CO-GERIR COM CRIANÇAS: A (CO)GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) EM EXPERIMENTAÇÃO NA SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL

Publicado em 31/05/2019 - ISBN: 978-85-5722-221-2

Título do Trabalho
CO-GERIR COM CRIANÇAS: A (CO)GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) EM EXPERIMENTAÇÃO NA SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL
Autores
  • Janaína Mariano César
  • Luciana Vieira Caliman
  • Alana Araujo Corrêa Simões
  • FERNANDES, Anita Nogueira
  • PIANCA, Victoria Bragatto Rangel
  • GONÇALVES, Luana Gaigher
  • PARTELLI, Merielli Campi
  • SELVATICI, Adrielly
Modalidade
Resumo expandido - Apresentação oral
Área temática
EIXO C - Aberturas de novas abordagens em saúde mental: outros domínios de intervenção
Data de Publicação
31/05/2019
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/132661-co-gerir-com-criancas--a-(co)gestao-autonoma-da-medicacao-(gam)-em-experimentacao-na-saude-mental-infantojuvenil
ISBN
978-85-5722-221-2
Palavras-Chave
PALAVRAS-CHAVE: GAM; saúde-mental; infância; cogestão.
Resumo
No campo da saúde mental, o desafio da medicação encontra novos contornos na relação com o público infanto-juvenil. Estes sujeitos são marcados historicamente por uma grave experiência de tutela, sustentada por uma tradição na qual a criança é vista como “incompleta” e “em desenvolvimento”. Como efeito, crianças e jovens tendem a ser ainda mais excluídos da negociação e decisão sobre o seu próprio tratamento (COUTO, 2004). Assim, ao aproximar-se das questões que envolvem a gestão do cuidado e da medicação na saúde mental infanto-juvenil na Reforma Psiquiátrica brasileira, o grupo de pesquisa Fractal, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), trabalhou na proposição, entre 2015 e 2017, da Oficina da Palavra: um dispositivo de pesquisa-intervenção inspirado nos princípios da Estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM). Participaram da oficina crianças e adolescentes (usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPSi), as quais, em sua maioria, faziam uso de medicamentos psicotrópicos), além das oficineiras – pesquisadoras da Ufes e uma psicóloga do serviço. Neste trabalho buscamos analisar a construção e percurso da oficina, que teve como direção o exercício ético-político da cogestão e as pistas que nos auxiliaram no trabalho com crianças e não sobre elas. Pontuamos a cogestão a partir de suas dimensões macro e micropolítica (BRASIL, 2009), acentuando a capacidade dos sujeitos de participarem das políticas e dispositivos montados e dos processos sutis que trans(formam) o cotidiano. Como efeito a construção de uma autonomia coletiva que implica: espaços de conversa e negociação de pontos de vista e partilha de decisões. Mas como praticar cogestão e autonomia com crianças? Especialmente aquelas inseridas no cuidado em saúde mental? No Guia de apoio aos Moderadores GAM (2014), lemos que cogerir e gerar autonomia demanda deslocamentos operacionais quanto aos dispositivos concretos; no nosso caso, exigia também operar com outro olhar e manejo com a infância. Uma primeira pista metodológica, portanto: operar processos de cogestão e autonomia com crianças solicita outra política da infância; perspectivando as crianças como legítimos participantes. A Oficina solicitava uma atenção ao que as crianças diziam em seus gestos, sons, afetos, linguagem e movimentos. O que exigia um desaprendizado (das participantes) das linguagens dominantes, do ouvir somente por palavras, das rápidas interpretações, e uma aprendizagem que dê passagem ao encontro com uma experiência infantil desconcertante, imprevista, ativa. Apostávamos que o cultivo laborioso desse cuidado permitiria operar uma tática participativa, uma estratégia de resistência, frente à sujeição, à infantilização e normalização sofridas pelas crianças. Outra pista neste processo: a experimentação da conversa. Recorrentemente íamos ao encontro da criança, interessávamo-nos por como ela via e sentia o que se instalava. Conversávamos. A conversa foi se tornando nosso modus operandi por excelência, que exercitava o rompimento com dois movimentos que desafiam as experiências participativas: decidir pelo outro, não incluindo-o; ou abandoná-lo, deixando-o só na tomada e sustentação de uma posição solitária e independente. Ao contrário, conversar implica os sujeitos nas questões, nos acontecimentos e seus destinos, mas sem retirar-se, gerando uma composição. A cogestão surgia na oficina como um ethos (SELVATICI, 2018), entendendo que o atrevimento à conversa com crianças e a acolhida da improvisação necessária, das movimentações inquietas, das pactuações e repactuações com estas, acaba por produzir transformação em todos. Além disso, é a partir desse exercício que é possível experimentar a produção de autonomia – quando há acolhimento, validação e legitimação da experiência do outro. Dessa forma, essa experiência permitiu que encontrássemos novos arranjos para o cultivo dos princípios fundamentais da Estratégia GAM e uma recriação desta como oficina de expressão, entendendo que somente assim a GAM afirma sua potência: em sua capacidade de ser reinventada a cada experiência situada. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Gestão participativa e cogestão / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. COUTO, M.C.V. Por uma política pública de saúde mental para crianças e adolescentes. In: Ferreira T. (Org). A criança e a saúde mental: enlaces entre a clínica e a política. Belo Horizonte: Autêntica/FHC-FUMEC, 2004. p. 61-74. GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO – Guia de Apoio a Moderadores. CAMPOS R. T., PASSOS E. , PALOMBINI A, et al. DSC/FCM/UNICAMP; AFLORE; DP/UFF; DPP/UFRGS, 2014. SELVATICI A. Cogestão e conversa: cultivar margens por entre as rachaduras dos muros. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Psicologia Institucional, UFES, 2017.
Título do Evento
Encontro Internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Cidade do Evento
Santa Maria
Título dos Anais do Evento
Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CÉSAR, Janaína Mariano et al.. CO-GERIR COM CRIANÇAS: A (CO)GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) EM EXPERIMENTAÇÃO NA SAÚDE MENTAL INFANTOJUVENIL.. In: Anais do encontro internacional da Gestão Autônoma da Medicação. Anais...Santa Maria(RS) UFSM, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/encontrointernacionalgam/132661-CO-GERIR-COM-CRIANCAS--A-(CO)GESTAO-AUTONOMA-DA-MEDICACAO-(GAM)-EM-EXPERIMENTACAO-NA-SAUDE-MENTAL-INFANTOJUVENIL. Acesso em: 24/06/2025

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