DIMENSÕES DA TECNOLOGIA SOCIAL: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE ABORDAGENS DO II SEPETS

Publicado em 24/07/2025 - ISBN: 978-65-272-1552-3

Título do Trabalho
DIMENSÕES DA TECNOLOGIA SOCIAL: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE ABORDAGENS DO II SEPETS
Autores
  • Gabriele Ewilin de Oliveira Ribas
  • Danielle Schulhan
  • Vania de Jesus
Modalidade
Resumo Expandido - Trabalhos teórico-conceituais
Área temática
Tecnologia Social, Economia Solidária e Educação: desafios e perspectivas no nordeste
Data de Publicação
24/07/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/etsnordeste/1147711-dimensoes-da-tecnologia-social--uma-sistematizacao-de-abordagens-do-ii-sepets
ISBN
978-65-272-1552-3
Palavras-Chave
Tecnologia Social, Economia Solidária, Justiça Territorial, Saberes Populares, Sustentabilidade
Resumo
A Tecnologia Social (TS) tem se consolidado como uma abordagem crítica e transformadora diante das múltiplas desigualdades estruturais que atravessam os territórios. Ao articular saberes populares, práticas emancipatórias e soluções sustentáveis, a TS rompe com modelos hegemônicos de produção de conhecimento e intervenção social, propondo caminhos baseados na participação comunitária, na justiça territorial e na valorização da diversidade sociocultural. Em um contexto de crescentes crises sociais, ambientais e econômicas, evidenciam-se o potencial e a relevância das iniciativas construídas coletivamente, para promover desenvolvimento local com base em princípios de equidade, solidariedade e sustentabilidade. Nesse cenário, o II Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (ABEPETS, 2024) reuniu contribuições acadêmicas e práticas que expressam a vitalidade e a complexidade desse campo. Compreendendo a importância de sistematizar esse acervo, esta pesquisa teve como objetivo organizar e evidenciar as múltiplas dimensões da TS a partir dos resumos expandidos apresentados no evento que foram classificados em quatro eixos temáticos, a saber: I. Tecnologia Social e Inovação Popular; II. Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial; III. Políticas Públicas, Direitos Sociais e Justiça Territorial; IV. Meio Ambiente, Educação Socioambiental e Sustentabilidade. A partir dessa sistematização, busca-se contribuir para o fortalecimento teórico, metodológico e político da TS, reafirmando seu papel estratégico na construção de alternativas democráticas e sustentáveis para os desafios contemporâneos. As experiências reunidas no eixo “Tecnologia Social e Inovação Popular” evidenciam a Tecnologia Social (TS) como um paradigma alternativo de produção de conhecimento, intervenção territorial e inovação enraizada nas práticas populares. Os trabalhos destacam a construção de soluções que emergem das necessidades concretas dos sujeitos coletivos, considerando os saberes locais como insumo central para o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, participativas e emancipatórias. Este eixo reúne experiências que reafirmam a TS como uma construção coletiva baseada em saberes locais e na participação ativa das comunidades. As pesquisas mostram como a TS pode ser materializada por meio de metodologias participativas, ferramentas acessíveis e soluções tecnológicas livres (Nascimento et al., 2025). Iniciativas como jogos pedagógicos e ferramentas de ensino agroecológico (Silva et al., 2025; Rodrigues et al., 2025) promovem a apropriação do conhecimento por populações historicamente excluídas, reforçando o protagonismo comunitário e o compromisso com a transformação social. Ao mapear e refletir criticamente sobre a circulação dessas tecnologias na Amazônia (Gutierrez et al., 2025), reforça-se a TS como campo político e epistemológico orientado à justiça territorial e à soberania popular. No eixo “Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial”, as pesquisas evidenciam a centralidade da Tecnologia Social (TS) na construção de alternativas econômicas baseadas na autogestão, cooperação e justiça social. Os trabalhos abordam desde incubadoras universitárias e cooperativas digitais (Milani, 2025; Castro et al., 2025; Santos et al., 2025) até iniciativas emergenciais, como aviários móveis e a plataforma e-COO (Soares et al., 2025; Kwecko et al., 2025). A TS é utilizada como ferramenta de inclusão produtiva e fortalecimento de territórios periféricos, com soluções sustentáveis e culturalmente ancoradas. Essa dimensão política também se expressa na incidência sobre políticas públicas e na formação cidadã (Araldi et al., 2025), como na Feira de Agroecologia e Economia Solidária da ALEP (Michalski; Tessaro, 2025), que articula práticas sustentáveis com