REALIDADE E APARÊNCIA DO PENSAMENTO: ANOTAÇÕES EM TORNO DOS FRAGMENTOS PÓSTUMOS DE NIETZSCHE

Publicado em 05/12/2018 - ISSN: 2176-3968

Título do Trabalho
REALIDADE E APARÊNCIA DO PENSAMENTO: ANOTAÇÕES EM TORNO DOS FRAGMENTOS PÓSTUMOS DE NIETZSCHE
Autores
  • Ray Renan Silva Santos
Modalidade
Prorrogado envio de Resumo até dia 09/10/2018
Área temática
Ontologia e Epistemologia
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/123604-realidade-e-aparencia-do-pensamento--anotacoes-em-torno-dos-fragmentos-postumos-de-nietzsche
ISSN
2176-3968
Palavras-Chave
Realidade, Aparência, Vontade de poder
Resumo
Num fragmento póstumo da primavera de 1888, Nietzsche se debruça sobre a questão do pensamento tomando por base a concepção do “cogito” cartesiano. Descartes, ao se propor a dizer a realidade do pensamento, isto é, o que fundamenta o pensamento, designou este como sendo o “eu”: só há pensamento à medida que há um eu que fundamente o pensar. Fora desse âmbito, o que há é o engano, o ludíbrio e, portanto, a “aparência”, não a “realidade”. Realidade, assim, é o “eu”. Todavia, diz-nos Nietzsche, “...durch das Denken wird das Ich gesetzt” [“... através do pensar, o eu vem a ser posto”]. Que isto significa? Que a interpretação do eu como fundamento falsifica a dinâmica da realidade, à medida que põe o tardio como se fosse originário e o originário como tardio. Com isto, Descartes, que pretendia chegar à realidade do pensamento (“Realität des Gedankes”) sequer poderia repudiar a aparência do pensamento (“Scheinbarkeit des Gedankens”), pois essa aparência diz respeito à própria realidade em seu vir a ser. Descartes, contudo, não queria que o pensamento tivesse uma realidade aparente (scheinbare Realität), mas uma em si (an sich). Dito de outro modo, essa realidade em si diria respeito a uma unidade que abarcasse a multiplicidade; ao eu como causa, como agente, como coisa que possibilitaria o agir, o pensar e todas as nossas interpretações. No entanto, o interpretar interpreta, o pensar pensa, e isso a partir de e enquanto multiplicidade de afetos, isto é, enquanto vontade de poder. A postulação de um pensante como causa do pensamento e do pensado é um deslocamento, um modo de falsear o processo por meio do qual o pensamento se constitui. Isso só se torna possível quando já se tem, previamente posto, o conceito de substância como algo “verdadeiro a priori”. O eu seria, pois, substância, coisa pensante, condição de possibilidade para o pensar e para o que é pensado. Contudo, o eu é tardio, é uma decorrência do que já se deu como pensar. O pensar significa: o irromper da realidade que se dá a todo instante apoderando-se do homem, tornando-o, constituindo-o como homem. A interpretação do eu falsifica a realidade enquanto vontade de poder, porquanto desloca o tardio para o lugar do fundamento e vice-versa. Nesse ínterim, vontade de poder se mostra como realidade do aparecer, como realidade aparente, não havendo, portanto, dicotomia entre realidade e aparência. A união entre realidade e aparência exprime a anteposição, a condição fundamental na e partir da qual o pensamento vem à luz, não a partir do homem, não a partir de seu arbítrio ou de seu “eu”, mas tão-só a partir da própria dinâmica de eclosão do real enquanto vontade de poder. A aparência, à medida que é realidade, isto é, à medida que diz, exprime a totalidade do mundo como vontade de poder, é o lugar onde e donde emerge todo valor, perspectiva, interpretação. Isto significa: a perspectiva do eu, do homem como substância, como unidade subjetiva a partir da qual suas ações são constituídas, trata-se de uma perspectiva que provém do que não é substância, unidade subjetiva. E em não sendo isso é que se torna possível tornar-se isso. A unidade somente vem à tona na e a partir da multiplicidade. A estas questões e seus desdobramentos se propõe este trabalho.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Filosofia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Ray Renan Silva. REALIDADE E APARÊNCIA DO PENSAMENTO: ANOTAÇÕES EM TORNO DOS FRAGMENTOS PÓSTUMOS DE NIETZSCHE.. In: XVI CONGRESSO DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA DA PUCPR - O FUTURO DAS HUMANIDADES. Anais...Curitiba(PR) pucpr, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/123604-REALIDADE-E-APARENCIA-DO-PENSAMENTO--ANOTACOES-EM-TORNO-DOS-FRAGMENTOS-POSTUMOS-DE-NIETZSCHE. Acesso em: 08/05/2025

Trabalho

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