"VINHA MUITO GAY PARA PELOTAS SAMBAR, DESFILAR, SOLTAR A FRANGA, SAIR DO ARMÁRIO": SOCIABILIDADE E TÁTICAS DE DIVERSÃO HOMOERÓTICAS NA “CAPITAL DAS BICHAS” (1980-2000)

Publicado em 29/12/2023 - ISBN: 978-65-272-0180-9

Título do Trabalho
"VINHA MUITO GAY PARA PELOTAS SAMBAR, DESFILAR, SOLTAR A FRANGA, SAIR DO ARMÁRIO": SOCIABILIDADE E TÁTICAS DE DIVERSÃO HOMOERÓTICAS NA “CAPITAL DAS BICHAS” (1980-2000)
Autores
  • Mozart Matheus de Andrade Carvalho
Modalidade
Resumo
Área temática
7. Estudos de gênero e teorias da história
Data de Publicação
29/12/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/epeth2023/665127-vinha-muito-gay-para-pelotas-sambar-desfilar-soltar-a-franga-sair-do-armario--sociabilidade-e-taticas-de-div
ISBN
978-65-272-0180-9
Palavras-Chave
Pelotas, sociabilidade LGBT+, tática.
Resumo
Com grande importância para a História do RS, Pelotas reúne elementos que desafiam certas percepções que recaem sobre as cidades interioranas, tais como de que seriam lugares pacatos. Sua notabilidade geralmente é evidenciada pela riqueza, refino e opulência da elite charqueadora no século XIX, a qual forneceu à cidade o título de “Princesa do Sul” (MAGALHÃES, 1993, p. 79), mas também poderia ser pela sua fama de “Bichacap” (1980, p. 9), capital das bichas, tal como foi batizada pelo extinto jornal Lampião da Esquina em função dos seus variados espaços de sociabilidade homoeróticos. As famas, ainda que tenham contribuído para projetar o nome da cidade a nível nacional, não contaram com o mesmo grau de prestígio por seus moradores. Em boa parte das cidades interioranas a homossexualidade é exercida, porém não pronunciada, debatida e talvez seja algo que nem os próprios homossexuais queiram falar (FERRARI; BARBOSA, 2014). Este “pacto de silêncio” que ocorre em alto grau nos interiores naturaliza a ideia de que esses sujeitos, relações e desejos “não existam”. Nesse contexto, a fama de Pelotas como “capital gay”, a qual mera existência já rompia com o “silêncio”, foi objeto de vergonha para os setores conservadores, motivando reações para “limpar” o nome da cidade. Por exemplo, o extinto jornal Triz (1976) em entrevistas com homens cis gays pelotenses registra uma série de perseguições empreendidas pela polícia, com apoio do poder público, contra quem fosse identificado como homossexual nos anos 1950 visando “amenizar a má fama dos homens pelotenses” (TRIZ, 1976). Entretanto a LGBTfobia não significou que essas existências tenham estado reféns do medo, diante da hostilidade floresceram múltiplas "táticas" de resistência para uma sociabilidade não cisheteronormativa. Em ações sorrateiras, os homossexuais pelotenses encontraram formas de vivenciar experiências transgressoras. Conscientes da sua falta de poder, eles corromperam a norma ao explorar as fissuras do (cishetero)poder (FOUCAULT, 1999). O emprego do termo "tática" enquanto ferramenta analítica busca compreender os planos, métodos e astúcias desenvolvidas pelos homossexuais na cidade como forma de resistência (CERTEAU, 1998). Nessa perspectiva, meu intuito no presente trabalho, como um recorte da dissertação, é apresentar e analisar as táticas de sociabilidade e diversão LGBT+ encontradas na cidade de Pelotas entre os anos de 1980 e 2000, a partir de relatos em fontes jornalísticas e entrevistas orais com homens cis gays brancos. Almejo com isso identificar a sociabilidade, interação e busca por diversão, no âmbito das experiências de gênero e sexualidade dissidentes, também como exercícios de resistência política. Por fim, saliento que a sociabilidade LGBT+ como resistência política emerge da compreensão de que estas pessoas vivem num espaço "semi-público" onde “a manutenção dos territórios onde era possível viver experiências homoeróticas não se dava de forma tranquila, sendo negociada e vigiada pelas forças policiais que realizavam rondas para controlar tais territórios” (OCANHA, 2019, p. 150). Além disso, na busca por diversão e prazer não cishetero deve-se levar em conta os riscos que os indivíduos que a exerceram assumem, tanto de serem descobertos como as consequências desta exposição (FERRARI; BARBOSA, 2014).
Título do Evento
IV EPETH - Encontro de Pesquisa em Teoria da História e História da Historiografia
Cidade do Evento
Porto Alegre
Título dos Anais do Evento
Anais do EPETH - Encontro de Pesquisa em Teoria da História e História da Historiografia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CARVALHO, Mozart Matheus de Andrade. "VINHA MUITO GAY PARA PELOTAS SAMBAR, DESFILAR, SOLTAR A FRANGA, SAIR DO ARMÁRIO": SOCIABILIDADE E TÁTICAS DE DIVERSÃO HOMOERÓTICAS NA “CAPITAL DAS BICHAS” (1980-2000).. In: Anais do EPETH - Encontro de Pesquisa em Teoria da História e História da Historiografia. Anais...Porto Alegre(RS) UFRGS, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/epeth2023/665127-VINHA-MUITO-GAY-PARA-PELOTAS-SAMBAR-DESFILAR-SOLTAR-A-FRANGA-SAIR-DO-ARMARIO--SOCIABILIDADE-E-TATICAS-DE-DIV. Acesso em: 02/05/2025

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