EDUCAÇÃO POPULAR NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

Publicado em 19/12/2018 - ISBN: 978-85-5722-166-6

Título do Trabalho
EDUCAÇÃO POPULAR NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
Autores
  • Maria José Menezes Lourega Belli
Modalidade
Cronograma e Instruções de Apresentação
Área temática
GT5: Diversidades, Desigualdades e Direitos Humanos
Data de Publicação
19/12/2018
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/humanitaspucprdh/120999-educacao-popular-na-defesa-dos-direitos-humanos
ISBN
978-85-5722-166-6
Palavras-Chave
Reciprocidade, Educação, Cidadania.
Resumo
Este trabalho objetivou compreender, a partir da trajetória da Irmã Araújo, o seu lugar de fala e de influência em redes de interações que se intersectam. As direções que ela trilhou revelam seu espaço de atuação entre seus pares nas Comunidades Eclesiais de Base, nas instâncias judiciais e prisionais na defesa dos presos políticos durante a ditadura militar de 1964 e um livre trânsito na administração pública. Os canais de comunicação mobilizados pela freira buscavam promover a transformação de reivindicações em políticas públicas. O mapeamento desse circuito identificou como condição geradora desse processo dialógico a Associação Santo Inácio de Loyola, fundada em 1973 pela religiosa, onde a educação popular era vivenciada em rodas de conversas gerando ações impregnadas de um pensar autogestionário, capaz de interpretar e atuar no mundo através do aprendizado mútuo. Todo esse movimento se fez pela superação do isolamento, pela promoção do intercâmbio de experiências, pela presença do contraditório como possibilidade do grupo se perceber como plural. A atitude de aprender com os problemas fortaleceu a interdependência, estimulou a formulação de combinados, consolidou, por meio do trabalho, uma associação de moradores capaz de estabelecer articulações políticas que reverteram em recursos, obras públicas e reconhecimento pela maneira como viabilizaram seus propósitos. A disposição da Irmã Araújo em participar era intensa, fortalecia os vínculos, estimulava o debate e as decisões em grupo, produzindo conexões e redimensionando sua visibilidade por seus pares e no ambiente que atuava. Sua presença aglutinou um conjunto de interesses, sua rede de sociabilidade revelava suas frentes de atuação e nesse sentido também se fez presente na pastoral carcerária. Suas visitas à penitenciária do Ahú e penitenciária feminina de Piraquara eram semanais. Era o momento em que o Brasil enfrentava uma ditadura militar. Ao transitar nesses ambientes se dispunha fazer parte de redes de proteção por meio de vínculos com as famílias dos presos, com o juiz auditor da quinta região militar Ramiro Motta e com o arcebispo de Curitiba Dom Pedro Fedalto. Toda essa multiplicidade de ações reveladas no “Relatório da Comissão da Verdade – Pr – Teresa Urban de 2014" evidenciou a preocupação de Igreja em ocupar os mais variados espaços e a presença da Irmã Araújo foi parte atuante dessa estratégia. Daí ser possível reconhecer, através do seu desempenho, a integração de diversos setores da sociedade, que se envolviam com maior ou menor intensidade no fortalecimento dos valores católicos. A vitalidade desse ambiente pedagógico comunitário se redimensionou com a criação do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo, cuja atuação iniciou em 1981 e se mantem ativo até hoje. A escolha do nome CEFURIA expressou justamente a ideia de ampliação do coletivo, ou seja, o Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo fortaleceu a sua base inspiradora e isso ficou claro ao incluir o nome da religiosa com sua identidade e o seu legado. Esse ambiente rico de intercâmbio de experiências serviu de estímulo para a criação da Escolinha de Formação Solidária. Era um momento marcado pelo processo de redemocratização do país, onde as demandas sociais organizavam sua pauta política e econômica. Os obstáculos eram muitos e as soluções estavam sendo construídas. Nesses embates, a Irmã Araújo já não mais estava presente, pois faleceu um pouco antes da formação do CEFURIA. O surpreendente nesse processo foi a capacidade da educação popular, em determinados contextos, ir além da democracia representativa e construir uma democracia autogestionária capaz de implodir as linhas que separam o saber popular do conhecimento formal por meio das rodas de conversa. Atualmente desenvolvem projetos com a população em situação de rua, catadores de materiais recicláveis, feiras e padarias solidárias, em parceira com prefeituras, FAS, INCRA, MST, RECID e UTFPR. A educação no coletivo, o trabalhar com coobrigações ampliam o sentido de democracia e contribuem para formação de uma arquitetura urbana inclusiva. Portanto, podemos então perceber que toda essa determinação em compartilhar saberes e experiências acabou por integrar na gestão urbana outros arranjos gramaticais e espaciais, além dos formalizados pelas autoridades públicas. A abordagem teórica desenvolvida buscou estabelecer um diálogo entre SIRINELLI(1998), CERTEAU (1994), SANTOS (2013), FREIRE (2014).
Título do Evento
Congresso Humanitas | Direitos Humanos
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
III Congresso Internacional de Direitos Humanos e Políticas Públicas: Democracias, desigualdades e lutas sociais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BELLI, Maria José Menezes Lourega. EDUCAÇÃO POPULAR NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS.. In: III Congresso Internacional de Direitos Humanos e Políticas Públicas: Democracias, desigualdades e lutas sociais. Anais...Curitiba(PR) PUCPR, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/humanitaspucprdh/120999-EDUCACAO-POPULAR-NA-DEFESA-DOS-DIREITOS-HUMANOS. Acesso em: 01/05/2025

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