GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GUIA GAM): UMA EXPERIÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS

Publicado em 31/05/2019 - ISBN: 978-85-5722-221-2

Título do Trabalho
GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GUIA GAM): UMA EXPERIÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS
Autores
  • Juliana de paula daniel
  • Lais Quevedo Siqueira
  • Bianca Gonaçalves de Carrasco Bassi
  • Fernanda Altermann Batista
Modalidade
Resumo expandido - poster
Área temática
EIXO B - Incidências da estratégia GAM nos territórios: concepções e práticas
Data de Publicação
31/05/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137676-gestao-autonoma-da-medicacao-(guia-gam)--uma-experiencia-em-saude-mental-no-municipio-de-santa-mariars
ISBN
978-85-5722-221-2
Palavras-Chave
Saúde mental, Gestão autônoma da medicação, Medicação psiquiátrica.
Resumo
INTRODUÇÃO: A Gestão Autônoma da Medicação (Guia GAM) teve início em 1993, em Quebec (Canadá), sendo uma estratégia desenvolvida pelos usuários nos serviços alternativos de saúde mental. A GAM tem como objetivo resgatar a participação ativa dos usuários nas decisões sobre seu tratamento, repensando, assim, outras formas de tratamento possibilitando descobrir outras maneiras de lidar com o sofrimento mental além dos medicamentos psiquiátricos (PASSOS et al., 2013). O Guia criado e implantado em Quebec é composto por seis passos sendo que cada passo aborda um tema específico que vai desde a apresentação pessoal até informações sobre os medicamentos psiquiátricos mais comumente usados em psiquiatria. O último passo é a retirada gradativa e total da medicação. A adaptação para versão brasileira do guia GAM deslocou o foco da retirada ou redução do medicamento, para o da negociação. Negociação entre usuários, equipe ou médico de referência para a definição do melhor tratamento (CAMPOS et al., 2012). Nessa temática, o presente trabalho apresenta e problematiza os desejos de alguns usuários que participam de um grupo GAM do município de Santa Maria, de diminuição e/ou retirada da medicação e a discussão a respeito dessa situação no contexto brasileiro. OBJETIVO: Discutir e problematizar sobre a prática dos grupos GAM e a diminuição e/ou retirada do medicamento psiquiátrico das pessoas com sofrimento mental. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência da prática diária de um grupo GAM- Gestão Autônoma da Medicação abordando o desejo de alguns usuários participantes do grupo com relação a diminuição e/ou retirada total da medicação atrelada aos processos de trabalho e do próprio cotidiano de um serviço de Atenção Psicossocial- CAPS II. Foram realizados 40 encontros no CAPS e 36 encontros no território até o momento, na cidade de Santa Maria/ RS, nas as quartas-feiras, com duração de 1hora e 30 minutos no turno da manhã, entre os anos de 2017 a 2018. O grupo constituiu-se de forma fechada e heterogênea, contando com a presença em média de 4 a 12 participantes. Em 2017, seguiu literalmente as propostas e os estudos dos passos do guia GAM. Em 2018, observava-se os usuários mais empoderados e instigados quanto os passos do guia. Dessa forma, o grupo vem acontecendo com a moderação dos próprios usuários e com o desenvolvimento de metodologias voltadas ao lúdico, com reprodução de filmes, fazendo a leitura do guia e de outros livros da literatura brasileira e em alguns encontros apenas conversando sobre questões do CAPS referente a alguns usuários que estavam diminuindo a medicação e realizando a retirada da medicação por conta, sem auxílio dos profissionais, sem apoio dos familiares e sem uma rede de apoio. DISCUSSÃO: Muito se precisa avançar no modelo de atenção proposto a partir da Reforma Psiquiátrica quando constatamos que a medicação psiquiátrica tem ocupado um lugar central nas práticas de saúde mental e na vida das pessoas com sofrimento mental. De fato, os medicamentos psiquiátricos costumam representar a primeira e a principal resposta trazida às pessoas que consultam os serviços de psiquiatria e de saúde mental (RODRÍGUEZ DEL BARRIOZ et al., 2008). A experiência no trabalho com usuários que apresentam algum sofrimento mental grave, tornou visível as diferentes posições em relação ao uso de medicação: para alguns usuários, a medicação psiquiátrica contribuía para reduzir o sofrimento, embora frequentemente tenham sido necessários longos percursos de pedido de ajuda até que as pessoas conseguirem informações sobre o tratamento e a prescrição de doses adequadas e consequentes efeitos julgados positivamente pela pessoa. Também foi possível identificar pessoas que expressam o desejo de viver com menos medicamentos ou ao menos encontrar o tratamento ou as doses que permitiriam reduzir os efeitos secundários desses (GONÇALVES, 2013). E ainda pessoas que desejavam viver sem tratamento farmacológico e encontrar alternativas terapêuticas para lidar com seu sofrimento sem que causem algum prejuízo ou que entrem em crise. CONCLUSÃO: Será que os usuários e o Brasil estão preparados para a retirada dos medicamentos psiquiátricos? Alguns de nossos desafios em relação à implementação da estratégia GAM em uma CAPS II na cidade de Santa Maria- RS podem ser assim problematizados: Como está sendo utilizado o guia? Como investir em autonomia e cogestão a partir das práticas concretas dos serviços de saúde mental? É possível oferecer uma rede de suporte a partir das políticas públicas no campo da reforma psiquiátrica brasileira, aos usuários que evidenciam o desejo pela diminuição e/ou retirada total da medicação? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, Rosana Teresa Onocko et al. Adaptação multicêntrica do guia para a gestão autônoma da medicação. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, p. 967-980, 2012. GONÇALVES, L. L. M. A gestão autônoma da medicação numa experiência com usuários militantes da saúde mental.[Tese de Doutorado]. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Faculdade de Ciências Médicas, 2013. PASSOS, Eduardo et al. Autonomia e cogestão na prática em saúde mental: o dispositivo da gestão autônoma da medicação (GAM). Aletheia, v. 41, p. 24-38, 2013. RODRIGUEZ DEL BARRIO, L., PERRON, N., OUELLETTE, JN, Psicotrópicos e saúde mental: escutar ou regular o sofrimento? In : ONOCKO CAMPOS, R., FURTADO, J.P., PASSOS, E., BENEVIDES, R. (Orgs). Pesquisa Avaliativa em Saúde Mental: desenho participativo e efeitos de narratividade. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, p.125-151.2008.
Título do Evento
Encontro Internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Cidade do Evento
Santa Maria
Título dos Anais do Evento
Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

DANIEL, Juliana de paula et al.. GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GUIA GAM): UMA EXPERIÊNCIA EM SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS.. In: Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação. Anais...Santa Maria(RS) UFSM, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137676-GESTAO-AUTONOMA-DA-MEDICACAO-(GUIA-GAM)--UMA-EXPERIENCIA-EM-SAUDE-MENTAL-NO-MUNICIPIO-DE-SANTA-MARIARS. Acesso em: 04/05/2025

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