A QUESTÃO DA LIBERDADE E DO DETERMINISMO EM KANT

Publicado em 05/12/2018 - ISSN: 2176-3968

Título do Trabalho
A QUESTÃO DA LIBERDADE E DO DETERMINISMO EM KANT
Autores
  • Tamiris Monção Weinert
  • mauro pellissari
Modalidade
Prorrogado envio de Resumo até dia 09/10/2018
Área temática
Ontologia e Epistemologia
Data de Publicação
05/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/122501-a-questao-da-liberdade-e-do-determinismo-em-kant
ISSN
2176-3968
Palavras-Chave
Determinismo. Indeterminismo. Liberdade.
Resumo
O conceito de liberdade está no centro de um debate filosófico que parece acompanhar a filosofia desde seu surgimento e que, em virtude justamente de seu caráter metafísico, não parece sujeito a uma solução definitiva. Esse debate pode ser resumido como um confronto entre duas teses antagônicas, as quais procuram analisar a questão da liberdade do agir humano: o Determinismo e o Indeterminismo. A questão do Determinismo implica que a natureza possui leis que, devido à sua estrutura, acabam numa série de causas e efeitos que podem ser finitas ou infinitas. A solução desse impasse não é possível de se obter através da razão humana, conforme Kant expõe na análise das Antinomias da Razão Pura. O importante nessa discussão é perceber que o mundo natural, o mundo sensível, segue uma relação de causa-e-efeito. Mas e o ser humano, como se insere nessa condição? É essa questão que as teses antagônicas do Determinismo e do Indeterminismo procuram analisar. O Determinismo está diretamente ligado à concepção de que existe uma relação causal entre os fenômenos do mundo sensível. Em outras palavras, conforme Watson afirma, “o determinismo defende que o estado do mundo em um dado momento é regulado em todos os seus detalhes por um estado anterior no tempo e pelas leis da natureza”. A consequência dessa afirmação é a negação da liberdade em seus aspectos metafísicos. É fácil perceber que, caso o argumento Determinista fosse correto, nenhuma ação que um indivíduo executasse poderia ser-lhe imputada diretamente, pois o comportamento individual está determinado pela condição anterior. O Determinismo implica, conforme afirmação de Gary Watson, que “eu não sou livre para agir de forma diferente”, que não existiam escolhas. Já o Indeterminismo se opõe ao Determinismo no sentido que busca abrir uma possibilidade à existência da liberdade, ou seja, negando que a única forma de entender um estado do mundo seja relacionando à fatos anteriores no tempo: passa a existir a possibilidade de ocorrer, em qualquer momento, a atuação de uma causa não causada, a qual originará, por si, um fenômeno no mundo sensível. Esta é a base que passa a possibilitar a liberdade prática. Existe um argumento típico que procura ilustrar o impacto do determinismo na questão da responsabilidade por um ato, o qual é chamado Consequence Argument, o qual é exposto a seguir: 1) Se o determinismo é verdadeiro, tudo, incluindo as ações humanas, é necessariamente causado por um estado anterior do universo em acordo com as leis da natureza; 2) Se as ações humanas são necessariamente causadas pelo passado, somado com as leis da natureza, então nós não podemos nunca agir de forma diferente da que agimos, a menos que possamos falsear as leis da natureza ou os fatos ocorridos no passado; 3) Nós não podemos falsear nem as leis da natureza nem os fatos do passado; 4) Se não podemos agir diferentemente da forma que agimos, então não há como existir a liberdade (de escolha); 5) Assim, se o determinismo é verdadeiro, não possuímos liberdade (de ação); 6) Se não possuímos liberdade (de ação), não podemos ser responsabilizados; 7) Então, se o determinismo é verdadeiro, os indivíduos não podem ser responsabilizados pelos seus atos. Caso esse argumento se configure como verdadeiro, não há como existir qualquer ação livre. Kant busca analisar essa problemática na 3ª antinomia, a qual trata justamente do conflito entre a afirmação do Determinismo e a afirmação do Indeterminismo, ou seja, tal antinomia é responsável por tratar do impasse relativo à possível existência de uma causalidade que inicie-se por si própria oposta, assim, à causalidade natural, sendo um embate que não tem como fim a tarefa ou intenção de objetivar a liberdade como causa no mundo sensível; responsável pelo vigor dos fenômenos. Por conseguinte, surge a questão da moral, na qual a liberdade é assumida como propriedade da vontade, em que necessita não possuir contradições consigo, e que não impeça com que o mecanismo natural atue em uma mesma ação enquanto em outra relação. A solução oferecida a esse problema é a distinção transcendental que separa fenômenos e coisas em si, fazendo com que seja permitido a atuação de um determinismo na esfera dos fenômenos e, da causalidade livre no mundo das coisas em si, entretanto, justamente a dita falta de objetividade da liberdade transcendental prevalece como um impasse. Na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, se esclarece que são derivados juízos do que deveria acontecer quanto às suas ações ao passo que o ser humano se afirma como livre em relação à vontade. A liberdade implicada na concepção de ser livre não é um conceito pertencente a experiência, pois a liberdade se mantém com as exigências de sua pressuposição mesmo com a experiência mostrando o contrário. Todavia, as ações dependem da determinação das leis naturais, que são necessárias e comportam um conhecimento, então não são um conceito empírico. Assim, a natureza tem de participar, pois é comprovada na experiência e torna essa última possível. Caímos, outra vez, em uma dialética da razão já que os conceitos de natureza e liberdade não podem ser excluídos. Desse modo, Kant aponta que devemos deixar de lado tal contradição, afinal não se pode constar como é possível a liberdade, e já que ela não concorda com si e com a natureza seria preciso a ignorar em face à necessidade natural. Conclui-se que caso se explicasse como a razão pura é hábil a se tornar prática, a razão quebraria com todos os limites impostos a ela, o que equivaleria a explicação de como a liberdade é possível. A liberdade apenas se firma ao ter a faculdade prática como pressuposto na segunda Crítica, por meio de uma lei apodítica da razão que a concede realidade, e também resulta em uma vontade livre. Exposto tais pontos, objetiva-se nesse trabalho discutir as soluções que Kant dá nos três momentos destacados a essa problemática.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Filosofia
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
XVI Congresso de Filosofia Contemporânea da PUCPR: O Futuro das Humanidades
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

WEINERT, Tamiris Monção; PELLISSARI, mauro. A QUESTÃO DA LIBERDADE E DO DETERMINISMO EM KANT.. In: XVI CONGRESSO DE FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA DA PUCPR - O FUTURO DAS HUMANIDADES. Anais...Curitiba(PR) pucpr, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprfilo/122501-A-QUESTAO-DA-LIBERDADE-E-DO-DETERMINISMO-EM-KANT. Acesso em: 25/05/2025

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