NIETZSCHE. Acesso em: 07/05/2025

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