A EXPERIÊNCIA DO GRUPO GAM EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Publicado em 31/05/2019 - ISBN: 978-85-5722-221-2

Título do Trabalho
A EXPERIÊNCIA DO GRUPO GAM EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Autores
  • DARIANE LIMA PORTELA
  • Etiene Silveira de Menezes
  • Janaína Quinzen Willrich
  • MARIA CAROLINA DA COSTA PINHEIRO
Modalidade
Resumo expandido - Apresentação oral
Área temática
EIXO B - Incidências da estratégia GAM nos territórios: concepções e práticas
Data de Publicação
31/05/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137763-a-experiencia-do-grupo-gam-em-um-centro-de-atencao-psicossocial-na-regiao-sul-do-rio-grande-do-sul
ISBN
978-85-5722-221-2
Palavras-Chave
Enfermagem, saúde Mental, serviços de saúde mental, reabilitação psicossocial.
Resumo
INTRODUÇÃO: A estratégia de cuidado denominada de Gestão Autônoma da Medicação (GAM) consiste em promover espaços terapêuticos de “empoderamento” dos usuários em relação ao uso de seus medicamentos, e reflexão sobre sua qualidade de vida. A partir dessa estratégia tende-se a contribuir com o fortalecimento das relações de poder, objetivando que o usuário seja sujeito ativo do seu tratamento e processo de cuidado (SANTOS, 2014). Esse dispositivo de cuidado, surgiu em 1993 no Canadá por meio de uma ferramenta (Guia GAM), com o intuito de efetivar a participação dos usuários nas decisões acerca de suas medicações. O Guia GAM chegou ao Brasil em 2001, passou por algumas adaptações e já foi aplicado em alguns centros de atenção psicossociais (ONOCKO-CAMPOS et al. 2012). OBJETIVO: relatar a experiência da implantação do dispositivo do Guia GAM sob a forma de grupo terapêutico em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tipo II na cidade de Pelotas, na região Sul do Rio Grande do Sul. MÉTODO: trata-se de uma pesquisa ação, de implantação de um espaço terapêutico de produção de cuidado através da utilização do Guia da Gestão Autônoma da Medicação. A criação desse espaço foi possível, tendo em vista a parceria existente entre a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas e o serviço de saúde mental. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da UFPel sob nº 2.792.514, CAAE: 91704318.6.0000.5316. A implantação do grupo tem o objetivo de acompanhar as experiências de gestão autônoma da medicação, identificar as potencialidades e fragilidades das atividades permeadas pela utilização do guia, discutir os ganhos em qualidade de vida produzidos a partir das experiências dessa estratégia de cuidado, conhecer as dificuldades presentes na relação dos usuários de saúde mental com a sua medicação e auxilia-los a estabelecer uma relação mais autônoma com a medicação. O grupo teve início em setembro de 2018, tendo ocorrido até o presente momento, quatro encontros. Seu funcionamento é quinzenal e tem a duração de aproximadamente uma hora. Os participantes foram selecionados por meio de sugestão dos profissionais do serviço e a partir disso, foram convidados a participar. Para a seleção dos mesmos foram respeitados os seguintes critérios, de inclusão: usuários em acompanhamento a pelo menos três meses no serviço; de exclusão: usuário não apresentar funções cognitivas e comunicativas necessárias ao propósito do grupo. RESULTADOS: Embora a implantação do grupo GAM seja ainda muito recente, alguns resultados já podem ser observados. Os participantes do grupo são em número de nove, sendo sete homens e duas mulheres. Junto deles participam dois mediadores, que foram escolhidos previamente e que funcionam de maneira rotativa, havendo a participação de funcionários do serviço e representantes da Faculdade de Enfermagem. Nesses primeiros grupos pode-se constatar o interesse dos usuários em poder falar a respeito do uso de suas medicações, conhecer efeitos colaterais e a necessidade de seu uso. Também percebe-se que o discurso dos usuários é bastante vinculado a obrigatoriedade do uso de medicamentos, e que o uso destes é que determina se estarão bem ou não, em relação a sua saúde. Vale ressaltar que no discurso dos usuários, a patologia apresenta um lugar de destaque sendo, muitas vezes, mais importante que o próprio sujeito e isso faz com que o medicamento surja como “alívio” para todos os problemas existentes, o que faz com que acreditem que somente pelo uso da medicação seja possível o convívio em sociedade. Visivelmente atribuem a melhora de sua condição de sofrimento a uma crença quase “divina” do uso da medicação, mesmo que reconheçam as ações não-farmacológicas como espaços de protagonismo e de produção de vida. Isso é corroborado por Zanella e Luz (2016) quando trazem à reflexão pontos importantes relacionados à temática da medicalização. Como por exemplo, a questão de quão o sujeito sofredor de um transtorno mental fica vinculado ao tratamento medicamentoso, o qual lhe parece ser o principal recurso disponível para sua recuperação. Em suma, ainda que de forma inicial, já é possível perceber que o grupo de gestão autônoma da medicação gera os primeiros movimentos de desacomodação dos sujeitos, produzindo a construção de questionamentos quanto aos temas abordados no guia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Desse modo, compreende-se que a implantação do grupo de Gestão Autônoma da Medicação está proporcionando um espaço potente de discussões e reflexões, motivando e empoderando os usuários a pensarem a respeito de suas realidades e suas estratégias terapêuticas. Pode-se observar que esse recurso terapêutico, apresenta a possibilidade de o usuário relacionar-se com a medicação de modo a apropriar-se desse assunto. E isso permite que ocorra a negociação entre o usuário e o profissional de saúde quanto ao uso do medicamento, favorecendo que as decisões possam ser tomadas de forma compartilhadas, proporcionando, assim, a autonomia e protagonismo do usuário perante seu tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ONOCKO-CAMPOS, R.T, et al. Adaptação multicêntrica do guia para a gestão autônoma da medicação. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, p. 967-80, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v16n43/aop4412.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018. SANTOS, D.V.D. A Gestão Autônoma da Medicação: da prescrição à escuta. 2014. 288p. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas, 2014. ZANELLA, M; LUZ, H. H. V. Medicalização e saúde mental: estratégias alternativas. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, n.15, p.53-62, 2016. Disponível em: <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/02/Michele-Zanella.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2018.
Título do Evento
Encontro Internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Cidade do Evento
Santa Maria
Título dos Anais do Evento
Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PORTELA, DARIANE LIMA et al.. A EXPERIÊNCIA DO GRUPO GAM EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL.. In: Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação. Anais...Santa Maria(RS) UFSM, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137763-A-EXPERIENCIA-DO-GRUPO-GAM-EM-UM-CENTRO-DE-ATENCAO-PSICOSSOCIAL-NA-REGIAO-SUL-DO-RIO-GRANDE-DO-SUL. Acesso em: 04/05/2025

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