advocacy legislativo. Em contextos de crise, como o desastre climático no sul do país, a atuação descrita por Dosso et al. (2025) mostra o papel estratégico da TS na promoção da resiliência territorial. Assim, reafirma-se a TS como instrumento de transformação econômica e política para o desenvolvimento justo e sustentável. O eixo “Políticas Públicas, Direitos Sociais e Justiça Territorial” demonstra que a TS pode ser compreendida não apenas como uma solução técnica ou comunitária, mas como um arranjo sociopolítico que transforma a formulação e a implementação das políticas públicas a partir da escuta dos territórios, da centralidade dos sujeitos vulnerabilizados e da construção coletiva de alternativas. A TS, nesse contexto, expressa-se como instrumento de justiça territorial, garantia de direitos e reparação histórica, com forte ancoragem em práticas intersetoriais, comunitárias e emancipatórias. Ela se articula como estratégia de enfrentamento às desigualdades estruturais e de promoção de direitos sociais a partir do território. As experiências demonstram como tecnologias sociais se inserem em programas intersetoriais de segurança pública com enfoque de gênero (Ribas; Bagattolli, 2025), bem como na valorização de saberes culturais e na institucionalização de políticas públicas baseadas na cultura e na inclusão (Ventura; Curi Filho, 2025; Cavalcanti et al., 2025). A TS, aqui, atua como vetor de reconhecimento e reparação histórica, mobilizando a memória, a identidade e a coletividade como elementos fundamentais à justiça territorial, evidenciando seu papel político como base para práticas emancipatórias. Por fim, o eixo “Meio Ambiente, Educação Socioambiental e Sustentabilidade” evidencia como a Tecnologia Social (TS) atua como catalisadora de soluções sustentáveis e de educação ambiental transformadora, especialmente em territórios vulneráveis. As iniciativas destacam o uso de energias renováveis (Paixão; Lima; Alves, 2025), recuperação ambiental (Lusz et al., 2025), reaproveitamento de resíduos (Roberto et al., 2025) e acesso à água potável (Oliveira; Teodósio, 2025), sempre articulando saberes locais e práticas colaborativas. Destaca-se também a experiência de Caldas et al. (2025), voltada à sustentabilidade da pecuária leiteira em Minas Gerais, que articula metodologias participativas, adequação sociotécnica e políticas públicas. Já Araújo et al. (2025) relatam a implantação de um aviário móvel na avicultura familiar, com foco no reaproveitamento de materiais, agroecologia e produção de pequena escala, fortalecendo a segurança alimentar nas zonas periurbanas. Essas experiências reforçam a TS como estratégia de enfrentamento às crises ambientais, promovendo justiça ambiental com base na corresponsabilidade entre sujeitos e territórios (Melo et al., 2025). A análise das experiências sistematizadas no II SEPETS permite reconhecer a Tecnologia Social como um campo dinâmico, que opera na interseção entre saberes locais, inovação cidadã e ação política territorializada, longe de se limitar a soluções pontuais ou técnicas, a TS assume uma dimensão estratégica ao fomentar processos participativos de transformação social, articulando diferentes setores, atores, atrizes e territórios. Cada eixo temático explorado demonstra que a Tecnologia Social não apenas responde a demandas concretas dos territórios, mas também produz novas formas de pensar e fazer políticas públicas, desenvolvimento econômico e proteção ambiental, com base em práticas colaborativas e valores coletivos. Assim, a TS se consolida como um paradigma alternativo, orientado à transformação das realidades locais a partir da escuta ativa, da valorização das identidades e da construção de soluções enraizadas no cotidiano das populações. Mais do que uma categoria analítica ou prática de intervenção, a TS emerge como um compromisso ético-político com a construção de um futuro mais justo, equitativo e sustentável.
Título do Evento
I Encontro de Tecnologia Social do Nordeste
Cidade do Evento
Maceió
Título dos Anais do Evento
Anais do I Encontro de Tecnologia Social do Nordeste
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RIBAS, Gabriele Ewilin de Oliveira; SCHULHAN, Danielle; JESUS, Vania de. DIMENSÕES DA TECNOLOGIA SOCIAL: UMA SISTEMATIZAÇÃO DE ABORDAGENS DO II SEPETS.. In: Anais do I Encontro de Tecnologia Social do Nordeste. Anais...Maceió(AL) UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 2025. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/ETSNordeste/1147711-DIMENSOES-DA-TECNOLOGIA-SOCIAL--UMA-SISTEMATIZACAO-DE-ABORDAGENS-DO-II-SEPETS. Acesso em: 28/12/2025

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