A VIDA POR UM FIO: DIÁLOGOS ENTRE A ATUAÇÃO MÉDICA INTENSIVISTA, CUIDADOS PALIATIVOS E DIREITOS HUMANOS

Publicado em 19/12/2018 - ISBN: 978-85-5722-166-6

Título do Trabalho
A VIDA POR UM FIO: DIÁLOGOS ENTRE A ATUAÇÃO MÉDICA INTENSIVISTA, CUIDADOS PALIATIVOS E DIREITOS HUMANOS
Autores
  • Deiler Raphael Souza de Lima
  • Cláudia Liliane Viana
  • valeria dos Santos rocha
  • Augusto dos Santos Paebano
Modalidade
Cronograma e Instruções de Apresentação
Área temática
GT5: Diversidades, Desigualdades e Direitos Humanos
Data de Publicação
19/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprdh/121095-a-vida-por-um-fio--dialogos-entre-a-atuacao-medica-intensivista-cuidados-paliativos-e-direitos-humanos
ISBN
978-85-5722-166-6
Palavras-Chave
Direitos Humanos; Medicina Intensiva; Cuidados Paliativos
Resumo
Este artigo apresenta um relato de um estudo de campo a partir do método etnográfico, tendo sido realizada dentro de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital privado de Curitiba-PR. A priori, a partir etnografia, a proposta foi investigar como se dá a relação entre os médicos intensivistas, seus pacientes e os familiares dos internados durante seus últimos estágios da morte. Tendo como o objetivo, descrever, compreender e interpretar as relações simbólicas que se estabelecem entre os interlocutores e o tratamento por eles ministrados, e suas formas subjetivas e intersubjetivas de interação social. Valendo-se do arcabouço teórico de estudos sobre os Cuidados Paliativos, referenciando principalmente a médica e antropóloga Raquel Menezes (2004), bem como, as considerações realizadas pelo antropólogo Octávio Bonet (2004), sobre a formação médica durante a residência hospitalar. Apontando os modos como ambas as teorias fundamentam a UTI investigada. Ademais, considerando a relação que se estabelece entre a atuação médica e o tratamento intensivo com os Direitos Humanos. Sobretudo, no que tange a dignidade, a garantia de direitos dos pacientes e seu protagonismo durante seus últimos momentos até que chegue a sua morte. Referente a essas questões serão utilizadas as contribuições de Diniz (2002); Flores (2004); Quijano (2005) e Rubio (2015), pois, só é possível garantir direitos através da luta por dignidade. Nesse sentido, é de suma importância para a garantia da dignidade os médicos intensivistas manifestem tais preocupações com o Trato Humanizado, cujo, uma das premissas é valorizar seus pacientes, a priori, tratando-lhes não só pelo nome, mas, em lhes instilar esperança, sempre ressaltando que a cada dia, que a cada exame físico estão apresentando mais sinais de melhora e que logo sairão do internamento, ou de que tudo ficará bem em sua reta final. Entretanto, nem sempre é possível que os “moribundos” sejam protagonistas de suas mortes. Devido à idade avançada e a quadros de saúde complicadíssimos que alguns doentes portam, como doenças degenerativas avançadas, nem sempre possuem as condições de consciência e cognição para tomar ciência de seus estados, exteriorizar seus sentimentos e proferir suas últimas vontades aos seus familiares, equipe médica e multidisciplinar. Da mesma maneira que, por diversas vezes foi observado e deduzido, que esses mesmos pacientes não teriam condições de serem transportados para suas casas, sendo informado aos visitantes que eles “não resistiriam” ao transporte. O que é salientado por Menezes (2004) como sendo, a parte crucial do modelo de “boa morte”, contida dentro dos paradigmas da “morte contemporânea”, em que o paciente é o agente principal no processo de morrer, sendo o maior portador de voz. Levando tais eventos em consideração, como devem os profissionais do tratamento intensivo lidar com este tipo de caso clínico tão delicado? Como podem auxiliar a família e o paciente inconsciente a ter uma “boa morte”? Mesmo com a ministração do Trato Humanizado, mesmo com todos os cuidados e atenções dedicadas nesses momentos difíceis, são casos penosos e fatigantes, tanto para a equipe médica e multidisciplinar quanto para visitantes. Em maior proporção, é o médico intensivista que ao tentar buscar a menor invasividade, a minimização do sofrimento dos envolvidos, é o profissional médico que tem de lidar com a dificuldade e a falta de conhecimentos dos familiares dos pacientes sobre a proximidade da morte. Não se sabe, portanto, até que ponto seria possível a família presenciar e aliviar a morte de seu ente - o que, para Elias (2001) não é garantia de uma morte pacífica - sendo esse momento e dever delegados à equipe de enfermagem e médico intensivista, ou seja, a morte dentro desta UTI ocorre com maior proporção para o modelo de “morte contemporânea”, mas, com um resquício do modelo de “morte moderna”. Não por vontade da equipe multidisciplinar, senão, por falta de condições necessárias para integrar completamente o ideário da boa morte. Em suma, a partir dos resultados obtidos, é possível afirmar que há indicadores concretos observados na prática hospitalar de que o profissional médico intensivista, no exercício pleno de suas atividades, mesmo envolto de condicionantes que podem contribuir para uma determinada naturalização e impessoalidade no trato com seus pacientes, dentre os quais, a própria racionalização que os cursos de formação médica apresentam, distinguindo a razão da emoção, ou como afirma Bonet (2004) o Saber e o Sentir, ainda assim, demonstram uma sensibilidade durante o trato com a não violação de direitos e a garantia da dignidade humana dos pacientes, durante todo o processo em que estão internados na instituição UTI. Ademais, essa sensibilidade e atenção não limita-se primordialmente àqueles que estão sob sua responsabilidade terapêutica, como estende-se também para aqueles que possuem vínculo de parentesco com os enfermos.
Título do Evento
Congresso Humanitas | Direitos Humanos
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
III Congresso Internacional de Direitos Humanos e Políticas Públicas: Democracias, desigualdades e lutas sociais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LIMA, Deiler Raphael Souza de et al.. A VIDA POR UM FIO: DIÁLOGOS ENTRE A ATUAÇÃO MÉDICA INTENSIVISTA, CUIDADOS PALIATIVOS E DIREITOS HUMANOS.. In: III Congresso Internacional de Direitos Humanos e Políticas Públicas: Democracias, desigualdades e lutas sociais. Anais...Curitiba(PR) PUCPR, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprdh/121095-A-VIDA-POR-UM-FIO--DIALOGOS-ENTRE-A-ATUACAO-MEDICA-INTENSIVISTA-CUIDADOS-PALIATIVOS-E-DIREITOS-HUMANOS. Acesso em: 07/05/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes