NOTAS METODOLÓGICAS: TRANÇANDO NOVAS EPISTEMOLOGIAS PARA PENSAR UMA COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA

Publicado em 02/05/2024 - ISBN: 978-65-272-0414-5

Título do Trabalho
NOTAS METODOLÓGICAS: TRANÇANDO NOVAS EPISTEMOLOGIAS PARA PENSAR UMA COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA
Autores
  • Raissa Lennon Nascimento Sousa
Modalidade
Resumo Expandido
Área temática
GT 6 - Comunicação, etnicidades e cidadania
Data de Publicação
02/05/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/epca2023/756878-notas-metodologicas--trancando-novas-epistemologias-para-pensar-uma-comunicacao-antirracista
ISBN
978-65-272-0414-5
Palavras-Chave
Comunicação; metodologia; antirracismo; mulheres negras.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar os caminhos metodológicos percorridos na pesquisa que originou a tese de doutorado “Entrelaces da Resistência: Comunicação e práticas emancipatórias de mulheres negras trançadeiras na Amazônia”, defendida em junho de 2023, pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM/UFPa). A pesquisa propôs entender, à luz da comunicação e das ciências sociais, os atravessamentos que as mulheres trançadeiras vivem no referente a questões sobre racismo, identidade negra, colonialidade, ancestralidade, territorialidade e resistência. A cultura do trançado na Amazônia possibilita formas singulares de comunicação divergentes da lógica do sistema patriarcal, branco, capitalista e colonialista. É evidente que o campo comunicacional, dentro do eixo das ciências humanas, pode ser engendrado em metodologias prontas e poucos flexíveis para pensar sujeitos que foram historicamente marginalizados. Para Grada Kilomba (2019), não há ciência neutra, pois quando falamos, nossos discursos estão localizados em um tempo e lugar específico, mesmo que estejam inconscientes. Também não há discursos isentos, quando os próprios teóricos/as que se vestem com a aura universal escrevem de um lugar específico que é dominante, sendo, portanto, um lugar de poder. A ideia era encontrar uma metodologia no qual as mulheres negras interlocutoras fossem as protagonistas, que as próprias trançassem um caminho metodológico possível, partindo da alegoria do “trançar”. Quando se trança um cabelo é preciso desembaraçar, desatar os nós dos fios para realizar a feitura do penteado. Não é assim, o papel da/o pesquisadora/dor? Para sair do lugar comum é preciso, primeiramente, quebrar as bases daquilo que estamos acostumados. Tornou-se fundamental centralizar as mulheres negras amazônicas no âmago da discussão. Não se trata de “dar voz" à elas, mas, finalmente, escutar as suas interpretações da realidade, a partir das suas experiências de vida. O “dar voz” representa uma postura colonial, como se fôssemos capazes de “falar” por um determinado grupo social, o que não é o caso. Todas/os temos “voz”, mas nem sempre a academia está disposta a ouvi-la. Como mulher negra, também precisei me colocar na centralidade deste trabalho, em um esforço de reativar memórias, pude também me ouvir falar, como em uma autoetnografia ou uma autoentrevista. Afinal, a motivação inicial para a pesquisa partiu da experiência transformadora de trançar meus próprios cabelos. E na observação de como o trançado poderia comunicar sobre relações raciais e identidade negra. Em busca de uma epistemologia descolonial, afrodiaspórica e antirracista, entrelaçei um caminho metodológico amparado em Muniz Sodré (2014), Paulo Freire (2018), Grada Kilomba (2019), bell hooks (2017), Nilma Lino Gomes (2019), Zélia Amador de Deus (2019), entre outras/os autoras/es. Disponibilizar notas metodológicas pode auxiliar em uma reflexão crítica sobre novos caminhos epistemológicos para se pensar uma comunicação antirracista e/ou contra-hegemônica. Referências AMADOR DE DEUS, Zélia. Ananse tecendo teias na diáspora: uma narrativa de resistência e luta das herdeiras e dos herdeiros de Ananse. Belém: Secult/PA, 2019. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 65ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018. GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. 3 ed. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2019. Hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2 ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017. KILOMBA, Grada. Memorias de plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobodó, 2019. SODRÉ, Muniz. A ciência do comum: notas para o método comunicacional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
Título do Evento
VI Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia
Cidade do Evento
Belém
Título dos Anais do Evento
Anais do VI Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUSA, Raissa Lennon Nascimento. NOTAS METODOLÓGICAS: TRANÇANDO NOVAS EPISTEMOLOGIAS PARA PENSAR UMA COMUNICAÇÃO ANTIRRACISTA.. In: Anais do VI Encontro de Pesquisa em Comunicação na Amazônia. Anais...Belém(PA) PPGCOM UFPA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/epca2023/756878-NOTAS-METODOLOGICAS--TRANCANDO-NOVAS-EPISTEMOLOGIAS-PARA-PENSAR-UMA-COMUNICACAO-ANTIRRACISTA. Acesso em: 16/07/2025

Trabalho

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