A PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E FAMILIARES NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: UM GRUPO GAM NO CAPSI DE VITÓRIA-ES

Publicado em 31/05/2019 - ISBN: 978-85-5722-221-2

Título do Trabalho
A PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E FAMILIARES NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: UM GRUPO GAM NO CAPSI DE VITÓRIA-ES
Autores
  • Luana Gaigher Gonçalves
  • Luciana Vieira Caliman
  • Janaína Mariano César
Modalidade
Resumo expandido - Apresentação oral
Área temática
EIXO C - Aberturas da GAM: outros domínios de intervenção
Data de Publicação
31/05/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137600-a-participacao-de-criancas-e-familiares-no-cuidado-em-saude-mental--um-grupo-gam-no-capsi-de-vitoria-es
ISBN
978-85-5722-221-2
Palavras-Chave
GAM, participação infantil, familiares
Resumo
Este trabalho visa apresentar algumas contribuições de uma pesquisa realizada no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi) de Vitória-ES (GONÇALVES, 2018), cuja direção era exercitar a participação de crianças e familiares nos tratamentos em saúde mental, a partir da proposição de um Grupo de Intervenção baseado na Gestão Autônoma da Medicação (GAM). Apesar dos avanços e conquistas da Reforma Psiquiátrica brasileira, a gestão da medicação é ainda uma prática que merece nossa atenção, visto que vem sendo atualizada nos serviços, muitas vezes, de maneira hierarquizada e centrada nas decisões do médico prescritor. As experiências vividas pelos usuários de saúde mental e seus familiares raramente são consideradas como um saber legítimo em relação ao tratamento, o que os impede muitas vezes de dizer, questionar e participar dos seus processos de cuidado. Poucos são os espaços de conversa e negociação frente as decisões do tratamento, gerando um distanciamento entre aqueles que detém o saber e podem decidir e aqueles que não participam por não terem suas experiências consideradas parte desse saber. Nesse contexto, a GAM é inserida no Brasil como uma estratégia que busca fomentar a ampliação da autonomia e o exercício da cidadania dos sujeitos que são historicamente silenciados e excluídos das decisões de seus tratamentos (PASSOS et al., 2013). Entretanto, se a participação de usuários e familiares não é algo trivial, quando estamos no campo saúde mental infanto-juvenil ela parece ainda mais desafiadora. Além dos engessamentos e barreiras impostas pela produção do diagnóstico de transtorno mental, as crianças também são marcadas por uma certa construção histórica de imagens que as compreendem como seres sempre em desenvolvimento, inocentes, incapazes de dizer de si e de sua experiência. Assume-se que elas não estão aptas para decidir ou mesmo participar das decisões que lhes dizem respeito – estas precisam ser feitas por um adulto. E, se por um lado, essas características e contornos atribuídos às crianças possibilitaram seus direitos de proteção, por outro, acabaram gerando limites à participação infantil em seus processos de cuidado. Como, então, incluir e fazer valer o ponto de vista das crianças nas decisões do tratamento? Como aquelas que não são vistas como tendo condições de responderem por si podem ter direito à participação e autonomia (GONÇALVES, 2018)? A proposta da pesquisa, foi, portanto, construir um espaço de escuta e acolhimento das experiências de usuários e familiares, de forma que elas pudessem contar efetivamente nas negociações e decisões do tratamento – de forma que esses sujeitos pudessem participar. Apostou-se na criação de um Grupo GAM, do qual fizeram parte pesquisadores universitários, familiares de crianças acompanhadas pelo CAPSi e trabalhadores do serviço. Como não havia registro de trabalhos envolvendo a GAM com o público infanto-juvenil (a estratégia foi construída e experimentada com adultos), optou-se pelo formato de Grupos de Intervenção com familiares (GIF), considerando que também para o familiar são raros os espaços participativos e de partilha da sua experiência. Contudo, o desafio ainda persistia: como construir processos participativos com crianças a partir de um grupo com familiares? Foi ao longo do processo grupal que este problema pode ser dissolvido. A estratégia GAM visa, justamente, intervir na trama de relações que envolvem o cuidado em saúde mental, considerando que há sempre ressonâncias entre as experiências. Logo, o que cuidamos em um grupo são sempre relações. O Grupo no CAPSi, portanto, não era restrito à experiência dos familiares. Através do manejo grupal foi possível experimentar algumas intervenções na relação dos participantes com as crianças, a partir do cultivo/acesso da experiência de participação infantil. Além disso, como as perguntas do Guia GAM são direcionadas à experiência usuários, os participantes (familiares e trabalhadores) eram convocados a responderem às questões pensando em como os crianças responderiam, um exercício de deslocamento e ampliação dos pontos de vistas. Por fim, fomos surpreendidos pelas próprias crianças entrando na cena, participando e reconfigurando o grupo no CAPSi. Ao acessar e incluir a experiência infantil de participação no GIF foi possível, então, produzir deslocamentos e fissuras nos pontos de vista dos familiares, profissionais e pesquisadores, bem como modulações nas práticas de cuidado entre adulto e criança. Como efeito, diferentes imagens ou modos de experimentar a infância em sua singularidade tornaram-se possíveis; formas de relação com a infância, com o cuidado, com o próprio diagnóstico e com gestão da medicação puderam ser equivocadas e reinventadas. Referências CARVALHO, R. S. D; SILVA, A. P. S. A participação infantil em foco: uma entrevista com Natália Fernandes. Psicologia em Estudo. Maringá. v. 21, n. 1. 2016. Disponível em < http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/PsicolEstud/article/view/28430/pdf>. COUTO, M. C. V.; DELGADO, P. G. G. Crianças e adolescentes na agenda politica da saúde mental brasileira: inclusão tardia, desafios atuais. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, vol. 27, n.1, 2015, p. 17 – 40p. GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO – Guia de Apoio a Moderadores. Rosana Teresa Onocko Campos; André Passos; Analice Palombini et al. DSC/FCM/UNICAMP; AFLORE; DP/UFF; DPP/UFRGS, 2014. Disponível em: http://www.fcm.unicamp.br/fcm/laboratorio-saude-coletiva-e-saudemental-interfaces GONÇALVES, L. G. A participação de crianças e familiares no cuidado em saúde mental: um grupo GAM no CAPSi de Vitória-ES (dissertação de mestrado). Universidade Federal Do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais, Programa de Psicologia Institucional: UFES, 2018. PASSOS, E., et al. Autonomia e cogestão na prática em saúde mental: o dispositivo da gestão autônoma da medicação (GAM). Aletheia, Canoas , n. 41, p. 24-38, ago. 2013. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942013000200003&lng=pt&nrm=iso>.
Título do Evento
Encontro Internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Cidade do Evento
Santa Maria
Título dos Anais do Evento
Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONÇALVES, Luana Gaigher; CALIMAN, Luciana Vieira; CÉSAR, Janaína Mariano. A PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E FAMILIARES NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: UM GRUPO GAM NO CAPSI DE VITÓRIA-ES.. In: Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação. Anais...Santa Maria(RS) UFSM, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/137600-A-PARTICIPACAO-DE-CRIANCAS-E-FAMILIARES-NO-CUIDADO-EM-SAUDE-MENTAL--UM-GRUPO-GAM-NO-CAPSI-DE-VITORIA-ES. Acesso em: 01/05/2025

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